sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Carta aberta ao Director

(clica, clica)
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Recebi esta carta do nosso PM que certamente não me levará a mal a inconfidência. Publico-a sobretudo porque me parece que ajuda, de alguma forma, a compreender o estado de espírito do homem-forte do governo e até acaba por legitimar certos e determinados comportamentos, prestando assim um inquestionável serviço público.


São Bento, Lisboa, 6 de Fevereiro de 2008


Meu caro Pedro,

Como deves saber, as coisas não estão propriamente “porreiras, pá” para o meu lado.

Tudo começou a descambar no início do ano passado, com a porcaria da lei do fumo e aquele lamentável episódio do avião quando fui visitar o troglodita do Chávez. Uma cena… nem queiras saber. Mas quem é que me havia de dizer que os cabrões dos jornalistas (que ainda por cima foram à boleia), me haviam de enterrar daquela maneira? Se tenho sabido, tinha mandado largá-los em pleno Atlântico. Mas já sabes como é… o portuguesito… tem sempre sorte e eu aí também me safei de mal maior. Se os gajos têm descoberto que os cigarrinhos eram de mistura, ainda por cima de qualidade suprema… tínhamos ido todos dentro. Bem… o Pinho tinha um estalo em cima que nem se mexia. Foi de tal ordem que quando chegámos a Caracas, o tipo ia a dormir e quando acordou perguntou se já estávamos em Fátima, vê-me bem. Demais…

Isto tem sido duro, pá. Depois foi a história das folhas de assiduidade da Assembleia da República (sabes que sempre fui um às a copiar e falsificar assinaturas…) e o folhetim da licenciatura na Independente (Inglês Técnico? Yes, weekend!). Meses a correr à frente dos cães…

Agora, atiram-me com esta dos projectos de arquitectura que assinei (eu não disse que os tinha feito! As casas são horríveis! Mesmo de emigras…) lá para a Guarda e a cena do Freeport que é do tipo a “cereja no cimo do bolo”.

Horrível, pá! Imagina se os gajos tivessem descoberto que naquela tarde também estava na casa de Elvas, a jogar monopólio e a beber Capri-Sonnes de maracujá no quarto ao lado. Era o meu fim… estava feito… nem as eleições para o Clube Filatélico lá do bairro ganhava, quanto mais...

Olha, nada, escrevo sobretudo para te dizer que no meio destes apertos todos, o teu blogue tem sido uma safa e ainda vai sendo das únicas cenas que me faz rir. Verdade, pá! Continua sempre a dar-lhe.

Como não tenho tido tempo de aceder à internet no pc lá de casa e como tenho a porcaria do Magalhães avariado, a malta do partido saca-me os teus últimos textos em papel e mete-mos na pasta para que os possa ler quando o Louçã liga a cassete que o Carvalhas lhe vendeu em segunda mão. Só assim é que consigo aguentar aquilo… Até te mando uma imagem que comprova precisamente isto de que te falo, para que vejas que pelo menos desta vez, não minto.

Viste aquela que eu fiz ao Luís Amado na Cimeira de Lisboa, quando fingi que o ia cumprimentar e lhe fiz uma “chicuelina” à última hora quando ele me esticou a mão? Eh, eh. As coisas que eu aprendo contigo… Ès uma máquina! Impagável!

E a chamada que eu fiz ao Zapatero quando ele limpou as eleições? Ouviste bem o meu castelhano? Valeram bem as horas em que me estiveste a dar umas dicas ao balcão do bar irlandês aí em Valência de Alcântara e no tal barzinho brasileiro da fronteira… Como é que era bem o nome… Ti.. Ri… TIRI-BIRI? “Estói…estói? Jiosei Loíse? Daqui Siócratis. Olhia, muches parabiénes, pá. Jia estiás siafo por muches más quatre anis…Meu sacaneri die primieri…”.

Disseram-me que vinhas cá a Lisboa agora no dia 15 ver o concerto dos Oasis no Pavilhão Atlântico. Diz qualquer coisa. Dá-me um toque para o telemóvel. Vamos aí beber um copo. Eu ligo para o Passerelle (há lá carninha fresca…) e depois podemos ir ao Bairro beber um “Pontapé na c**a!” que tu tanto gostas. Para finalizar a noite, a bela sandes de courato com pintelho nas roulotes junto à Catedral da Luz, acompanhada com uma média de granada (daquelas que já não se comercializam) para não embaçarmos. Conheço-te tão bem…

Isto… tristezas não pagam dívidas e a malta tem de ir gozando porque quando acabar o mandato e os laranjas tomarem conta disto, o mais certo é ter de bazar para as Ilhas Caimão para gerir os fundos offshore do meu Tio Júlio e depois nunca mais nos vemos tão depressa. Afinal, ele confia mais em mim do que nos tontos dos filhos e quem é que vai tomar conta de tanto dinheiro senão quem lho deu a ganhar?

Ai tinhas dúvidas? Eh, eh. Brincalhão. Apanhas-me sempre…

Grande abraço, Estaremos em contacto…

Sempre teu,

Zézinho

6 comentários:

Clarimundo Lança disse...

O chefe das finanças não te topa, o gajo é manhoso.

John The Revelator disse...

LOL GENIAL!!!! Caguei-me a rir.
Abraço

Robson Lima disse...

Amigo Pedro, não entendi ao certo as piadas que estão no texto, mas me chamou particular atenção a parte que trata de um barzinho brasileiro lá na fronteira. rsrsss. Deu assm um arrependimento de não ter ido lá conhecer o T... não sei se posso falar o nome.

Abraços, fica para a próxima.rsrsrsrsrsr

Pousadas disse...

Se o Zézinho nos levar á Paserelle no dia 15 vou convida-lo pra proxima Tertúlia!!

Fernando disse...

Eu também me caguei a rir...
Só faltam aí umas referências à F. Câncio e companhia... talvez umas visitas conjuntas à Passerelle...
Mas cuidado, leva sapatos e não ténis à Passerelle se não ele entra e tu não...
Abraços

rosaria disse...

Parabens