terça-feira, 17 de julho de 2007

Portugal é Lisboa! O resto é paisagem!


Certa noite no final de uma aula, numa cigarrada informal com os alunos já no exterior da faculdade, o professor de Ciência Política, Dr. Basílio Horta, avança com uma que me mudou para sempre a maneira como eu olhava para o fenómeno: “a política não é mais que a escolha de um entre muitos caminhos. Política fazemos nós todos os dias desde que acordamos até que nos deitamos. Escolhemos o que vestir, o que comer, em que transporte andar… Nessa medida, na sua mais profunda essência, o político é o que escolhe, o que tem a responsabilidade de escolher não só o que quer para si mas também para aqueles que o elegeram”. Confesso que fiquei siderado pela sua visão romântica do processo e passei a ver a política e os políticos com outros olhos.

Ao ponto de também hoje estar investido no cargo.

Embora confesse que não sou de todo um político tout court!

Aceito que o hábito faz o monge e tenho de me calar quando me dizem que sou. (mas eu sei que não sou!).

Eu gosto da política do Tio Basílio e não gostei nada, nada do que vi no domingo, no Hotel Altis, na conferência do Partido Socialista.

Aliás, até gostei e não foi pouco. Nem sei como ainda há em Portugal pessoas que se dedicam a fazer humor como os gatinhos e o Herman e essa rapaziada toda…

NÃO É PRECISO! Já há coisas cómicas a mais, malta!

E aquilo foi um bom exemplo disso!

As eleições só por si já foram um descalabro e eu, como nunca fui barra a matemática, vejo as coisas assim: a abstenção, que é como quem diz, os gajos que se tiveram a c***r para aquilo tudo foram muitos, muitos mesmo. Feitas as contas, se estivessem 10 manos numa esplanada e aparecesse um bacano a dizer: “eh pá! Larguem lá os tremoços e bóra aí votar”, 6 deles nem sequer se mexiam do sítio. Só iam 4. É pouco. E considerando que a abstenção foi de 62,8% para esta minha cena estar mesmo correcta, ainda ia mais um com os seis só que não tinha braços, que é para bater certo com os 0,8% e chegava lá e não conseguia pegar na caneta e votar e por isso nem sequer falei nele para não dar mais confusão. Prontos!

Mas a cena mais fixola foi mesmo lá no tal hotel, na rueda de prensa, no final. Os gajos do PS pensaram assim: “man, a cena vai tar vazia. A rapaziada tá mas é a pensar na Caparica e na Fonte da Telha e no Algarve e não vai lá estar ninguém para bater palmas quando entrar o escurinho!” Vai daí, não estão com mais nem meias, desatam a ligar para a rapaziada da linha dura de todo o país naquela do “venham a Lisboa, assistir a uma vitória do vosso partido e ver como trabalham as televisões em directo”. E a malta foi. É bem mandada!

E o Zé Manel Mestre, da SIC, que sabe mesmo muita música, apercebeu-se logo da pinta de saloio de alguns assistentes e de micro em punho que mais parecia uma carabina, começou a carnificina:
-“Então miga? Aí a senhora do lencinho na cabeça? Então está contente com a vitória?”.
-“Então, não estou? Maravilha! PS! PS! PS!”
- “Então diga-me lá de que bairro é? Alfama? Mouraria? Alcântara? Bairro Alto? Olivais?”.
-“Nada, nada… Eu sou mas é do Alandroal!”.
-“Então e anda práqui perdida?”.
-“Não senhor. Foi os do meu partido. Levaram-nos à Nazaré e depois tínhamos de passar por aqui! Só tenho pena é disto acabar tão cedo e não termos tempo de parar em Fátima mas a gente preferiu ver o mar”.

Ena pá! Bem pensado. Podiam era ter recrutado gajos de Lisboa, porque aquilo foi uma razia: eram do Teixoso (Alô camarada Guterres!), de Guimarães, de quase todo o país que eu até me confundi e pensei que tinham mas é sido eleições legislativas e eu me tinha esquecido de votar! Que cena!

Foi lindo! E o Jorge Coelho, com aquele ar de sapo estufado acabadinho de sair da panela de pressão, a olhar para a barba do Pacheco Pereira para ver se encontrava algum pelo desalinhado para mudar de conversa.

Momento histórico do PS e das eleições em Portugal: a noite em que o PS fez a mesma cena que Jesus Cristo fez nas bodas de Canãa quando transformou água em vinho (já não há homens assim!) e multiplicou os peixes só que desta vez em vez de peixinhos foram militantes!

Enganaram-se na cartola e em vez de coelhos… saíram palhaçadas.

Bem engraçado!

Ah, e o Carmona, que parece separado à nascença do Santos Silva, deu a banhada ao pequenino do PSD que parece, cada vez mais minguado. O homem desaparece de dia para dia… valha-nos Deus!

28 comentários:

João, disse...

Assim não vale amigalhaço.
Então eu a escrever uma cronicazinha, para tentar “brilhar” e tu de uma só vez, espetas aqui com mais “três”…
Desculpa, mas quero os meus amigos a ler este "comentário", e assim, vou ter que o postar aqui repetido, que se "lichem" os alfacinhas!

“Isto é sobre as infâncias”

Pois é meus “cachopos” como vocês estão a envelhecer…
Isto do “tempo” é uma treta, ainda “ontem” entrámos na escola e mal damos por nós (como diz a canção dos Xutos), somos pais de crianças…
Não gosto muito destas coisas do “saudosismo”, destas lamechices, mas vocês, com a pureza como se referiram a coisas tão bonitas da vossa infância (quando eu já era um digno “Dragão de Olivença), fizeram-me recordar um episódio da era em que vocês “viram pela primeira vez a luz do sol”, e simultaneamente, recordar uma série de gente boa, muitos deles certamente já não pertencerão ao mundo dos vivos…
Decorria então o ano 1968 e eu, o “joão pequenino”, como era conhecido, tinha descoberto, não a paixão da “intermet”, não a paixão da televisão, mas sim a paixão da TELEFONIA, que o primo “Jaquim” havia trazido de Moçambique, como recordação de três terríveis anos de uma guerra injusta (a quem eu havia escrito, pelo menos 500 aerogramas ditados pela tia Júlia).
Claro que o “brinquedo” não tinha sido trazido para mim… nem tal “luxo” era permitido na minha pobre casa (aquilo è que era crise meus amigos e o deficit era zero…), mas eu, rapidamente me fiz o maior apaixonado da “coisa”. Ele eram os “romances”, “os discos-pedidos”, “à noite escondido na cama o Rádio Moscovo e a Voz Livre de Argel (eu com apenas 11/12 anos a aprender a dizer mal do “regime”)”, mas a maior paixão, claro, era o “FUTEBOL e o grande BENFICA”.
Domingos e quartas-feiras, era sagrado…
E assim, após 3 anos de tirocínio de “futebol auditivo”, chegou 1970 e com ele, a minha 1ª possibilidade de ver, um acontecimento do outro mundo para mim, um “JOGO DE FUTEBOL”.
Em Santo António das Areias, inauguração do local onde futuramente, 15 anos depois, iria passar a maior parte do meu tempo livre: o Campo dos Outeiros…
A Equipa da casa: O Grupo Desportivo da Casa do Povo de Santo António das Areias (perdão se não era esta a verdadeira denominação); equipamento: calção preto, camisola amarela com risca preta, botas-de-travessas; adversário: sei lá…não me lembro, “porra”…
Desculpem-me, mas qual jogo da final da taça de Inglaterra, qual final da taça de Portugal ou dos Campeões… este foi o melhor jogo da minha vida, presenciado escondido atrás do “canchos”, porque não tinha dinheiro para o bilhete, nem roupa nova para a cerimónia…

