quinta-feira, 5 de julho de 2007

As novas oportunidades da malta


Eu sei que corro o risco de que me chamem elitista, mas tenho de dizer que não concordo com a cena dos RVCC ou lá como é que a coisa se chama. É do tipo, novas oportunidades.

Traduzido por miúdos, um tipo chega lá, a esta nova escola improvisada, diz o que fez na vida (só as coisas boas! As más não dão jeito nenhum), tipo fui à tropa, sei atar os sapatos de 3 maneiras diferentes, já fui ao Oceanário, sei fazer omoletes espanholas e assobiar a marcha de Alfama de trás para a frente e toma lá o 9º ano.

TOMA LÁ O 9º ANO?

Que cena!

Não tenho nada contra a malta que se adiantou assim, mas têm de concordar que não é justo. Na Fórmula 1, quando um mano daqueles faz um atalhozito, é desclassificado! Parece-me justo! E não há que relativizar as coisas porque elas são o que são.

Eu, para tirar o 9º ano, andei 5 anos da minha vida a bater a Carreira de Cima em Castelo de Vide, caraças! Não me amolem. Fui para lá com 10 anos, mal chegava ao balcão da cantina, levantava-me às 6.15 da manhã para apanhar o autocarro do Nicau, fartei-me de raspar frio e chuva e porrada com fartura porque era reguila e andava sempre metido em confusões. Não brinquem comigo! Até fome passei! Aquela cantina da escola e a comida da Lódi ainda hoje me assolam os mais negros pesadelos. Aquilo foi duro! Mesmo muito duro, tipo uma tropa antes do tempo e tinha que se estudar e agora estes artistas em poucos meses sacam o título com louvor.

Ai é assim? E a coisa vai por aí fora. Também já dá para o 12º e há-de vir o tempo em que até as licenciaturas são instantâneas como o cafezinho do nosso amigo Chaparro (é bom!).

Um gajo acorda naquela: “Hoje tou com a pica de sacar uma licenciaturazinha em Línguas e Literaturas Modernaças! Na boa!”. Chega lá, diz três ou quatro bazófias e enfiam-lhe o canudo… debaixo do braço!

E a gente diz ao vizinho: “então ó Quim Tó! Vais à bola?”. E o gajo responde, “para já o meu nome é Joaquim António e eu tenho o 3º ciclo completo! E não, não vou ao futebol, estou à espera da Biblioteca Ambulante. Ouvi dizer que têm um ensaio novo sobre a dialética Kantiana. Estou em pulgas! Nem me aguento!”

Engraçado, não é? Este país é como o Soares era dantes… FIXE!

Já estou na lista para o curso de diácono! Quando a Igreja se aliar à coisa, tenho a certeza que vou ingressar.

“Ratzinger! Põe-te a pau!”

4 comentários:

Anónimo disse...

" Sigam o mestre!", neste caso o ministro.Num país onde a licenciatura é tirada como os bonecos dos marretas(farinha 33)porque não aplicar-se a mesma "regra" a outros graus de ensino não superior(inferior?!)...

João, disse...

Meu caro amigo Pedro, começo a ficar preocupado contigo. Vê lá se te “acalmas” e não lances tantas coisas ao mesmo tempo, e dá um tempinho à malta para reflectirmos contigo. Até parece que não tens mais nada para fazer… (e eu continuo à espera do jantarinho).
Ele é o “belardo”, o kadafi, o “al gore”, a maçonaria, os rvcc, o “neto” Sócrates
(Será o Digníssimo Secretário Geral do Partido Nacional Socialista?) …
E agora até um “profeta” anónimo a aconselhar-te cuidado… (para não dizer outra coisa) …
A mim esta treta dos anónimos faz-me comichão. E quando o fazem em tom de ameaça, fazem-me lembrar as “touradas espanholas”, onde o “homem” se escuda atrás de um pano para enganar o “bicho”, mas com uma espada escondida para o ferrar na primeira oportunidade, quase sempre quando, o dito, já se encontra muito debilitado. Eu por mim prefiro a “coisa” à portuguesa, sobretudo a “pega”: Olhar o toiro nos olhos e pegá-lo pelos cornos…
Mais seriamente, se já temos uma Secretária de Estado (uma tipa com um nome “italianada”) a aconselhar-nos, que só devemos dizer o que pensamos, “dentro das nossas casas, ou nas “esquinas dos cafés com os amigos”, não tardará que possamos ser chamados à perna pelo que escrevemos nestes espaços…
ASSIM VAI O SISTEMA DEMOCRÀTICO PORTUGUÊS (Salazar não faria melhor), já tivemos uma Revolução à Portuguesa (entenda-se o PREC), agora temos uma “Democracia à Portuguesa”, isto é, SEM DEMOCRACIA.

“A Bem da Nação”

Um abraço

João Bugalhão (por enquanto, qualquer dia passo a clandestinidade)

João, disse...

PS-Quero desde já esclarecer, que o "Partido Nacional Socialista" a que me refiro no texto anterior, não é o mesmo daquele dos socialistas portugueses, esse merece toda a minha consideração e respeito...

Anónimo disse...

RVCC
Rendidos a uma europa de números e médias!
Na escola, começamos por ser o números tal, estudamos para obtermos um número ou nota positiva, não esquecendo que convém passar a malta toda, por causa de números ou médias de sucesso.
Depois são os números de analfabetos, de pessoas com o terceiro ciclo, de abandono escolar, de licenciados, etc...
No trabalho, também somos números, postos no desemprego por causa de números, trabalhamos para atingir números, a média da produtividade, o número de desempregados, etc...
E para que servem tantos números e tantas médias?
Para compararmos com os números e com as médias da União Europeia (o nosso modelo de paraíso e de vanguarda).
Para os nossos (des)governantes pouco importa o saber fazer e o fazer bem, mas sim os números, as médias...
Já agora, sabem qual é a diferença entre um RVCC feito em quatro meses e um 9º ano feito, em 3 ou 4 anos, no ensino recorrente (à noite)? $ão muito$ número$.
Sergivs