Depois de uns muito agradáveis seis dias de férias a três, longe daqui, longe de tudo… sinto, mais do que nunca que regressar é difícil.
Ainda pensei que estando isto de restos, tudo seria mais fácil. Mas o povo, sempre sábio nos seus dizeres, bem diz que “o rabo (que fica para o fim) é sempre o mais difícil de esfolar”.
Nessa manhã de regresso, converso comigo e tento encontrar, apesar de tudo, motivos para sorrir. Relembro-me de todas as coisas boas que prevejo que me voltem agora a acontecer, o que de melhor se me perfila no horizonte mas ainda assim…
O ambiente que encontro à chegada, de desagregação, de luta fratricida, de sonho perdido deixam-me sempre desolado.
Às Portas de Ródão encontro uma funcionária que segue tranquila, apesar do atraso. Penso para comigo que se fosse noutro tempo, a calma não seria tanta… Paro o carro, cumprimento-a e ofereço-lhe boleia. Na conversa de circunstância mantida no caminho, apercebo-me que o atraso se deve a motivos familiares e concedo apesar de nem sequer ter pedido explicações ou tocado no assunto. Chegados à Câmara, cada um prepara-se para seguir o seu caminho quando uma amiga comum, residente na vila, a interpela do outro lado da rua e convida para um café no Manuel Ventura.
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Eu estava de costas mas presumo que lhe deva ter feito um gesto apontando para o relógio ou para mim, indicando que não era apropriado devido às circunstâncias.
A outra interlocutora, com a naturalidade e graça espontânea que todos lhe reconhecem, reage com ar de graça e dispara no segundo seguinte: “este?! Ai… este já não manda nada!”.
Eu sorrio, certamente com ar triste e digo entre dentes: “nunca tu falaste tão certo…”.
Até ela certamente arrependida da estocada que acabara de desferir, diz-me ao longe, “Ai ó Pedro, não me leves a mal que eu não disse com intenção”.
Eu sei que não disse. Eu conheço-a. Ela apenas disse sem pensar aquilo que todos sentem, incluindo eu. Por isso sorri de novo de soslaio e entrei pela casa grande a dentro.
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Ele há coisas difíceis de se lidar…
Ele há recepções que não se esquecem…
Um dos meus grandes trunfos de vida foi tentar sempre aprender e tirar do mal que me acontece, as melhor ilações possíveis. Do mau tirar apenas o bom e crescer até com isso. De alguma coisa me há-de servir.
1 comentário:
Ai, Pedro, como eu te compreendo! Já ajudei a criar varias coisas, já trabalhei e participei em várias iniciativas, sempre no sentido de dar o melhor de mim e fazer o melhor possivel em prol sobretudo dos outros ( curioso que até hoje sinto que só agora estou a fazer algo para mim mesmo e que me faz sentir bem )e tanta mas tanta vez que a incompreensão e a falta de reconhecimento se manifesta ! Mas fica no entanto a certeza de que, ao fazermos, nos sentimos vivos e aquilo que fazemos e por que llutamos, as causas que defendemos já são de tal maneira nobres que nos bastam para servir com reconhecimento ! Orgulha-te do trabalho desenvolvido e aprende como eu:A primeira pessoa a quem te deves sentir reconhecido é aos teus pais por te terem concebido, aos teus familiares por te ajudarem a desenvolver o teu trabalho e sobretudo, a ti mesmo e desde que estejas bem contigo, já é reconhecimento qb. Um abração do tamanho do mundo !!!!
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