Aqui deixo o nome de alguns dos “meus heróis” de então:
- Guarda-Redes: Pepe, “a Bruxa” (que agora tenho de tratar após um AVC);
- Manuel Joaquim Mota, Bernardino, Xico Padeiro, Mané, o filho da menina Rita, João Manuel Lança (o meu ídolo), Manuel Freire, Valadas, o Costa dos Barretos…bolas, não me lembro de mais…

Nota do autor: Em Outubro 1985, com 28 anos, fui pela 1ª vez Treinador Principal do GDA. Neste mesmo local de culto, ao qual cheguei 3 horas antes do 1º apito do árbitro e fiquei ½ hora sozinho no centro do campo, a agradecer aos “meus deuses” por me terem permitido tal sonho. Os “gajos” que pus a jogar na altura (porque agora era eu que mandava), foram os seguintes (todos marvanenses, não havia cá “estrangeiros”):
Mário Guedelha (o boquêradas); Magafolas (o mais novo e o mais velho), Adelino (o dos carapulos de vinho-branco), Bonacho (o tremedeiras), Xico (cesto-de-flores); Pitucha (o terror dos árbitros), Tonho-Zéi (recordista de horas aos espelhos dos balneários distritais), Zé Alves (que vinha de Setúbal de propósito para fazer um jogo de futebol), Quim (o Xaréu = ao pitucha, mas mais mau), Chaparro (não precisa de outra classificação) João Vitorino (o farinheira), Rui Felino (a que acabei com a carreira precocemente), Lourenço (o plásticos), Andrade (que queria entrar porque tinha o nº 14 e já tinha entrado o 13), Picanssos (o mais velho e o mais novo), Manuel Freire (sim lá o de cima o de 15 anos antes), Zé Domingos (o Xangai) e os “meninos” Bonito e João Carlos (o gaspachadas) e não me lembro se o Orelhas (miranda) já lá andava a dar cabo das botas…

O resultado? 1-0, contra o Avisense…”G”ande Equipa Malta”
Foi uma grande experiência de vida. Em 2002 ainda era treinador dessa EQUIPA!

OBRIGADO AMIGOS

Anónimo disse...

Adorei com esta coment recordar os bons velhos tempos que passei em Santo Antonio das Areias e , em que até eu pensei que sabia jogar a bola... Obrigado Bugalhao

Pedro Sobreiro (Tio Sabi) disse...

Ai João Bugalhão, João Bugalhão! Que post tão memorável! Para além de mesmo muito bem esgalhado, encerra em si a revelação de uma confissão que eu jamais esperaria, ao nível de um terceiro segredo de Fátima! O meu sogro era o teu ídolo?????? Acho isso enternecedor e estava longe de chegar lá pela minha cabeça.

Claro que acompanhei a tua carreira de mister, ou esqueceste que fundei então os "Ultras dos Outeiros", a mais sangrenta claque a sul do Tejo?

Cá para mim, o Mourinho aprendeu tudo contigo: a postura distante, o ar pensativo, a pose imponente, as técnicas arrojadas, a ligação ao balneário... Está mais que claro que o gajo andou-te a estudar!

Diz quem sabe que técnico, técnico, mesmo muito técnico em Santo António das Areias foi o tal Cachiço que depois foi para a SIC trabalhar para os “Donos da Bola”. O meu cunhado dizia isso. Deve ser esse o motivo porque no teu relato nem lhe deste assim um cognome. Bem o merecia, o rapaz, que era bem esforçado. Eu arrisco 2 ou 3: "a locomotiva", pela força com que desbravava as laterais; "o pensador", pela postura cerebral no miolo do terreno, ou até mesmo o "chuta burro!" para relembrar um memorável episódio. Uma coisa jamais te vou perdoar... o teres posto término à carreira do mais deslumbrante talento beiranense, o Cantona do Arenense, o meu amigo Rui Felino.

Dizem as más línguas que o lugar está em aberto! Se for para ser só com malta da terra… prometo que calço as botas por ti e não te hei-de repetir a nega que te dei no cruzamento na Beirã, quando a vida era então para mim mais namoradas e Maluka nos Fortios que outra coisa. Perdeu-se um George Best, um Vítor Batista cá da santa terrinha. Eu sei que tu sabes que no fundo, os canchos dos Outeiros choram pelo teu regresso. Quando as manhãs são de nevoeiro, dou sempre por lá a volta antes de ir para Marvão, a ver se vislumbro o bonezinho azul ao lado da cabine.

Disponibilizo-me desde já para encabeçar uma petição on line.

O post do Gabriel (outro mítico!) vale já de assinatura. Que entrem as bonecas!

John The Revelator disse...

Se conseguirem ai um sitio para um avião aterrar, tambem vou todas as terças, quintas e dias de jogo. Mas vou para marcar o campo... e beber uma mini no fim.

Sergivs disse...

Portugal é Lisboa.
O resto é mesmo paisagem, isto se não mudarmos de atitude, em relação aos governos, políticos e partidos.
Na paisagem, continuamos muito preocupados, com o nosso umbigo, com pequenas guerrilhas, disputas e discussões pseudo-partidárias, a nível concelhio ou regional.
Em vez disso, devíamos lutar conjuntamente (laranjas, rosas ou avermelhados) no sentido de exigir um maior investimento no interior ou na dita paisagem, cada vez mais pobre e vazia.
Se não mudarmos de mentalidade e de atitude, jamais deixaremos de ser paisagem...

Bonito disse...

Falar-se sobre esses tempos da Bola no Arenense e eu não dizer nada… é que não pode ser!

Em primeiro lugar, uma correcção. Naqueles primeiros jogos em que fui convocado para os seniores já o amigo “Orelhas” o era também! E mais: jogava a titular, enquanto que os dois “meninos” se sentavam no banco!!!! Enfim, um desperdício de talento. Era a opção pela técnica da força em detrimento da força da técnica! (onde é que eu já ouvi isto?). Já aqui o mister mostrava muita falta de visão…

Contudo, alguns anos mais tarde, quando os “meninos” tinham “tomado conta” do balneário a vingança serviu-se fria. Aproveitando alguns (muitos) desaires de resultado seguidos convencemos o Presidente a demitir o Mister Buga!! Bem feito!! Refira-se que o Presidente era o Bugalhão. Curioso.

