quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O "nosso" Robinson Crusoe


E eis quando senão, a nossa família hippie favorita das redondezas nos entra pela casa adentro com honras de reportagem especial na SIC! Alguns foram mais apanhados de surpresa, outros nem tanto e alguns nada mesmo porque já sabíamos/suspeitávamos/tínhamos ouvido falar que a coisa estava para se dar.

“Conheça um paraíso fora-da-lei em pleno Alto Alentejo, perto de Marvão, onde uma família alemã vive numa ecologia radical na qual só vigoram as leis de Deus e da natureza…”.

Brilhante, a peça jornalística de Hugo Alcântara ao traçar um retrato minucioso, amplo, profundo e isento sem nunca cair em paternalismos e em juízos de valor bacocos, revelando antes toda a complexidade desta matéria polémica.

Uma grande questão de fundo prevalece: “Será que a liberdade do nosso Estado de Direito permite uma liberdade tamanha?”.

Como não há nada como realmente, o Tio Sabi disponibiliza aqui a ligação para que todos possam visionar esta reportagem soberba sobre a “Família da Ilha do Paraíso” que está mesmo aqui ao lado. O clip está localizado aos 22 minutos e 15 segundos desta segunda parte do Jornal da Noite de 09-12-2008. It’s free!

Não perca então, a história insólita da família de Reinhold Schweikert, o jovem membro de uma banda punk alemã que experimentou a vertigem do rock’n’roll lifestyle e quando à beira do caos, decidiu abandonar a civilização e passar a viver em paz e em perfeita harmonia com a natureza… em Marvão.

PS: Não comem carne, só se alimentam de vegetais crus que produzem, nem herbicidas sequer usam, mas não falta o portátil com acesso à net… que utilizam com uma cortiça a servir de escudo para evitar as radiações. Lindo! Sai um Óscar para o melhor documentário, ó fachavor!

15 comentários:

Unknown disse...

Olá!
Em primeiro lugar quero dizer que vi atentamente a reportagem da "familia na ilha paraiso", adorei e fiquei fascinada com a filosofia de vida desta familia!
Foi uma reportagem bastante interessante e fez-me pensar...andamos nós, "cidadãos comuns" a preocuparmo-nos e a lamentarmo-nos com a "miserável" vida que levamos e esta familia com apenas os recursos que possui da natureza e os próprios recursos interiores (amor, paixão, atenção, cuidado, inteligência, motivação, entre outros) conseguem tornar a sua vida feliz e com sentido, com algo a conquistar e com vontade de viver sempre (até ao 150 anos, como diz o "chefe" da familia)!Apesar de toda a filosofia "natura" houve uma questão que me questiono, ao nível da crianças!
O "chefe" disse: "as crianças aqui aprendem o que é necessário". Pensei, na altura, que "desumano"! Estas crianças deveriam ir à escola, aprender, socializar, brincar...mas depois, pensei, realmente(!), nós, que estudamos durante anos, não aprendemos grande coisa, apenas começamos a apreender qualquer coisa quando nos inserimos no mundo do trabalho!Mas isto acontece aos cidadãos comuns!Estas crianças não necessitam de aprender mais do que aquilo que vão necessitar na sua vida...a filosofia "natura". Não existe necessidade de socializar com membros de outros grupos, basta os individuos que fazem parte da sua comunidade!E acreditem, aposto que aquelas crianças são bastante felizes, protegidas e acarinhadas! Não sei se estou a pensar correcto! Mas acreditem que fiquei com uma ideia bastante positiva acerca da vida que levam!
Passou também na reportagem, a questão da CPCJ já ter tido conhecimento da situação. Como todos sabemos a nossa lei não permite certas e determinadas coisas. Como por exemplo, as crianças portuguesas têm de ir À escola... E AGORA?
Como vai a lei actuar nesta situação? As crianças da comunidade nunca foram e não irão à escola, segundo a filosofia deles!
Será justo? Será justo existir uma medida de promoção e protecção junto destas crianças, quando se verifica que estas crianças estão em perfeita harmonia,felicidade e bem-estar nesta comunidade!
Gostaría de obter algum comentário!OBRIGADO.

