sábado, 8 de fevereiro de 2014

Nós no jornal (pelas piores razões)



Como nesta tarde entrei no modo “fim de semana”, depois de sair das finanças fui nadar os meus 1.500 metros. Depois da esfrega, dando seguimento ao “weekend mode” activo desde as 18 horas, fui tomar uma cerveja sem álcool preta no bar que há-de sempre ser o do meu amigo Sérgio, esteja lá ele onde estiver. Fui ver se me tinham guardado o exemplar do Correio da Manhã de segunda-feira (como eu peço sempre) para poder ler o Paulo Morais. Disse-me a Estrela, proprietária que enviuvou mas se manteve sempre ao leme do sonho do meu velhinho Sérgio contra ventos e marés, a quem alcunharam de “velhaca” vá-se lá saber porquê de tão dócil que é, que o jornal deveria de estar na pilha dos outros velhos, amontoados durante a semana. Agradeci-lhe a gentileza de se ter lembrado de mim e procurei, voltei a procurar, passei um a um no monte e nada. “Olha, se lá estava deve de ter havido macumba porque sumiu.” Ela ateimou, disse que tinha de lá estar mas não se deu ao trabalho e o tempo foi passando até que se fez luz naquela cabecinha: “ahhh, era o de segunda? Agora é que me estou a lembrar que o Malaquias (o amigo que ajuda ao balcão nas dobras) andou de pinturas e usou um jornal… é capaz de ter sido esse…”

“Bingo! Prontos, não digas mais nada que já estás apresentada”. Foi-se a hipótese de ver o que é que o Paulinho nos trazia nesta semana mas a estrela das notícias de hoje era outra porque vinha lá (no jornal de hoje) Marvão. No jornal?!? Presumi que o habitual, a dizer maravilhas, mas não. O motivo era um assalto. Um roubo muito violento realizado por encapuzados armados que iam matando o Sr. João, uma estrela do jantar dos solteiros do meu tempo que pela conversa ainda deve jogar naquele clube. Um homem bom, inofensivo, bem disposto que ainda há dias cumprimentei e brilhava sempre na sua motorizada que em si mais parecia um avião ou porque ela era muita grande ou porque ele era muita pequeno. Pois por menos de mil euros iam-no matando e deixaram-no cheio de mazelas. O pobre surge na foto sem os óculos com grandes armações que o caracterizam que não sei se foram na enxurrada de traulitada que levou. 

Diz a notícia que a Judite anda por aqui em averiguações. Os que cá moram, temem que estas modas cada vez mais violentas das urbes se espalhem por cá e desejam que tal não volte a suceder. Sempre cresci com a ideia de se ter a porta da rua sempre aberta. Na casa dos meus pais, a chave estava sempre do lado de fora da fechadura. Hoje já não é assim na minha e cada vez há-de ser menos noutras.

Fechados, isolados, virados para dentro.


A nossa sociedade não funciona em muitos aspetos. A justiça é com toda a certeza um deles. Se o crime tivesse o castigo como consequência, andávamos mais tranquilos mas… Vamos ver o que isto dá.

4 comentários:

Unknown disse...

Fico mesmo desalentada quando sei de notícias destas, coitado do senhor. Junto a minha indignação à sua, o meu pai, a gente desta, costumava dizer: "queimados pelos cornos ainda era pouco". Eu também acho.

Há muitos anos atrás, naquele passeio por Marvão, o meu pai estacionou o carro e não o fechou à chave e eu disse-lhe isso, resposta dele: "aqui não é preciso,os ladrões foram todos para Lisboa". A liberdade que tinha naqueles dias quando estava de férias por aí passava muito por haver portas abertas,passeios a pé sozinhos sem adultos, tudo na boa, era um ambiente familiar em toda a aldeia.

Um abraço

Helena Barreta disse...

O comentário anterior é meu, por lapso entrei com o e-mail do meu filho.

Mac disse...

Quando estava pelos Algarves, levei gente a tribunal por situações mais ou menos graves.
É lamentável ver um toxicodependente pedir ao Juiz para o meter na cadeia depois dele lhe dar a 3ª ou 4ª última oportunidade.
Ou então saber que o Adelino Farrajota (Bando do Faustino Cavaco) passou apenas 12 dos 25 anos na cadeia, depois de ter morto 2 pessoas.

zira disse...

O que dá medo, mesmo medo e suspeitar que quem o atacou o conhecia bem. Consta-se que há muito pouco tempo já lhe tinham invadido a casa e levado 15 mil euros, a poupança de uma vida inteira. Safa!!! deixamos de ser alentejanos confiantes.