Voltando atrás. Tive o prazer de fazer dupla no “miolo” muitas vezes com o “Orelhas”. Era terrível. Se o lance era dividido, tanto levavam os adversários como levava eu. Era a varrer! A marcar homem a homem não havia igual. A defender marcávamos cada um o seu. Se os perdia é que era uma carga de trabalhos! Num certo jogo ficou desorientado. A certa altura, estava ele todo preocupado junto de mim a perguntar: onde está o meu que não o encontro? Grande Jorge, belos tempos! Ah! recordo também, com saudade, aquela seu remate por cima da trave a 0,00000001 Cm da linha de golo! Foi difícil.

Quanto a ti Sabi, optas-te mal em não quereres jogar à bola no Arenense. Foram tempos extraordinários de convívio com todo aquele pessoal que o Buga referiu. E com ele próprio… é claro.

Certa vez (quando já a verdade tinha vindo ao de cima, já jogava a titular e só era travado pelos adversários em falta (lindo!), fui alvo de uma terrível entrada do adversário. Levantei-me e, “naturalmente”, fui reclamar com o árbitro. Alguns segundos depois, perante a cara de admiração deste, virei-me e vi que estavam vários companheiros em fila atrás de mim. Eu, sem perceber nada perguntei: o que se passa? Respondeu-me o primeiro (“o terror dos árbitros”): isto é uma pega e tu és o da cara!!! E, claro, lá foi o Pitucha uma vez mais para a rua!!!

Recuando mais… Do “ídolo” do Buga não tenho boas recordações. Com 11 anos quando ingressei nas camadas jovens (os outros tinham em média 14 anos) eu, que já era o mais tecnicista da Relva (a seguir ao Chaparro), fui relegado todo o ano para o banco, tendo jogado apenas os últimos 5 minutos do último jogo (sem conseguir tocar na bola). Que injustiça!!! O mister era esse tal “ídolo” do Buga. Bom… pensei… qualquer dia vais pagá-las. E pagou… Com uma filha!

Bom, agora a sério. Além dos companheiros de campo, pessoas como o JM Lança, o Buga, o João Filipe, o Júlio Milhinhos, O Luís “da camioneta”, os “massagistas” Mota e Barril e outros, marcaram definitivamente a nossa infância e juventude nesse grande clube que é o Arenense.

Grande Abraço

Bonito Dias

Jorge Miranda disse...

Isto está a começar a ficar demasiado nostálgico para o meu gosto...
Os tempos do Arenense realmente marcaram muito daquilo que sou hoje, sobretudo pelas amizades que fiz; amizades essas que ainda hoje perduram e irão acompanhar-me até ao ultimo suspiro, espero que vá longe.
Mas as histórias para contar são tantas…
Um dia o Arenense foi convidado para um torneio de 2 dias em Cedilho, isto num início de época (ainda não havia estágios) e nós (João Carlos, Bonito, obrigado pelas tuas palavras, Pitucha, Alfaia, Manecas não jogava, mas ia como "holligan" e desculpem se me esqueci de alguém), convencemos o Carpa ou ele a nós, para irmos no carro dele e ficarmos em Espanha de sábado para domingo.
No 1º jogo a grande guerra foi ser substituido, os Espanhois tinham duas barricas de 25 litros de sangria á discrição para os jogadores, sei que quando sai já alguns estavam em avançado estado de "decomposição".Á noite fomos jantar a uma casa (ainda hoje não percebi se era uma tasca) e como estava tudo "entornado" e a fazer porcaria, o João Filipe teve uma célebre frase " Primeiro comemos, depois mostramos o rabo uns aos outros", lembro-me que demos 40 voltas á povoação para ir descansar, quando o Rui parou o carro já era de dia.
O treinador era essa vedeta dos anos 80 (John Benjamim Toshack em inglês, em Português Buga), que fala do Pitucha, mas não revela que vinha a Portalegre chatear a cabeça aos árbitros cada vez que perdíamos (aqui começou o apito).
Ah ganhámos o torneio.

João, disse...

Grandes camaradas estes, que nos fazem recuar assim 20 anos de um momento para o outro…
Prometo que, se esta coisa durar muito tempo e o”líder da clake” não for preso, divulgarei o nome de todos os “artistas” a quem tive o prazer de pôr aos pontapés na bola… (se todos votassem em mim, arranjava mais votos que “o costa” em Lisboa) e das mais variadas façanhas que se passaram ao longo de duas décadas. Mas por agora só quero contar um dos melhores episódios protagonizado por esse “requintado cromo”, que era conhecido no mundo do futebol distrital, e não só, por PITUCHA (o terror dos árbitros):
Primeira parte
“…era o último jogo da época 1990/1991, o GDA jogava no estádio municipal de Elvas, com a equipa dos Elvenses.Era um daqueles dias de Junho de 40 Graus, à sombra…
O amigo Pitucha, depois de mais uma noitada bem regada, e certamente, não com água, que só havia avistado a cama quando o sol já ia alto no horizonte…só por muito gosto pela “redondinha”, e “amor” ao GDA, havia comparecido à convocatória…
Mas, com ela já pensada…”chego lá dou dois ou três “barrelotes no cauchu”, chamo um qualquer “nome” ao homem do apito (por exemplo: cabrão…cabrãoo, filho da p…, ou o mais habitual “BURRO ÉS SÓ UM BURRO”), ele manda-me para o balneário, tomo o meu banhinho e vou beber um fresquinha… que isto não é tempo para 22 parvos andarem aqui a correr atrás de uma bola e, o filho do “Mestre Carlos” ainda hoje tem que ir para a Capital do Império”.
Tal a pensou, tal a executou. Só que desta vez a coisa correu mal…
O “homem do apito”, rapaz já experimentado e sabedor do que “a peça” era capaz (nunca fez mal a uma mosca, era só língua), aguentou-se à bronca e fez-se surdo e só reagiu ao trilisionéssimo insulto da forma que o “cromo Pitucha” menos imaginaria, dizendo-lhe:
“HOJE PODES CHAMAR-ME TUDO, PORQUE VAIS FICAR AQUI, TAL COMO EU… ATÉ AO FIM DOS 90 MINUTOS”…e mais não disse!
E o Pitucha…também não.
Segunda parte
Dia azarado este, após o episódio acima relatado e depois do regresso de Elvas, ao princípio da noite, iniciou-se a viagem para a Capital do Império. No célebre “R5 Azul”, do Sr. Fernando Luz (o cromo Pitucha), com a companhia do Tó-Zé Alemão, Rui Felino e eu próprio o Buga. Antes de chegarmos a Vendas Novas, onde ficaria o “sargentolas de artilharia” Rui, a dita viatura começou repentinamente a desviar-se por “simpatia” para a direita (não, não era por simpatia pelo “portas”), tinha um pneu furado…
Nada de problemas, 4 homenzarrões como nós, passados 5 mn, já estávamos a caminho…
O pior foi à chegada ao Porto Alto, nós já sentir a “fresquinha”, que ali iríamos saborear e, … eis que, o maldito “R5 Azul”, começa a desviar-se para a esquerda… e eu a pensar: “querem ver que o “sacana do Pitucha” se anda a inspirar nas cantigas dos Trovante e se está a preparar para nos acabar aqui mesmo com os troços…”
Mas, felizmente não. Numa manobra arrojada, o Pituchão, lá conseguiu segurar o “bicho”…só que era mais um “pintchasso”…
E agora? Só tínhamos um suplente e já estava a rodar à 50 Km…
Nada que o amigo Fernando Luz não resolvesse. Telefonou a um amigo de Lisboa que nos foi buscar. Á s 4 da madrugada (sem o passarinho cantar), estávamos em Lisboa…
E anda o outro parvo a cantar que “de Bragança a Lisboa são 9 horas de viagem…”. Tal é a admiração…também de Santo António das Areias…
Ò Pitucha, ele há dias que mais vale não sair de casa…