E muitas felicidades para a familia, quem sabe um dia, faço uma visita!

Anónimo disse...

Olá! Vi a reportagem também e fiquei pensativa.. É claro que é muito bom viver assim, tomara todos nós conseguirmos alhearmos da qualidade de vida que temos e podermos viver apenas do que a natureza nos dá. Mas existe um senão.. O pai experimentou o que é viver na cidade, e tem essa noção da realidade. Aquelas crianças nunca saberão viver em comunidade, não tiveram essa opção. Simplesmente cresceram com essa perspectiva de vida. E quando tiverem de lidar com a civilização vão ter bastantes problemas em se adaptar a esses confrontos com as pessoas.
Não é normal no séc.XXI ainda existir, crianças privadas de crescer no meio das pessoas e da indústria, por mais que a poluição e o stress, e a contaminação dos alimentos seja má para a saúde, o estilo de vida deles também é afectado por estas condições em que o mundo está. Senão vejamos, os alimentos que eles comem vêm da terra, terra esta que recebe chuva, chuva que vem poluída das cidades com os gases emitidos todos os dias pelos carros e pelas fábricas.
E como se pode ver mais no fim, a segurança Social demora a agir mas quando agir estas crianças vão ter que ir para a escola, e não há nada que o pai possa fazer contra isso.. É normal uma criança saber o que é um chocolate, uma criança brincar com novas que vai conhecendo, o mundo não são só aqueles dois hectares..
Foi belo até aqui, mas elas agora vão sofrer com todas as mudanças que se avizinham. Pensam que os jornalistas ao fazerem esta entrevista queriam promover este estilo de vida? Não.. Apenas quiseram uma reportagem, e nem pensaram nas consequências que esta família vai ter quando a lei começara cobrar deles...

Mas é claro que todos queríamos viver assim... Temos tudo o que é preciso para ser feliz... E quem não quer ser feliz??

Anabela disse...
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Anabela disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anabela disse...

Olá Pedro.

Queria agradecer o facto de teres disponibilizado aqui a reportagem; já deu um jeitão. Só tive conhecimento da entrevista através da "turtúlia" matinal ao pequeno-almoço no café do costume. Fiquei preocupada com o que lá ouvi e decidi pois, tirar as minhas próprias conclusões e já podes imaginar: nada a ver. A reportagem deixou-me encantada, embora sendo portuguesa não fazia a mínima ideia que algo assim existisse no nosso país.
Um aplauso para ti pelo interesse, e outro para a Família da Ilha Paraiso.
Obrigada!

Maria Ferreira disse...

Há muito que idealizo esse estilo de vida como o mais adequado à nossa natureza humana.
Afinal, embora racionais, somos animais. Animais condenados à escravidão da tecnologia e ao preenchimento subconsciente de vazios existenciais com compras de produtos que a sociedade nos tenta impingir. E, se o objectivo da vida é a felicidade para quê torturar essas crianças numa sociedade corrupta?
Agradeço que me informem quem devo contactar para chegar à Ilha Paraíso e desfrutar de uma semaninha quando o tempo melhorar... Os meus parabéns e as maiores felicidades à família da Ilha Paraíso.

Garraio disse...

Também considero que esta é uma extraordinária reportagem. Parabéns, Hugo. Grande trabalho.

Este tema é delicadíssimo, e fiquei sem saber realmente qual é a minha opinião sobre o assunto. Acho que será um tema excelente para um grande debate.

Todos nós podemos, ou pelo menos devíamos poder escolher o nosso estilo de vida. Com as crianças, o tema é outro. Não sei se elas poderão ser "prisioneiras" da vontade dos adultos.

Mais tarde ou mais cedo chegará o dia em que a curiosidade própria da natureza humana,levará estes meninos a "saltar o muro" para o lado de cá.

E muito me temo que, nesse momento aquela que foi agora apelidada de "ilha paraíso", tornar-se-á numa "ilha pesadelo" para esta comunidade.

