captadas com um Nokia N70 já usadote mas que serviu bem para o efeito.
Os momentos que antecederam o início do espectáculo foram de expectativa.
Que Jorge Palma se apresentaria ali nesta noite? Em que estado e com que disposição?
Os relatos atribulados de anteriores concertos e os muitos episódios rocambolescos que ajudaram a criar uma aura mística sem par, digna desta figura icónica na música portuguesa, adensavam o mistério.
A sua fama de boémio, de ébrio, de libertino, a longa e pública relação de excessos com o álcool e com a vida deixavam no ar uma bruma de dúvidas sobre o espectáculo ao qual iríamos assistir.
Para mim, a excitação era ainda maior por ser a primeira vez que o via actuar depois de ter perdido algumas exibições por inusitados acasos sendo o mais flagrante o do concerto de Marvão, ao qual falhei por ser em vésperas de exame final de admissão às Finanças. Esse ficou-me atravessado e deixou-mas prometidas.
Felizmente, o Jorge Palma do CAEP na noite de 15 de Março de 2008, foi um Jorge Palma no seu melhor, ou por outras, um grande Jorge Palma.
As luz ténue que acompanhou a sua entrada revelou-nos um palco despido, onde apenas contava um piano, dando o mote para uma noite de récita solitária.
Todo de negro, com ar simpático e sorridente, apenas acompanhado por uma guitarra acústica, arrancou de pé a fundo para uma noite memorável protagonizada por um Palma em todo o seu esplendor.
Connosco esteve o poeta, o guitarrista virtuoso, o brilhante pianista, o grande músico, o animal de palco… o Palma entertainer, que conta piadas, quebra silêncios, interage com a plateia e reclama por um mais que merecido copo de vinho que teimou sempre em não chegar.
O bilhete dizia “Jorge Palma – Voo Nocturno” mas o que nós vimos foi muito mais que a apresentação do seu último e mui aclamado trabalho.
Após dois ou três temas novos onde passou com distinção provando que uma só guitarra pode ter tantos cambiantes, sentou-se ao piano e desfilou os obrigatórios “Frágil”, “Dá-me lume” e “Bairro do Amor” e os não tão óbvios “Disse fêmea” e “Estrela do Mar”, este último numa interpretação particularmente magnífica.
Sumptuoso e inesquecível o medley do poema musicado de Al Berto “Acordar tarde” e a “Valsa de um homem carente” de Carlos Tê.
Chamou então a si o seu filho Vicente, companheiro já habitual nestas andanças pelos palcos e a duas vozes (de timbres idênticos) e a duas guitarras contaram a história do “Jeremias, o fora-da-lei”, passearam pela “Terra dos Sonhos” (onde a gente trata a gente toda por igual) e terminaram numa cavalgada épica com uma interpretação bem esgalhada e quase western de “Dormia tão sossegada”.
Depois sentou-se, olhou para o line up na folha junto aos pés, sorriu e disse: “e agora é hora de ir-me embora” e saiu, fazendo graça à sua falta de atenção.
Regressou para o “já planeado” encore e saiu com a plateia de pé, rendida à sua hora e meia de encantos.
A magia não é negra, nem se esconde na manga, mas acontece de cada vez que um homem só, de tão pequena estatura, consegue sacar algo de dentro de si que o agiganta ao ponto de encher o palco, a sala e as nossas mentes e corações.
Louvor e distinção para o excelso trabalho de iluminação de Carlos Gonçalves que verdadeiramente roçou a perfeição. Genial na materialização dos cenários sonoros e no acompanhamento dos temas, ilustrando-os, imprimindo-lhes força e vida, ajudando-nos a compreende-los e a admirá-los em toda a sua magnitude. Notável!
Um serão de qualidade e as minhas óbvias e reconhecidas felicitações para o CAEP e seu staff, colega Polainas e Quim Zé, sempre, sempre brilhando na escuridão do backstage com um impressionante low profile.
Uma última palavra para o meu querido amigo Rui Pescada, de quem tanta vezes me lembrei durante a coisa. Há muito que eu ouvia o Jorge Palma, há muito que rodava e cuidava os seus discos, mas foi contigo que eu verdadeiramente me tornei fã, à pala também da tua devoção.
O lugar ao meu lado esteve vago. Continuo a pensar que era o teu!
Ainda o havemos de ver juntos!
Grande abraço!
Também extensível ao João André (pela lembrança do ingresso) e ao Hernâni e respectiva Fernanda, pela carona e companhia.
Foi bom, pá!
Que Jorge Palma se apresentaria ali nesta noite? Em que estado e com que disposição?
Os relatos atribulados de anteriores concertos e os muitos episódios rocambolescos que ajudaram a criar uma aura mística sem par, digna desta figura icónica na música portuguesa, adensavam o mistério.
A sua fama de boémio, de ébrio, de libertino, a longa e pública relação de excessos com o álcool e com a vida deixavam no ar uma bruma de dúvidas sobre o espectáculo ao qual iríamos assistir.
Para mim, a excitação era ainda maior por ser a primeira vez que o via actuar depois de ter perdido algumas exibições por inusitados acasos sendo o mais flagrante o do concerto de Marvão, ao qual falhei por ser em vésperas de exame final de admissão às Finanças. Esse ficou-me atravessado e deixou-mas prometidas.
Felizmente, o Jorge Palma do CAEP na noite de 15 de Março de 2008, foi um Jorge Palma no seu melhor, ou por outras, um grande Jorge Palma.
As luz ténue que acompanhou a sua entrada revelou-nos um palco despido, onde apenas contava um piano, dando o mote para uma noite de récita solitária.
