Uma das coisas que eu adoro na Câmara é o meu gabinete.
O meu gabinete parece o quarto de um adolescente porque tem as paredes forradas de cartazes de eventos que eu organizei, fotografias, pequenas recordações, bilhetes, notas, apontamentos e outros souvenirs.
O meu gabinete não parece o gabinete de um vereador e é por isso que as pessoas que nele entram ficam com a boca aberta a olhar em volta… uns com ar mais discreto, pelo canto do olho, tossindo e fingindo não reparar quando os meus olhos tocam os seus; outros mais exuberantes, sorrindo, rindo, ou mesmo comentando “olha aquilo que engraçado”.
Eu só sei estar em sítios onde me sinto confortável e bem e no meu gabinete eu sinto-me assim… em casa. Quando ganhámos a câmara o gabinete era frio e austero. A mobília era lindíssima, de pau preto, e fazia tudo parecer um relicário. A cadeira, então… era dura como cornos e quem se sentou nela antes de mim não deve lá ter metido o rabo muito tempo porque senão tinha feito imediatamente aquilo que eu fiz com a minha: tive uma conversa com ela, disse-lhe que poderia ser muito linda para um museu mas que a mim não me servia porque me fazia doer as costas, os rins e sobretudo o cú mesmo. Dei-lhe uma guia de marcha.
Depois enchi as paredes brancas de coisas que me dessem alegria, que me fizessem sentir acompanhado, que me ajudassem a fugir da solidão.
Mas o melhor do meu gabinete é a vista deslumbrante para a paisagem. Depois de tanta chuva, hoje de tarde, quando o sol me bateu à janela para entrar, eu abri as portadas e respirei o ar puro e pensei que era tudo tão bonito que tinha de o partilhar com alguém. Tirei uma foto e pensei que não podia ficar só fechada dentro do meu telemóvel. Como é muito pouco provável que a Caras, ou a Lux, ou a Hola ou a Rabos venham visitar-me para que revele o meu mundo profissional, decidi fazer um “gabinete aberto” aos leitores do meu blogue e aqui está.
O meu gabinete não é muito diferente do meu quarto de universitário, numas águas furtadas ali na Manuel Arriaga às Janelas Verdes. Eu gosto muito do meu gabinete e já tenho saudades porque no meu serviço das Finanças não posso colar nas paredes fotografias minhas a rezar aos pés da estátua do Rei Eusébio nas imediações da Catedral da Luz.
Eu gosto do meu gabinete porque há sempre música, seja ela na Antena 3 ou nos discos pedidos da Rádio Portalegre que eu adoro.
Quando sair, vou retirar tudo para deixar limpinho para quem vier a seguir. Vou mandar pintar, vou deixar tudo num brinco mas depois vai ser igual a tantos outros gabinetes quaisquer e não o gabinete de um menino que cresceu e teve um cargo de muita responsabilidade.
Esse gabinete vou trazê-lo sempre comigo.
O meu gabinete parece o quarto de um adolescente porque tem as paredes forradas de cartazes de eventos que eu organizei, fotografias, pequenas recordações, bilhetes, notas, apontamentos e outros souvenirs.
O meu gabinete não parece o gabinete de um vereador e é por isso que as pessoas que nele entram ficam com a boca aberta a olhar em volta… uns com ar mais discreto, pelo canto do olho, tossindo e fingindo não reparar quando os meus olhos tocam os seus; outros mais exuberantes, sorrindo, rindo, ou mesmo comentando “olha aquilo que engraçado”.
Eu só sei estar em sítios onde me sinto confortável e bem e no meu gabinete eu sinto-me assim… em casa. Quando ganhámos a câmara o gabinete era frio e austero. A mobília era lindíssima, de pau preto, e fazia tudo parecer um relicário. A cadeira, então… era dura como cornos e quem se sentou nela antes de mim não deve lá ter metido o rabo muito tempo porque senão tinha feito imediatamente aquilo que eu fiz com a minha: tive uma conversa com ela, disse-lhe que poderia ser muito linda para um museu mas que a mim não me servia porque me fazia doer as costas, os rins e sobretudo o cú mesmo. Dei-lhe uma guia de marcha.