Aquele Abraço, para um dos mais talentosos “artistas da bola”, que Marvão viu crescer e que teria lugar na primeira liga portuguesa…se tivesse juízo! (palavra de treinador)

rui felino disse...

Meus Caros Amigos

Perante tão brilhantes comentários acerca do nosso “Pequeno mas Grande” Grupo Desportivo Arenense, eis, que me vejo “obrigado” também a opinar....

Em 1º lugar, e sendo eu militar, acho que nos devíamos de por todos em sentido quando falamos dessa Instituição que é o GDA, Instituição essa que foi fundada por Grandes Arenenses, os quais sendo mais “velhos” do que nós, nos receberam mais tarde e, contribuíram cada um à sua maneira para aquilo que, de certa forma, hoje, também somos, e mais importante do que isso, nos transmitiram a “Mística” e o orgulho em sermos Arenenses.

Claro, e é obvio, que não poderia deixar de o fazer neste meu comentário, que é dirigir-me ao meu amigo Bugalhão, pois não é o facto dele se referir à minha pessoa como “a quem acabei a carreira precocemente”, mas pelo facto disse não ser verdade (é-o sim, no Arenense, pois tu eras treinador, roupeiro, massagista, marcavas o campo... e mais tarde Presidente, e se alguém tinha que sair era eu, e foi o que fiz), sendo certo, que ao longo da minha “carreira” como “jogador” da bola, nunca quis saber e muito menos me preocupei com aquilo que certas!! pessoas diziam a meu respeito, pois sabia e sei aquele “jogador” que fui, e o pouco ou muito que fiz em prol do GDA e que, enquanto lá estive foi sempre com o objectivo de o Servir (GDA) e nunca me servir, reconhecendo também, que tu, também foste daqueles que sempre o servistes. (não muito bem, como treinador!!!!).

Sabes Buga, quando eu comecei a jogar futebol como miúdo no GDA, o meu TREINADOR (com letra grande) era o teu ídolo e para nós miúdos o NOSSO, era aquela pessoa que nos ensinou muito (também sabia!!! ao contrário de outros!!), pois esse sim que percebia de bola, e para ele, eu era aquele puto lá da Beirã, a quem todos os anos ele tinha que ir na sua Renault 4L pedir ao Pai dele para o deixar jogar à bola, pois, para ele faltava-lhe alguém, neste caso eu, que acrescentava mais qualquer coisa, aqueles excelentes miúdos que já faziam parte dessa equipa, e de ti, só me lembro de entrares na camioneta nos Barretos!! e aos domingos de manhã (chegado na sua Diane), sentado na bancada a maravilhastes com alguns putos, quem sabe também com aquele, que como tu dizes mais tarde “....acabei a carreira precocemente”.

Em relação à equipa, é de facto uma das melhores equipas da qual tive o prazer e orgulho em ter feito parte, como jogador, além desses, foi uma “geração” em que me recordo ainda do (David, Pelé, Diana, Felipe Belém, Paulo Mata, Beto e outros), e é pena, pois, o que acaba por destoar quer nesta equipa quer nesta geração, é mesmo o treinador!!! pelo que sou da opinião, que foi seguramente um dos melhores grupos que passou pelo Arenense, grupo esse que não tendo ganho nada de especial, ganhava aquilo que ganhou, sem treinador!!!

Já agora Bugalhão, quais foram o ou os clubes que treinastes?

Sabes Buga, passados mais de 20 anos ainda manténs o mesmo discurso, pois, hoje um treinador que se preze orgulha-se em dizer “que foi ele que lançou este ou aquele jogador” e tu não, imagina o Jesualdo a dizer “que foi ele que acabou com a carreira do Baia”, enfim...ao contrário do teu ídolo que lançou muitos desses jogadores dessa grande equipa, não me recordo de tu teres lançado ninguém.

Pedro, quanto ao “Cantona da Beirã”, essa levou-me a abrir o álbum de fotografias, e mais uma vez a olhar, a admirar com alguma, muita, nostalgia, aquela fotografia que tu sabes qual é, e infelizmente vejo, que mais um Beiranense que lá está, nos deixou à dias...(um abraço, amigo, conterrâneo)... e, desses tempos, recordo-me quando vinha-mos a Santo António ganhar os torneios, passeando a nossa classe!!!!!.

Aqui fica essa equipa:
Treinador: João Sobreiro
Jogadores: Varela; Rui Felino, Magafo; Jorge Miranda; Maroco; Quim Carita; Vítor Felino; Zé Manuel (Pop); Pedro Sobreiro

Um abraço
Rui Felino

João, disse...

Ena amigo Rui, quem escreve assim não é gago, que azedume é esse…
Sejas bem-vindo a este cantinho que o amigo Pedro aqui nos proporciona na sua casita e da qual, eu me não quero apropriar com tantas intervenções. Mas prometo que após este tema fico uns dias sem a visitar.