Nessa altura,

Amparo Losana disse...

Pois, é tudo muito bonito mas não me pareceu que o jornalista tenha feito uma reportagem de uma forma descomprometida e imparcial, mas bem tendenciosa, denunciadora e com tom acussatóriao para além de não ter feito uma "pesquisa" exaustiva., como por exemplo o demostra nos seguintes pontos:

1º Em Portugal é permitido a opção de ensino doméstico

2º As vacinas não são obrigatórias.

Garraio disse...

Entonces, er duende, va a ser que hay dos Portugales.

En el mío no es como dices... ;)

Jaime Miranda disse...

Viva. Muito boa a reportagem que o amigo Sabi afixou no seu estabelecimento. Verdadeiro serviço público.
O caso é curioso, embora não seja insólito. O nosso país está cheio de freaks, punks e rastas desterrados, que procuram o seu paraíso na nossa Babilónia. Normalmente vêm de países civilizados da Europa, são nómadas e não colocam grandes problemas de convivência social. O caso aqui documentado revela a história de trabalho, fé e loucura, de uma família destes franciscanos planetários, que se estabeleceu na nossa terra.
Reinhold Schweikert, a sua família e os seus amigos, são radicais quanto aos ideais que perfilham e à maneira de os viver e transmitir. O quotidiano que a reportagem nos mostra é um caso de disciplina extrema à volta dos dogmas apresentados pelo patriarca: cozinhar os alimentos faz mal à saúde, as doenças são a recuperação do corpo e centenas e outros salmos que fazem parte da liturgia em que se transformou a sobrevivência destas pessoas. O Deus destas pessoas é a Natureza, construíram o seu templo à volta de uma figueira chumba e celebram as suas eucaristias com vinho e pão cru. Isto é irónico mas estas pessoas acreditam, como todos nós, que a sua felicidade depende da possibilidade de colocar os seus ideais em prática.
Não tenho nada contra estas formas libertárias de vida. Cada um faz o que quer, desde que isso não interfira com os direitos dos outros. Por isto, tenho sempre dificuldade em elogiar estas opções de vida ou fazer juízos de valor sobre a legitimidade destas pessoas para não cumprirem obrigações que nós consideramos básicas, como levar os filhos à escola ou vaciná-los. Eu não o faria, porém se os responsáveis destas crianças acreditam que as suas ideias de educação ou de saúde estão certas e mostram dar bons resultados, devem poder fazê-lo.
A reportagem, quanto a mim, não conseguiu ser isenta de um certo moralismo, quando nos esclarece no fim que, embora não exista Comissão de Protecção de Menores em Marvão (porque, simplesmente, não faz falta), o caso foi sinalizado à Segurança Social em Abril. As instâncias que existem para proteger os menores do perigo de abusos, devem actuar quando existem razões fundadas e não apenas suspeitas de situações de risco. Nestes casos devem averiguar, acompanhar e dispor-se a prestar apoio e a garantir que existem condições para o desenvolvimento normal das crianças.
Apesar de defender a intervenção do estado em muitas áreas da vida privada, como garantia da defesa dos direitos de todas as pessoas, tenho sempre muitas dúvidas quando essa intervenção se faz em nome de princípios subjectivos, de avaliação muito difícil, como é o caso. Na área social acho que não há verdades incontestáveis nem leis perfeitas e a actuação das instituições deve-se orientar por princípios, com provas de eficácia dada. Acho razoável a teoria que defende que a intervenções dos técnicos da área social devem ser mínimas e a abordagem deve partir sempre de referências existentes no contexto em que os problemas são identificados. Isto pode parecer uma balela, mas é o que defende quem percebe do assunto. Sei de fonte segura que o caso da família Schweikert já foi avaliada pela Segurança Social e até apresentada em acções de formação de técnicos da área social. Espero que a prudência permita que esta comunidade não seja prejudicada por pressões ou preconceitos exteriores. Oxalá consigam manter-se e provar que a sua filosofia é boa e dá bons resultados. Temo, porém que a exposição mediática a que se submeteram seja o sinal de que os ideais de Reinhold não são assim tão puros e a influência do exterior comprometa as condições de vida neste “paraíso”, acabando por torná-lo insustentável

terlamonte disse...

