sábado, 28 de fevereiro de 2009
Enterrando... a sardinha! :P (4º Marvão Folião)
CERIMONIAL DO ENTERRO DA SARDINHA
Em nome da Caixa Geral de Depósitos, e do Miléne, e do Totta, e do Espírito Santo e Comercial de Lisboa, amén. Se me dais licença, vou proceder ao início da cerimónia que se faz tarde:
Lá vai o nosso querido folião,
Lá se vai a rampolia,
Lá se vai a grande farra,
E também a nossa alegria.
Nestes dias que passaram,
Divertimo-nos a bom valer,
Comêramos e bebêramos,
Jamais o iremos esquecer.
Começou logo na sexta,
Com o desfile das criancinhas,
Que brincaram pelas ruas,
Onde encantaram com as suas gracinhas.
Primeiro foram os do Infantário,
Os da escola logo a seguir,
Separados sempre é melhor,
Ajudam mais a distrair.
Houve zebras e abelhas,
Raposas e porquitos,
Robots, zombies e índios,
Jardineiros e pretos vestidos de conguitos.
As empregadas iam belas,
Vestidas de joaninhas,
Com umas antenas muito engraçadas,
E umas carapaças às pintinhas.
No sábado veio o baile,
E com ele a magia cigana,
Do grandioso Joselito,
Que este é dos que não nos engana.
Com os seus ritmos infernais,
Meteu todo o mundo a dançar,
E a sala do Grupo Desportivo,
Parecia que havia de rebentar.
Apareceram disfarçados
Muitos casais de mascarados
Que fizeram o gosto ao pé
E pareciam bem animados.
O Abílio e o Carrilho
Deram-lhe depois o todo o gás
Partiram a loiça toda
Fizeram-nos rodar prá frente e pra trás.
As minis da Odete
Também são uma perdição
Fresquinhas e com couratos
Bebem-se de golo ao balcão.
No domingo foi uma alegria,
Nas ruas, uma multidão
Vieram de toda a parte,
Para não perderem a animação.
Apareceram por aí uns ciganos,
Que armaram grande titarada,
Até ouvi o nosso cabo dizer
“Já temos a barraca armada”.
Venderam e roubaram,
Viraram tudo de patas pró ar,
Até o burro ia drogado,
Aí pela avenida a impar.
Das Ludotecas veio a Alice,
Do País da Maravilhas,
Mas houve também uma maternidade,
Um infantário e alguns mascarilhas.
Dos Barretos chegou,
um hilariante conjunto musical,
vinham muito bem dispostos,
tocavam a troco de tintol.
Houve ninfas e mosqueteiros,
Caçadores, agricultores e espontâneos,
E nem faltou o carro da Beirã,
De um meu estimado conterrâneo.
Acabou tudo n’ “A Cave”,
Bailando ao ritmo frenético,
Com umas imperiais geladinhas,
Mais parecia um Trio Elétrico.
O beberete foi boa ideia,
Com uns franguinhos e uns tintóis,
Cada um deu o que pôde,
Não sobrou nada p’ra depois.
Na segunda descansámos,
Preparámos o dia a seguir,
Recarregámos baterias,
Aproveitámos para dormir.
Na terça foi de arromba,
Ainda com mais grupos a desfilar,
Toda a gente bem disposta,
Prontinha para desfrutar.
Uns cozinheiros italianos,
Do mais maluco que pode haver,
Prepararam pratos bizarros,
Que quase ninguém quis comer.
Veio o Shrek e todo o seu reino,
Numa caracterização genial,
Trouxeram brio e qualidade,
Mereciam destaque em qualquer outro Carnaval (Sines, Loulé ou mesmo Rio de Janeiro… mas aí tinham de vir mais despidinhas).
Até o próprio Barak Obama,
Não faltou à inauguração,
Trazia um staff de luxo,
Que até evitou uma explosão, ou um atentado, ou lá o que foi.
Veio um bar Gay dos Barretos,
Com um Sousa sempre a brilhar,
Músicos de grande gabarito,
E uma animação sem par.
Houve lindos espantalhos,
Um belíssimo carro de sereias,
A fabulosa recriação dos capuchinhos vermelhos,
Com lobos, caçadores e belos pares de meias… de renda… justinhas… acho que eram brancas.
Foram tantos, tantos outros,
Os nossos mascarados,
Deixaram a organização feliz,
Pelos excelentes resultados.
É certo que o tempo ajudou,
Deu-nos dias esplendorosos,
Pudemos andar quase nus,
Chegámos a casa sebosos.
Este foi o nosso Marvão Folião,
Não foi de luxo, nem multidoniário,
Mas teve o nosso jeito, o nosso orgulho,
E o nosso imaginário.
Podem haver Carnavais mais ricos,
Mais vistosos, com mais excentricidade,
Mas este é o nosso, é autêntico,
E demonstrou ter muita qualidade (nos carros, nos adereços, nas brincadeiras).
E para culminar,
Este enterro que é uma cremação,
E termina com chave de ouro,
Toda a nossa diversão.
Neste ano com uma novidade,
Cortesia da Junta de Freguesia, (e do nosso amigo presidente Zé Luís)
Depois de o enterrarmos,
Ninguém irá p’ra casa com a barriga vazia.
Tintos e entremeada,
Assada com mestria,
Pelo Beba e Rumeninga,
Uma angelical companhia.
Vivam todos os foliões,
Vivam todos os que participaram,
Por mais este enorme êxito,
maior do que certamente sonharam.
Bem hajam.
Podem pregar fogo ao cabrão e vamos dar ao dente!
Pedro Sobreiro
(Conforme escrito e proferido neste dia aziago)
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