terça-feira, 2 de junho de 2009

Quando falta o tempo…

O Atlântico como eu o vi, em Parnaíba... como nunca antes o tinha visto. Imenso, gigantesco, tão cheio de água, com um sol enorme a fundir-se a norte, bem no coração da terra. Foi neste horizonte que caiu o A330.

Falta-me o tempo para escrever… para dizer… para contar tanta coisa boa que me tem acontecido nestes dias…

Corro da Câmara para a Pós-Graduação, dos encontros de família para o estudo, dos amigos para os compromissos institucionais em que se tem mesmo de estar, dos eventos para o lar…

Pareço o Variações… quero estar em todo o lado sem nunca saber se chegarei a lado algum.

Quero tanto partilhar a alegria imensa de um Dia da Criança que me encheu o coração de sorrisos, gargalhadas e cumplicidades que hão-de durar a vida toda…

Mas falta-me tempo…

Entretanto… vou arranjando fotos, compilando emoções, articulando memórias para que possa quanto antes postá-las nesta janela para o mundo.

Pelo meio e entrementes, há coisas que me comovem…

Como ver os rostos, os projectos, as expectativas dos passageiros do malfadado voo do Rio para Paris que terminou abruptamente no meio do Atlântico.

Uma coisa é ouvir falar em vítimas. Essa, infelizmente, é uma realidade com a qual temos de lidar diariamente. Outra é conhecer-lhe as ambições, o querer, o seu lado humano.

Que dizer do maestro que sonhava numa fusão de sons e se preparava para mais um concerto de projecção na Europa?

Que dizer da cantora lírica que regressava para o estrelato europeu depois de umas férias com os seus no Brasil?

Que dizer dos pais que finalmente contavam conhecer a glória da Grécia Antiga com a filha, nuns dias de sonho que viraram pesadelo?

Que dizer da família que nunca viajava junta para, no caso de catástrofe, não perecerem todos? Havia a vida de lhes dar razão, levando a mãe e o filho, deixando o pai e a filha em terra…

Crianças e bebés…

Vidas interrompidas…

Eu também já passei por ali. Eu também já senti as turbulências características da zona de convergência equatorial, mas tive de me aguentar e fazer de forte, com ar normal, quando uns dormiam e outros sorriam como se fosse coisa habitual. Eu também senti o rabo a meter-se para dentro mas tive de fazer ar de duro, mesmo para os que olhavam em volta à espera de uma explicação. Sabia lá eu o que viria a seguir…

O destino é lixado porque por mais voltas que se lhe dê… acaba sempre por ter razão.

1 comentário:

Robson Lima disse...

É meu amigo, o destino nos reserva grandes momentos, bons ou ruins.Eu também não posso negar que me imaginei no lugar dessas vítimas, uma vez que fiz praticamente o mesmo trajeto, a mesma rota aérea. O que é pior é que parece que o avião foi abdusido. Os poucos destroços encontrados não são da aeronave. Um verdadeiro mistério.