Em primeiro lugar penso que o Pedro está de parabéns, ao permitir que alguma diáspora marvanense, alguns longe da sua terra, aqui venham poder comunicar e trocar opiniões. Por mim, é com muito agrado que assisto ás varias intervenções deste grupo de amigos, que às vezes não estão de acordo, como parece ser o caso…

Amigo Rui, eu nunca me considerei “treinador da bola”, sabes bem que eu era apenas aquele que escrevia os nomes para entregar aos árbitros. Mas nunca me passou pela cabeça pôr um jogador como tu a “defesa de marcação”, como fez o outro, no único jogo que o nosso clube fez para a taça de Portugal. Ou dizer “ó Rui… você no treino teve 3 ou 4 bons pormenores…”, e no jogo seguinte brindaste-o com 3 Golos…
Bem, não me vou alongar com mais “estórias” de jogadores e treinadores (só responder com uma metáfora à tua alusão ao Jesualdo Ferreira “ já imaginas-te o Gallas a dizer bem do Mourinho”…

Hoje quero contar 3 pequenas histórias desses 20 anos de convívio, sobre o nosso Sargento Felino, que não sei se acrescentam alguma coisa ao seu palmarés como jogador da bola, mas que, certamente, revelam o carácter deste amigo e da consideração que para com ele tenho.

1ª Parte
Nessa época de 85/86, jogava-se a 2ª jornada, da 2ª volta. O Arenense, era o último da classificação, mas vinha de ganhar um jogo fora, em Avis, golos do Chaparro e Rui Felino (a equipa não ganhava um jogo fora à 4 anos e eu só era “treinador” só à 4 meses).
Nessa semana, 3 dos melhores jogadores da equipa faltaram aos treinos (o J. Vitorino, o Quim e outro que não me lembro), obviamente não os convoquei, sabendo que eram uma perda grande para a equipa e que, se perdêssemos ali terminaria a minha “carreira de treinador da bola”.
O jogo era com a Terrugem, 3º classificado, todos apostariam um”2 no totobola”. Mas aos 5 minutos, o guarda-redes da Terrugem, ao repor a bola em jogo, espetou com ela nos “pezinhos” do meu amigo Rui… coitado. O Rui nem pensou duas vezes, olhou para a baliza, pé direito e saiu “um chapéu, de se lhe tirar o chapéu”. Pouco depois o mesmo Rui fez o 2-0, e mais alguém, fez o 3-0, com que se chegou ao fim.
(durante essa temporada só perdemos duas vezes e terminámos em 7º lugar, em 16 equipas. Nos 3 anos antes, o Arenense tinha ficado sempre nos 3 últimos lugares)
Moral da história: tu foste um dos culpados de eu lá andar tanto tempo (OBRIGADO RUI).

2ª Parte
Época 86/87, as coisas correram mal. No final da 1ª volta estávamos novamente em último. E aí saí mesmo, voluntariamente, porque senti que a equipa valia mais e precisava de alguém, “que não fosse só o de dar os nomes de quem jogava”…
Após eu sair, o jogo era nos Fortios.
Cheguei depois do jogo começar e fiquei escondido no meio dos adeptos dos Fortios, um pouco envergonhado, porque queria muito que a nossa equipa vencesse. Faltavam poucos minutos para o fim, quando o Rui, em mais um remate certeiro fazia o 0-1 e eu ainda mais me escondi… mas o Rui, que já me havia “bispado” fugiu a todos os companheiros e, barreira acima, que nenhum maluco, só parou quando me abraçou, com toda a equipa a cair-me em cima…as palavras do Rui ainda hoje soam na minha memória “este foi para ti, que bem o mereces” (OBRIGADO RUI).

3ª Parte
Para aí em 1999 (porra, não me posso lembrar de tudo), jogo com Eléctrico, em Ponte Sôr. Único campo do distrito onde o Arenense nunca ganhou, jogo difícil. Engendro uma “táctica bugalhónica” e deixo o meu “às de espadas” (o Rui) escondido. Isto é, no “banco”…
30 Minutos da 2ªparte o resultado teima no 0-0, peço ao meu “ás de espadas” para se preparar (aquecer), para que, com a sua “codícia” e habilidade, faça aquilo que ele sabia fazer (marcar golos). Estou a preparar a substituição…os “sacanas do Eléctrico” marcam um golo…
Peço ao Rui que entre, que faça o impossível…vejo que ele me olha de lado e pensa “agora vai para lá tu” (e eu penso: mas eu não sei dar um pontapé numa bola e da outra vez fui a marcar o canto, dei um pontapé na bandeirola…vai tu, pode ser que corra bem mais uma vez), mas desta vez não correu e, perdemos.
No final do jogo o Rui disse-me: “vim de propósito de Vendas Novas para jogar e só jogo 5 minutos…a partir de hoje não contas mais comigo”. E eu percebi o Rui…e pensei “que injustiça”, mas será que existe justiça no futebol… (DESCULPA RUI)

Um abraço a toda a rapaziada

Jorge Miranda disse...

Parece-me que estas recordações seriam melhores ao vivo e a cores.
QUE TAL MARCARMOS UMA ALMOÇARADA PARA RECORDAR O TEMPO EM QUE A GRAVATA NOS CAIA NA VERTICAL, BEM SEI QUE A ALGUNS AINDA CAI (AI QUE INVEJA)...

joao carlos disse...

ai,ai,ai que grandes gabarolas de apoderados do sofa!!

Nuno Macedo disse...

Pois é amigos, tantas e tão boas recordações que mesmo sendo “estrangeiro” não consegui resistir a fazer o meu comentário.
É nestas pequenas coisas que se vê que o G.D.A. é Grande!!!
Quem me conhece sabe que o meu percurso como “jogador da bola” me levou a vários clubes do distrito e me deu oportunidade de conhecer muita gente mas deixem-me que vos diga que gente tão boa e tão sincera na amizade não encontrei em mais lado nenhum.
Nunca em lado nenhum fui tão bem recebido e tão bem tratado como em Santo António das Areias e essas coisas não se esquecem. Fica aqui o meu agradecimento a todos.
E agora mais a brincar, que a coisa estava a ficar demasiado “lamechas” peço que parem de “bater” no treinador Bugalhão., o homem não merece!
Quanto á jantarada a ideia só podia ser do “Orelhas” e depois queria que a gravata lhe caísse na vertical !!
Um grande abraço a todos e em especial ao Pedro por nos ter proporcionado este espaço muito agradável. Obrigado.

Jaime Miranda disse...

