Não
quero destoar do sentimento geral porque também lamento a perda de um homem cuja
grandiosidade futebolística, humildade em campo e na vida, fizeram dele um caso
único. Mas também não me posso deixar enrolar na onda de consternação gratuita
que leva crianças e gente que nunca o viu jogar, chorar comovidos só porque sim,
só porque ele morreu, com muitas lágrimas para a câmara que sabem que está ali
a registar cada gota.
Era
muito novo, como disse o grande Ricardo Araújo Pereira, mas ainda assim,
passava dos 70 e a sua morte, atendendo ao seu estilo de vida muito pouco
regrado, não foi tão chocante como a da princesa Diana que foi ainda mais
trágica pela sua tenra idade, beleza, contornos palacianos conspirativos e pela
forma acidental como aconteceu.
Custa-me
a sua perda mas choca-me muito viver num país onde ontem não houve mais
notícias em qualquer um dos canais. Só aquela notícia interessava. Nem crise,
nem tempo, nem qualquer problema. Um homem morreu.
Choca-me
como me chocou o funeral transmitido em direto quando caia a noite e só a luz
das câmaras iluminava, num espectáculo que ainda me custa descrever. Ainda não mastiguei
cerebralmente e acho que vou passar a noite e talvez o dia de amanhã a ruminar
a coisa.
Estranho
país, este. Estranho país, o nosso. Estranho mundo.
Por
grande que fosse, era apenas um homem que dava uns chutos na bola. Carlos Mozer
tocou no cerne da questão com este comentário, partilhado pelo meu Chico da Portela.
Nelson
Mandela foi um homem cuja alma ultrapassou em muito a nossa vivência de comuns
mortais. Viveu numa cela exígua durante quase 40 anos, soube perdoar a quem o
torturou e chefiou a sua nação, espalhando o bem e o amor quando o ódio era o sentimento
mais óbvio.
Há
que saber separar as águas. O meu, o nosso campeonato é um. O do Eusébio é
outro e o de homens como o Nélson Mandela é outro, à parte, de outra galáxia.
Como
neste caso não se aplica o “rei morto, rei posto” porque não há quem possa
ocupar o cargo, marco a data com as publicações no meu mural do facebook, de
amigos que muito estimo e aos quais agradeço o gesto: o meu querido primo e
amigo Jorge Rosado e da minha querida amiga Maria da Conceição Mota, com as
queridas Cidália, Teresa Maria Reis e auxiliares que nos acompanharam nessa
visita inesquecível.
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