Depois enchi as paredes brancas de coisas que me dessem alegria, que me fizessem sentir acompanhado, que me ajudassem a fugir da solidão.
Mas o melhor do meu gabinete é a vista deslumbrante para a paisagem. Depois de tanta chuva, hoje de tarde, quando o sol me bateu à janela para entrar, eu abri as portadas e respirei o ar puro e pensei que era tudo tão bonito que tinha de o partilhar com alguém. Tirei uma foto e pensei que não podia ficar só fechada dentro do meu telemóvel. Como é muito pouco provável que a Caras, ou a Lux, ou a Hola ou a Rabos venham visitar-me para que revele o meu mundo profissional, decidi fazer um “gabinete aberto” aos leitores do meu blogue e aqui está.
O meu gabinete não é muito diferente do meu quarto de universitário, numas águas furtadas ali na Manuel Arriaga às Janelas Verdes. Eu gosto muito do meu gabinete e já tenho saudades porque no meu serviço das Finanças não posso colar nas paredes fotografias minhas a rezar aos pés da estátua do Rei Eusébio nas imediações da Catedral da Luz.
Eu gosto do meu gabinete porque há sempre música, seja ela na Antena 3 ou nos discos pedidos da Rádio Portalegre que eu adoro.
Quando sair, vou retirar tudo para deixar limpinho para quem vier a seguir. Vou mandar pintar, vou deixar tudo num brinco mas depois vai ser igual a tantos outros gabinetes quaisquer e não o gabinete de um menino que cresceu e teve um cargo de muita responsabilidade.
Esse gabinete vou trazê-lo sempre comigo.
12 comentários:
Que inveja!
Eu aqui em Lx só vejo prédios e UM pinheiro.
Cumprimentos.
Hola Pedro. Moro en Valencia de Alcántara. Te conocí este verano en la Portagem, en la fiesta de la Gastronomía, yo estaba con Juan el concejal del ayuntamiento de Valencia. Entro cada día en tu blog, cuentas cosas interesantes. Tu despacho me encanta, es muy colorido y tiene una luz magnífica, como no podía ser menos, estándo en Marvao, pueblo al que adoro y visito muy, muy a menudo. Te dejo la dirección de mi blog, espero que alguna vez entres. www.mirincondefotografiayotrascosas.blogspot.com. Un saludo.
Como te compreendo, amigo Pedro.
Esse gabinete e esse lugar onde agora te sentas, já foi o meu poiso durante umas temporadas. Estratosfericamente distantes, tu és o amo eu era o criado. Mas o lugar era o mesmo.
O pensamento que aqui deixas, tive-o eu muitas vezes. É mais uma prova que os animais passam por "aqui" de forma muito volátil. A Natureza, as coisas, essas são mais duradoiras.
Nem nas torres da Expo, nem na Castellana de Madrid, nem mesmo no 100º piso da 7ª ou 8ª avenida de Manhattan, tanto faz, se pude vislumbrar uma paisagem assim, sobretudo o por do sol.
Penso pois, que todos os que tivemos a felicidade de poder entender essa paisagem, já fomos um bocado bafejados pela sorte de a poder ver, de a poder apreciar... É que arroz doce não é pra brutos, diz o povo.
Quanto à decoração, sabes que sou um dos que se "perde" no meio dela, cada vez que entra no gabinete.
Esses cartazes são Pedro Sobreiro. São parte da tua vida e sei que podes sentir diferentes sensações, quando olhas para cada um deles.
Eu também troquei sangue, suor, e lágrimas por cabelos brancos e tiques nervosos em muitos dos grandes eventos de Marvão e sou, quiçá, aquele que em melhores condições está de te entender.
Mas deixemo-nos de mariquices, e termino dizendo de minha justiça:
A muito ignorante e a muito desbocado, o que lhe fazia falta era entrar nesse gabinete e ver, um por um, os eventos que ali estão plasmados em cartazes. E depois, se o seu qi lhe permitir, já pode fazer uma análise do trabalho que há por detrás das coisas que se fazem, por modestas que sejam.
Teóricos, temos para exportação.