Caros amigos, para mim dois pés e uma bola são uma autêntica confusão. Atrapalho-me, nunca soube o que fazer com a bola, mas gosto de jogar futebol e de ver os outros fazê-lo. Nunca suei nenhuma camisola do GDA, mas ainda levei e dei algumas caneladas no campo da escola primária das Areias e no pavilhão, ao serviço das cores roxas de umas saudosas couves, para aí no Verão de 88. A minha inabilidade futebolística não me impediu, porém, de ter vivido muitos momentos de muito boa memória, que se relacionam com o Grupo Desportivo Arenense. Pensando bem, muito da aprendizagem da minha vida passou por esta casa ou pelas pessoas que também por lá passaram. As minhas primeiras memórias do GDA, são de acompanhar o meu pai à sede, que funcionava onde hoje está o estabelecimento do Sérgio, o Adro. As noites de bingo na cave, o móvel da biblioteca com os livros do Lucky Luck e o bar com o Sr. Tonho Machadão ou o Avô Lima estão no meu albúm de experiências. Para mim o GDA sempre foi uma entidade transcendente. O meu pai sempre esteve ligado ao clube e, eu a partir de certa idade, como tantos outros, comecei a dar a minha colaboração na discoteca. Nestes tempos guardei muitos episódios que ainda hoje me acompanham, de matinés e noites àcidas na cave, de jogos de snooker e ping pong, de reuniões de uma tal união da juventude arenense, de filmes de todo o tipo de aventuras, de pintura de murais e casas de banho, de cocktails, de organização de quermesses e jantares das casadas. E de conversas, namoros, músicas, tristezas.
Não tenho duvidas que o GDA é uma grande casa e tem um papel muito importante na vida de Santo António e do Concelho. Ao longo de décadas, tanto a nível desportivo como cultural, aqui se formaram jovens a ganhar ambição, a perder a vergonha e a ganhar experiência para a vida. O espírito que surge da partilha das nossas memórias são a prova que a amizade é o melhor resultado dos jogos que se disputam pelo GDA. Um grande abraço do Jaime Miranda

mata borrão disse...

rapazes e uma bola (mesmo que seja só na lembrança) e vejam no que dá...

Garraio disse...

Pois, eu também não simpatizo com o Costa... Mas a velha do Alandroal era do baril...

Garraio disse...

Pois... eu também não simpatizo com o Costa...

Mas a velhota do Alandroal era do baril...

Garraio disse...

E aqui ao alto de Marvão, chegou o marido da Pilar del Rio (não sei se com ou sem binóculos) e disse:

Daqui vê-se o mundo inteiro...

Pedro Sobreiro (Tio Sabi) disse...

Meus queridos amigos... Que parada de estrelas! Eu bem tinha razão quando disse: “Que entrem as bonecas!”. E elas entraram mesmo! Só tu, ó Bugalhão, para organizares tamanha arruada. Soube bem ver tanta saudade a falar do Arenense. Só é pena é que nas Assembleias Gerais últimas, do cataclismo pós-Britiano, não tenham aparecido todos estes “amantes” que o nosso GDA teve ao longo dos tempos. Bem sei que alguns estiveram , vi-os lá; como sei que outros não apareceram por manifesta impossibilidade familiar/profissional.

Tenho todo o gosto e todo o orgulho que os meus amigos ponham e disponham do meu blogue. Isto nunca foi uma missa, onde só um é que fala e os outros quando podem responder... é para repetirem o que ele quer. Tenho todo o prazer que usufruam deste espaço, que o manipulem e questionem e possam mesmo até, voltar a lançar no ar comentários que já tinham sido colocados em posts atrás, mas que regressaram ao cimo da ribalta para que todos os possam ler...(És demais, ó Buga!).

Por respeito a esta questão do GDA e aos amigos que por aqui passaram, não lancei novos comentáios que já tenho preparados e que não quis que “acalcássem” o assunto do dia. Estão em stand by, para não colocar água fria num momento tão interessante.

E agora se me permitem, também queria entrar no baile e mandar duas ou três larachas que me parecem justas.

Em primeiro lugar, gostava de saudar as glórias intemporais que nos comentários atrás aqui deixaram a sua visão da coisa, do Jorge Miranda ao Bonito e ao Rui Felino, do Buga ao Nuno Macedo e até ao João Carlos que... sendo fiel ao seu estilo... fez um comentário que só ele é que percebe. Bem miúdo!

Em segundo lugar, queria deixar o meu agradecimento muito reconhecido aos homens que contra tudo e contra todos, tiveram tomates para voltarem a pegar no leme desta grande casa, num altura em que o futuro do edifício fazia temer a sua ruína total. Felicito muito em especial toda a Direcção, na pessoa do Presidente Dionísio Gordo. O Dionísio é mesmo assim, é daqueles que não promete, dá logo! E num momento particularemente difícil, em que sei que até o apoio dos mais próximos lhe faltou para que se metesse em tão difícil empreitada, não lhe faltou a coragem. São homens como ele e como os que compõe o seu directivo que me fazem orgulho em dizer em toda a parte que sou de Marvão. É esta a verdadeira fibra que faz as nossas gentes. Nada mais posso fazer que dizer-lhes um sentido BEM-HAJAM, de profunda admiração.

Em terceiro lugar, queria fazer uma homenagem muito sentida ao meu sogro, João Manuel Lança, grande Amigo e um homem que tem a alma do Arenense a correr-lhe no sangue. São célebres as suas tiradas em família quando diz: “Já ganhou o Benfica e o Arenense, só falta perderem o Porto e o Sporting”. Pois este foi um daqueles que sonhou o Arenense e NUNCA, NUNCA o deixou. Na minha maneira de ver as coisas, é isso que o distingue de todos os outros. Há os que vão, os que saem e regressam e... há o João Manuel, sempre, sempre a torcer pelo mesmo lado. Fosse a fazer as pinhatas para os bailes, a orientar ou a treinar as equipas, a apanhar os jogadores ou a vender minis no bar, nunca deixou, por um segundo que fosse, ficar mal o clube do seu coração. Bem sei que não é grande homem em termos de estatura, mas quando olho tantas vezes para o seu trabalho de décadas neste clube, impõe respeito a sua enorme estatura. Tantas vezes na sombra (não por falta de vontade, mas sim porque nunca aceitou o protagonismo), nunca deixou de pensar sempre que tinha ali mais um filho que era preciso ajudar a criar todos os dias. Já é altura de aprendermos todos que as homenagens póstumas não levam a lado nenhum. Deus queria que continue cá muitos e bons anos connosco e vá já bem velhinho, com cento e muitos, de preferência num ano em que o Glorioso seja campeão, mas já vai sendo altura de se pensar em dar o devido valor a quem tanto trabalhou abnegadamente por essa casa.

Meu santo sogro, pode ter a certeza que o seu esforço jamais cairá em vão! Quando hoje assisto a um jogo dos mais pequenitos e vejo o Amor e a Devoção de pessoas como o Luís Barradas, o Ginja, o Márcio e o Rumeniga, vejo que há toda um aprendizagem que receberam de si e vão passando de geração em geração. Isso jamais se apagará!

Quando me convidaram a visitar o Estádio da Luz na excursão que serviu de prémio de jogo aos recém-campeões do ano passado, houve muitos momentos de entre-ajuda entre técnicos e jogadores que me tocaram profundamente. Muitas daquelas crianças veem nos técnicos, os pais que não têm em casa e por diversas vezes dei por mim a admirar o respeito e a união tão forte que os une. Pena é que muitos desses pais, nem aos jogos assistam, para poderem ver como é...