Todo de negro, com ar simpático e sorridente, apenas acompanhado por uma guitarra acústica, arrancou de pé a fundo para uma noite memorável protagonizada por um Palma em todo o seu esplendor.
Connosco esteve o poeta, o guitarrista virtuoso, o brilhante pianista, o grande músico, o animal de palco… o Palma entertainer, que conta piadas, quebra silêncios, interage com a plateia e reclama por um mais que merecido copo de vinho que teimou sempre em não chegar.
O bilhete dizia “Jorge Palma – Voo Nocturno” mas o que nós vimos foi muito mais que a apresentação do seu último e mui aclamado trabalho.
Após dois ou três temas novos onde passou com distinção provando que uma só guitarra pode ter tantos cambiantes, sentou-se ao piano e desfilou os obrigatórios “Frágil”, “Dá-me lume” e “Bairro do Amor” e os não tão óbvios “Disse fêmea” e “Estrela do Mar”, este último numa interpretação particularmente magnífica.
Sumptuoso e inesquecível o medley do poema musicado de Al Berto “Acordar tarde” e a “Valsa de um homem carente” de Carlos Tê.
Chamou então a si o seu filho Vicente, companheiro já habitual nestas andanças pelos palcos e a duas vozes (de timbres idênticos) e a duas guitarras contaram a história do “Jeremias, o fora-da-lei”, passearam pela “Terra dos Sonhos” (onde a gente trata a gente toda por igual) e terminaram numa cavalgada épica com uma interpretação bem esgalhada e quase western de “Dormia tão sossegada”.
Depois sentou-se, olhou para o line up na folha junto aos pés, sorriu e disse: “e agora é hora de ir-me embora” e saiu, fazendo graça à sua falta de atenção.
Regressou para o “já planeado” encore e saiu com a plateia de pé, rendida à sua hora e meia de encantos.
A magia não é negra, nem se esconde na manga, mas acontece de cada vez que um homem só, de tão pequena estatura, consegue sacar algo de dentro de si que o agiganta ao ponto de encher o palco, a sala e as nossas mentes e corações.
Louvor e distinção para o excelso trabalho de iluminação de Carlos Gonçalves que verdadeiramente roçou a perfeição. Genial na materialização dos cenários sonoros e no acompanhamento dos temas, ilustrando-os, imprimindo-lhes força e vida, ajudando-nos a compreende-los e a admirá-los em toda a sua magnitude. Notável!
Um serão de qualidade e as minhas óbvias e reconhecidas felicitações para o CAEP e seu staff, colega Polainas e Quim Zé, sempre, sempre brilhando na escuridão do backstage com um impressionante low profile.
Uma última palavra para o meu querido amigo Rui Pescada, de quem tanta vezes me lembrei durante a coisa. Há muito que eu ouvia o Jorge Palma, há muito que rodava e cuidava os seus discos, mas foi contigo que eu verdadeiramente me tornei fã, à pala também da tua devoção.
O lugar ao meu lado esteve vago. Continuo a pensar que era o teu!
Ainda o havemos de ver juntos!
Grande abraço!
Também extensível ao João André (pela lembrança do ingresso) e ao Hernâni e respectiva Fernanda, pela carona e companhia.
Foi bom, pá!
4 comentários:
O Jorge Palma é daqueles tipos que vão ficar para sempre. Nunca se sabe em que estado vai aparecer, mas com ele o espectaculo é garantido. Já vi umas 4 ou 5 vezes e todas elas tiveram sabor diferente. No Sudoeste tiveram que o ir buscar ao palco porque voltou para fazer o encore sozinho e tocou mais 45 minutos. Estava bebedissimo e não se queria ir embora. O Flak agarrou nele e levou-o em ombros. Nem vale a pena dizer que o ultimo concerto da noite começou com quase 2 horas de atraso por causa dele.
Já em Faro, na semana academica, tive a oportunidade de o conhecer enquanto dava autógrafos
no Faro Shopping. Eram 2 da tarde, ele estava completamente sozinho e bebia um copo do GIN do tamanho do mundo. Nas duas ocasiões o público delirou com o concerto. Já tens falado em muitos posts no Tiago dos
Toranja, no David, etc, e que eu também adoro. Mas enquanto o Jorge tiver força nas canetas, vai continuar a ser o maior poeta, musico e compositor português.
Boa tarde! Gostaria que desse autorização de forma a publicarmos este seu artigo sobre o concerto do Jorge em Portalegre em www.bloguepalmaniaco.blogpot.com
contacto: ladoerradodanoite@hotmail.com
A pedido do amigo BONITO e devido a problemas técnicos no seu PC que lhe impedem de entrar nesta santa tasca, passo a copiar, a seu pedido o seguinte comentário:
O concerto do Jorge Palma no CAE de Portalegre foi mesmo extraordinário, como extraordinária é esta crítica ao mesmo, digna de qualquer publicação com tiragem a nível nacional! Parabéns ao JP e ao PS!
Caminhada - Para o lanche/jantar vamos três: dois jovens adultos e uma pequena de quatro anos. À caminhada a minha parceira também vai se houver mais inscrições para além dos habituais porque, parece, “não está na disposição de aturar, sozinha, as conversas/bocas/discussões do cinco marretas”!
aqui se inscrevem no jantar mais dois jovens adultos e uma bebé de 1 ano (que só precisa de um espaço para o carrinho, já vai jantada). Gostariamos muito de ir ao passeio mas não dá porque eu estou a trabalhar. Já repararam que pelo menos três mulheres não vão à caminhada porque estão a trabalhar? Pois é, assim se vê!!!
Até sexta
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