A isto chamo eu um luxo :D
(acho que no outro dia passei por ti em Castelo de Vide, estavas perto do estádio!)
o gabinete foi arrumadinho para as fotos!!!!
tou na brinca...só para dizer que a vista, o espaço, o ar que aqui se respira, é de facto um privilégio sem tamanho. É como diz o Garraio, é preciso entender esta paisagem...
Isto ahí é um luxo que só tu possuis, és o Rei do teu mundo, de Marvao, mais, se algún día de ahí saires, vais deixar tantas coisas lá tuas, dentro dessas cuatro paredes, que um pedaço enorme do ti sempre ficará lá dentro..... nao faz mal tu és GRANDE.....
Se algúm día de abalares dese teu cantinho, espero que nao seja para muito longe e desejo, com todas as minhas forças que o teu proximo futuro gabinete, tenha uma paisagem muito parecida a essa que tens agora na tua janela..... igualçinha, se for possivel......
Pedro, penso que debem estar muito atarefados com as comidas de Aceite.... Sabes que vamos lá ir, penso que nao será precisso marcar nada.... nao???.
Já sei que nao gostas muito contestaríos comenários dos teus visitantes, mais eu vou dar a benvinda a Pilole, no final de contas fui eu quem ensinó a muitos espanholes onde fica a "tasquinha do Tí Sabí" e um bocadinho dela também é minha!!!! je, je....
Beijinhos e até depois de amanhá.
Ah! E nao corram muito durante o passeio, nós adoramos de fazer muitas fotografías, e ir falando e ir saboreando aos bocadinhos tudo, tudo .... olha que tu és maratonista.... o como se chame!!!
Agora, finalmente, já percebi porque é que haverá tantas candidaturas à Câmara!
Com essa paisagem, quem é que não gostaria de aí trabalhar? E aposto que até dá para espreitar as “camones”!
Heheheh
Abraço
Bonito
Cada um à sua maneira, mostrou ter compreendido aquilo que quis dizer.
Sei que sou abençoado por poder desfrutar de tudo isto…
E por ter a sorte de contar convosco.
Um abraço a todos…
Parabéns pelo post.
Estás muito melancólico. Deve ser o tempo...
Essas paisagens são as nossas. Inimagináveis para quem não conhece.
Quanto a gabinetes. Eles revelam quem somos, como sentimos, o que fazemos.
Quando cheguei a dirigente da CGTP-IN foi-me dada uma sala, num 2.º andar, com vista para uma rua onde passa o eléctrico, se avista o Castelo de São Jorge e a Sé Catedral. Digamos que não estava mal.
Mas como estamos habituados às vistas de Marvão... Tudo parece tão mais pequeno e insignificante.
Hoje não tenho as paisagens de Marvão, senão em fotos ou em postais, mas depois do último Congresso, passei para um 3.º piso com uma vista deslumbrante para o rio Tejo e para a Câmara de Lisboa. Podia ser pior.
Há dias em que sinto saudades de ver o nascer do sol das vidraças do restaurante da Pousada de Santa Maria, a paisagem da Beirã,de Santo António das Areias e Espanha.
Quando terminar a minha requisição sindical, para lá voltarei a ver nascer o sol...
Abraços
tanto saudosismo já....
hummmm parece-me que com tanto amor, aindas acabas por fazer mais uma jornada...
Eu que estou em marvão á 25 anos, nunca senti que gostava assim tanto da vila, aquando das obras, a vi toda esburacada e descaracterizada, deu-me uma coisa má e apaixonei-me tardiamente. Afinal ninguem fica indifrente a Marvão.
Como já te disse sou fã incondicional do teu blog.
Consegues pôr da forma mais simples os sentimentos mais profundos e sinceros que todos temos.
Mais um post e mais uma vez fico com os olhos cheios de água.
Como percebo o significado de colar um simples poster na parede, ou uns rabiscos de alguns miúdos...
Nesta jornada que só alguns entendem és mestre!
Não te arrependas.
Valeu o esforço.
Fica Bem!
Bjito!
Fica bem!
Fico feliz de ter podido contribuir um pouco na decoração dessas paredes...Foi sem dúvida um grande privilégio!!
Beijinhos e saudades
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