Em quarto lugar (desculpem lá, mas estive muito tempo calado!) gostava de me dirigir Jorge Miranda, a quem eu, e todos os miúdos da Beirã! gostávamos tanto de chamar “Orelhas”. Ó amigo, essa idéia do jantar ou almoço ou lá o que for, parece-me perfeita e aliás, creio que não há outra volta de encerrar o assunto. Mas não te esqueças que é muito feio dizer que sim e depois deixar o assunto cair em saco roto. Como não convém que te esqueças que da última vez que vieste a um almoço desses... tivemos que te ir levar a casa com um tiro em cada asa, daquelas à antiga portuguesa! Vá lá, valentão! A ver se não te falta a genica e diz lá em que dia é; e onde é que fazemos as inscrições”.

Uma última palavra para os meus companhieros de aventuras GDAenses! Eu também aprendi muito cedo o valor dessa casa e quando olhamos para ela não apenas como um clube de futebol mas como uma INSTITUIÇÃO, a coisa fica grande demais.

Quando perdemos o meu pai, o meu irmão jogava no Arenense. Nessa altura, o mister e os colegas, escolheram-no para capitão da equipa e só eu sei o peso que aquela fita teve na sua e na nossa vida de então. Numa altura em que o desnorte teria sido o mais fácil, lembro-me da responsabilidade e da importância que dava a cada treino e a cada jogo, de como se deitava sempre cedo e adormecia extenuado pensando na bola e evitando outras coisas bem mais infelizes.

Com o Jaimita e outros companheiros como o Bananitas e o Reis, vivemos o GDA como nunca. Nos torneios de futsal fundámos os Couve-Rôxa e depois os Couve-Selvagem, na segunda encarnação. Dominámos altas matinés e intervalos de bailaricos e ali, creio eu que não estou a dizer mentira nenhuma, passámos literalmente de meninos a adolescentes, ou homenzinhos, como quiserem. Ali ganhei eu as primeiras coroas como empregado de balcão, nas férias da faculdade, e ali aprendi tanta coisa com taaaaaaaanta gente e foram muitos os que deram tanto ao Arenense sem pedir nada em troca.

Que saudades, meus amigos... que saudades dessa mesa de snooker, desse bilhar, dessas setas, dessas suecadas, desses matraquilhos loucos em rodadas de minis, dessas matinées intermináveis, desses bailaricos que nos levavam até à padaria, madrugada dentro, dessas noitadas.

Que saudades desse companheirismo e dessa amizade. Que saudades de nós quando éramos assim.

Mas há algo que ninguém jamais nos pode tirar: a alegria de nas nossas memórias podermos reviver esse passado comum tão lindo!

Para finalizar, como Presidente, Fundador e único Sócio da Claque “Ultras do Outeiros” com as quotas em dia, devo dizer, que um dos maiores tesouros que tenho em minha casa guardados, dorme numa caixinha de cartão forrado e foi-me entregue em mãos por outro mítico do nosso clube, o nosso eterno Mário Silva, e esse tesouro de que vos falo é a sua braçadeira de capitão, no único ano em que fomos Campeões de Séniores! Disse-me então “esta é para ti! Estava prometida e bem a mereces!”.

Fica para os netos e para que a memória nunca esqueça.

Viva o GDA!

PS: Apenas uma nota final de rodapé: atendendo que,

1) O clube fez recentemente as Bodas de Prata;
2) As fotos que estão emolduradas na sala nº 1 são uma maravilha;
3) A paixão de tantos por esta casa é tão grande como se pode comprovar nos comentários atrás;
4) Há muitas histórias e muitas mais fotos nas gavetas de casa de cada um;
5) O actual dirigente é dono de uma tipografia e podia facilitar a empreitada;

Porque não pensar num livro / folheto / brochura que conte a história do nosso Clube?

A julgar pela qualidade dos textos acima transcritos nos comentários diversos, não faltarão certamente escribas de qualidade, mas ainda assim ofereço os meus préstimos de muito boa vontade.

Só falta um carola que se chegue à frente. Sabem bem que o tempo é um dos meus mais escassos recursos.

Um grande abraço,

do Sabi

Bonito disse...

Com tantos elogios ao sogro mútuo, temo que o meu agregado familiar tenha acabado de perder os seus 50% da herança! Bom, mas isso resolvemos depois…

Vou exagerar…desta vez… vou fazer um segundo comentário.

Cheguei há pouco do trabalho e, enquanto trocava de roupa, a Paula (que acompanha também este “sítio” com muito interesse) comentou: O último texto já tem 19 comentários! (ontem só tinha 10)

Se fosse crente dizia-vos que jurava, como não sou acreditem se quiserem, mas perante aquela afirmação dei por mim a meditar que, com o interesse que o GDA desperta (tantos que cresceram neste clube), seria giro fazermos duas coisas, nestes tempos de renascimento das cinzas, em jeito de relançamento:

1 – Um almoço/jantar de reunião dos Arenenses (Directores, jogadores, sócios e simpatizantes) actuais e antigos.

2- Um livro de memórias (do género daquelas que aqui foram surgindo)

Jantei inadvertidamente com alguma rapidez e, ainda trincava a fruta, já estava a ligar o computador.

E deparei-me com isto!!!!!!!!

Conclui-o que, muito provavelmente, outros também tiveram as mesmas ideias. Porque não são só ideias, são vontades!

As ideias aos seus donos! Os “pais das crianças” foram o Orelhas e o Sabi. Eu, ofereço-me como padrinho. Participaria, activamente, no certame e contribuiria com as minhas humildes e sofrivelmente escritas memórias.

Termino, sublinhado as palavras desse exemplo de excelente personalidade (como G.R. nem por isso!! Ah ah ah!), o amigo Nuno Macedo, deixaram-me ainda mais orgulhoso de ser Arenense…


Grande Abraço

Bonito Dias

Jorge Miranda disse...

Caros amigos,
Penso que uma data engraçada seria o 5 de Outubro, é uma sexta-feira, dá-nos tempo para recuperarmos do esforço do almoço.
Mas não podemos deixar passar a oportunidade de dar uns pontapés na bola ou nas canelas (o Zé Alves dizia; que a bola passa sempre entre a nossa bota e a canela do adversário), que vos parece a ideia?
Marcávamos a convocatória para as 10.00 h no melhor estádio do país (Campo dos Outeiros) o que não deixaria de ser divertido.
Em relação ao restaurante teríamos que ver conforme as inscrições.
Deixo o meu E-mail para as inscrições, por isso façam favor de divulgar.
Mirandinha_s@hotmail.com

Bonito disse...

A mim parece-me bem.

Na sequência da disponibilidade anteriormente prometida comprometo-me, enquanto membro da actual Mesa da Assembleia Geral (com sua licença sr. Presidente Buga!, a transmitir "formalmente" esta embrionária ideia ao actual Presidente da Direcção, que por acaso também é meu cunhado (tenho cunhados muito importantes...)e deixo o meu nº de telemóvel para possíveis contactos de eventuais interessados. 961508642.