Quem quer ter uma opinia fundada sobre este caso faça uma tradução dos textos em alemão do blog do senhor Reinhold, já que a parte em português só mostra o lado "bonito" das filosofias.
Para mim parece mais uma ilha do inferno e tenho pena das ciranças que crescem num ambiente paranoico e cheio de odio para mulheres.

Amparo Losana disse...

Estimado Sr. Garraio.

Eu já me informei, o senhor é que não parece estar esclarecido sobre o asunto.
Ah! e Portugal só ha um, mas não acho que seja seu.

Goyi disse...

Andava eu por aquí perdida, tenho tido pouco tempo e agora encontro-me com esta história que me faz lembrar uma muito similar que aconteceu em Valencia, lá pelos anos setenta e tal.

Chagaram una famila formada por um casal, dois filhos, que depois foram cuatro, e penso que por temporadas, a maè dela.
Eram os dois universitarios ,vinhan do norte de Espanha e fartos do mundo civilizado, decidiram vender tudo o que tinham, e dar uma volta radical de 360 graos as suas vidas.

Aquela gente vivía da terra, dos animais, cuatro galinhas, umas ovelhas, una horta, umas vaquitas, muitos caès, gatos... A "casa" estava justo onde vocês e nós queremos que saía a ponte que nos una.... o muito perto, na zona chamada Batán... conhecem, nao?, ao pé do rio, sem condiçoes nenhumas de higiene, nem agua potavel,nem luz... etc... .

Pasaram aquí uns dez anos ou mais, e aquilo que num principio era o cèu, passou a ser o inferno para a maè e as crianças (principalmente).
Obrigaram a trazer os meninos à escola ( os serviços sociaciais) e entao o Joao teve de comprar uma carrinha, vinha todos os días e comenzou a facer amizades dentro do mundo "pseudo hippie" cá da minha terra.... ;: unos porritos ( charros???), marihuana que cultivaba na horta, depois toma-la un wiski, que isto nao faz mal, se calhar mais alguma sustáncia..... adoró a nossa terra e a nossa vila, e todos gostábamos deles, jovens e velhotes. Eram simpáticos, a sua casa estava sempre cheia de amigos de todo lados, as crianças cresceram e fizeram amizades em Valencia, queríam vir cá ter com eles, ir ao cinema, nao queríam vestir só de farrapos , como os pais, e gostaram do chocolate español assim que o provaram ( que é muito bom).... nao eram parvos, os meninos... etc. etc....

Os pais dela vieram um día, nao para pasar umas ferías, eram gente com muito dinheiro, pegaram na filha e nos netos e nunca mais apareceram, nem soubemos deles.... O Joao, sozinho, tambem acabou por ir embora..... agora trabalha de profesor numa universidade do Norte.

Esta, a vossa da familia alemá, é uma historia que probavelemente acabe nos mesmos termos o parecidos que a nossa.....

Seja como for, desejo-lhes felicidade, todos tenemos derecho a intentar ser diferentes...... otra cosa es conseguirlo.... e tempo ao tempo!.

Besitos navideños, cheios de saudades!

Unknown disse...

qual o nome da banda que reinhold schweikert tocava?

Robson Lima disse...

Amigos, aqui em Castelo do Piuaí/Brasil, ficamos sabendo da Ilha do Paraíso, foi transmitido pela TV Rede Record e também pela Record News. Foi reprisada várias vezes, tamanho o sucesso da reportagem. No momento das gravações, uma equipe de assistentes sociais chegou ao local, mas não quis gravar entrevista. Nos comentários acima percebi que nas entrelinhas a reportagem da TV portuguesa foi na verdade uma denúncia, aqui no Brasil foi a revelação de estilo europeu primitivo, resgatado por esta família.
Um abraço amigo Pedro e a todos os irmãos de Marvão...
Estou com saudades de nosso povo marvanense...