Como Vêem sou um "padrinho" presente, activo e interessado!

Grande Abraço

Bonito Dias

joao carlos disse...

penso que o livro tem pernas para andar!
deveria de ser o livro de memorias do G.D.A.

Poderia ser lancado em 12-12-2008, data do 30º aniversario do GDA.

MA disse...

Pedro, não resisto a mais uma vez dar-te os parabéns! Este blog tornou-se uma confluência de vivências, experiências e desabafos...
É com prazer que vou percorrendo as vossas histórias. O blog é o teu Livro, em que quase todos os dias encontro um novo capítulo, que me vai reavivando também algumas memórias de infância.
Um abraço

José Gabriel disse...

Pois é, gostaria de acrescentar algo a uma frase do amigo Nuno Macedo " por todos os clubes que representei neste distrito foi onde fui melhor recebido, e tratado" Amigo Nuno tenho que dizer a ti e a todos os que queiram perder o seu tempo a ler este post, que nao sei em quantos clubes jogaste,porque tu jogavas mesmo! Que apesar de se calhar poucos se lembrarem de mim ,ou nao,no G.D.A. tambem eu consegui enganar alguns treinadores deste distrito, em como jogava a bola e posso te dizer que foram ha volta duns 10 clubes,mas gostaria de realçar a tua frase, para nao me afastar da ideia deste post pois falar sobre o G.D.A traz me a nostalgiade outros tempos,em que tinha menos 10 kilos por exemplo....TAMBEM EU JOSE GABRIEL de meu nome nunca me senti tao em "casa" como numa "casa" que nao era minha, mas onde fui adoptado foram 5 epocas onde TODAS as pessoas me trataram bem ao ponto de nos fins de semana que nao havia jogo, eu ir sozinho + a minha namorada, hoje minha mulher passaer a Santo Antonio das Areias,que saudades....contem comigo para esse almoço.
Relativamente ao "treinador" Bugalhao gostaria de recordar uma pequena historia que se passou comigo, enquanto envergava a camisola do G.D.A.
A epoca ja nao me lembro fomos jogar a Povoa nao me lembro do resutado mas quando faltavam 5 minutos para acabar o jogo e o jogo estava parado para alguem receber assistencia, eu olho e nao é que o fiscal de linha tinha a placa com numero 5 levantada,era o meu numero naquele dia, comece logo a chamar nomes ao treinador " sou sempre eu,....nao percebes nada disto etc ..."ate que comeca toda a gente a dizer que eu tava maluco,e tava mesmo, e eu abri bem os olhos e era a placa dos descontos..... este homen ja foi muito injusticado. Abraco a todos os que amam o ARENENSE


viva o G:D:A:

Jorge Miranda disse...

Não estou a escrever no último post do Pedro, porque acho que á coisas demasiado sérias para serem levadas com leviandade e o meu AMIGO Maroco {é} porque os amigos não morrem, uma pessoa séria.

Em relação á nova data para o almoço que estávamos ou estamos a organizar, quero apenas acrescentar 2 ou 3 coisas;

1º Pretendia-se ou pretende-se fazer apenas um encontro informal aberto a antigos jogadores, treinadores e dirigentes e a todos os que colaborarem no GDA, isto é uma iniciativa espontânea, porque eu duvido das coisas muito elaboradas…

2º Já que a nova data proposta também não coincide com a data da fundação do GDA, não vejo qual a diferença de ser em Outubro ou em Dezembro, mais para o ano o Arenense faz 30 anos, penso que uma festa como o Buga está a propor faria mais sentido nessa ocasião.

3º Já havia inscrições on-line, penso é que não temos que ser seguidistas, após vários contactos efectuados a única pessoa que contactei e discordava imaginem quem é…o Buga pois claro, afirmou que a ideia já andava á muito no ar e que só agora há hipoteses de ser concretizada ( os problemas de concretização daquela faixa étaria são por demais evidentes)

Arenense disse...

Quero também dar o meu contributo para a enorme estória (agora é assim, paciência) do NOSSO ARENENSE, se me for permitido.
Ia no principio o ano de 1979, e os já mencionados impulsionadores decidiram que clube sem futebol a participar não era clube e como a equipe sénior disputava o Inatel da altura, o departamento de prospecção decidiu que somente havia atletas para se disputar o campeonato de juvenis, e em boa hora se decidiram por colocar os jovens da altura a praticar o desporto favorito o FUTEBOl.
Treinador Manuel Freire
Os Jogadores....várias vedetas de então, nas quais me incluo.
Ponto assente os livros começam pelo princípio e o início em Futebol foi a minha equipa de juvenis.
Conto então o nosso primeiro episódio em termos futebolisticos e de excursionista:

Jogo Domingo no CRATO
Noite mal passada, concentração á porta da SEDE
8,30 Todos e sem o transporte aparecer
João Filipe impaciente vai buscar a camioneta do pão, os bancos eram os do agora GDA (vermelhos e amarelos, salvo erro)
Todos para dentro da camioneta e pouco barulho senão ainda sou multado...quando chegarmos ao campo eu paro antes para se apearem.........palavras de um douto....o amigo João Filipe, que apos uns metros a pé nos disse se não ganharem para lá vão a pé)
Chegamos meio ou até inteiros de cheios de farinha foi uma festa que não esqueço.........Primeiro jogo do G.D.A. ......... empatámos, não foi mau... até a proxima

Arenense disse...

Quero também dar o meu contributo para a enorme estória (agora é assim, paciência) do NOSSO ARENENSE, se me for permitido.
Ia no principio o ano de 1979, e os já mencionados impulsionadores decidiram que clube sem futebol a participar não era clube e como a equipe sénior disputava o Inatel da altura, o departamento de prospecção decidiu que somente havia atletas para se disputar o campeonato de juvenis, e em boa hora se decidiram por colocar os jovens da altura a praticar o desporto favorito o FUTEBOl.
Treinador Manuel Freire
Os Jogadores....várias vedetas de então, nas quais me incluo.
Ponto assente os livros começam pelo princípio e o início em Futebol foi a minha equipa de juvenis.
Conto então o nosso primeiro episódio em termos futebolisticos e de excursionista:

Jogo Domingo no CRATO
Noite mal passada, concentração á porta da SEDE
8,30 Todos e sem o transporte aparecer
João Filipe impaciente vai buscar a camioneta do pão, os bancos eram os do agora GDA (vermelhos e amarelos, salvo erro)
Todos para dentro da camioneta e pouco barulho senão ainda sou multado...quando chegarmos ao campo eu paro antes para se apearem.........palavras de um douto....o amigo João Filipe, que apos uns metros a pé nos disse se não ganharem para lá vão a pé)
Chegamos meio ou até inteiros de cheios de farinha foi uma festa que não esqueço.........Primeiro jogo do G.D.A. ......... empatámos, não foi mau... até a proxima