Eu sei que há clientes que não ligam a estas coisas, mas a publicação da minha listinha de discos favoritos do ano já é uma praxe da qual não abdico. Sabe-me bem, sei lá explicar…
E atentai, caríssimos, em verdade vos digo, se uma alminha houver que me dê ouvidos e descubra aqui um prazer proibido que até agora lhe tinha passado ao lado… só isso… já faria tudo valer a pena.
Sendo assim…
1) La Roux – La Roux
Quis o destino que a bomba de 2009 fosse detonada por esta jovem que editou um disco de estreia homónimo a roçar a perfeição. Como tive oportunidade de aqui escrever aquando das primeiras 20 audições… este é um trabalho que tem o melhor dos anos 80 dentro. Uma jóia onde cada tema é um potencial single nº 1. Imperdível!
2) Green day – 21st Century Breakdown
E ao segundo álbum conceptual, voltaram a acertar na mouche! Eu sou fã do punk melódico dos Green Day há muitos anos, há mais de 15, desde que o fabuloso “Dookie” me caiu nas mãos. Depois perderam-se, eu larguei-os e fizemos as pazes no grandioso “American Idiot”. Desta vez voltam a sonhar em grande e fazem a banda sonora do virar de século para uma geração de desalinhados. Rock Mariachi e hinos speedados convivem em harmonia com baladas orelhudas com refrões pop. O vídeo é um mimo visual.
3) Lilly Allen – The Fear
A Lolita drunfada, starlete pop da nação indie regressou em grande em 2009 com melodias catchy, letras cáusticas e grandes vídeos, como este, num cenário retro-country que tem tanto de chugoso como de irresistível. Bem bom!
4) Mando Diao – Give me Fire
Estes suecos sabem-na toda e voltaram a editar mais um compêndio de “Como fazer grande Rock’n’Roll”. Um disco que é uma locomotiva desgovernada disposta a rebentar com plateias em todo o mundo. Um manifesto de subversão.
5) Arctic Monkeys – Humbug
Quando se tem uma banda de estimação, tudo se lhe perdoa. Os Arctic Monkeys meteram-se com o Josh Home e aprenderam a custo próprio que as drogas duras têm consequências por vezes inesperadas. Uma coisa é ser-se jovem e rebelde no Reino Unido e outra bem diferente é aceitar o convite de uma das mentes mais perversas e talentosas do Rock e ir tripar para um estúdio em pleno deserto americano. Digam o que disserem, para mim é bom, muito bom, um dos marcos indiscutíveis do ano que passou. Bastava este “Crying Lightning” para fazer com que tudo fizesse sentido. Mas o disco tem muito mais… Denso e hipnótico, perdê-lo é passar ao lado de algo… deliciosamente perturbador.
6) Prodigy – Invaders must die
Estes anti-heróis dos 90 voltaram pela porta grande com estardalhaço frenético e demolidor. Mestre Flint foi resgatado de uma vivência de drogas duras/álcool e violência e voltou a catapultar a energia subversiva desta banda para o altar que lhe pertence por direito: o palco frente a milhares de ravers e pecadores.
7) Julian Casablanca – Phrazes for the Young
E que fazer quando outros dos nossos heróis regressa a solo? Ouvi-lo até à exaustão! Podemos não ter Os Strokes, cujo já mítico trabalho de estreia “Is this it?” (2001) encabeça agora muitas listas dos discos da década, mas temos a sorte de poder contar com o cérebro do seu frontman, o que já não é pouco! É de aproveitar!
8) Girls - Album
Os Girls são a grande revelação indie de 2009, os MGMT deste ano. Despretenciosos, talentosos e hedonistas, assinaram um dos trabalhos maiores do ano que passou. 2009 também foi deles.
9) The Pains of being pure at heart
Podem não merecer a nota máxima que muitos críticos especializados lhes deram mas a verdade é que quem os ouve, testemunha através deles um legado precioso que tem muito de Smiths, de Wedding Present, de Shop Assistants e outras bandas que assinaram a banda sonora das nossas vidas. Eu adoro!
10) Yeah, Yeah, Yeahs – It’s Blitz
São uma banda incontornável no cenário indie internacional e cada novo disco é sempre uma boa nova. Desta vez, tiveram a bravura de trocar as guitarras pelos sintetizadores, apostaram numa sonoridade electrónica e arrojada, evoluíram sem nunca perderem a identidade. Não há muitas bandas capazes de se poderem gabar de tanto arrojo.
Em em Portugal?
1) Legendary Tiger Man – Femina
O Grande Paulo Furtado pariu mais um disco do ano e já ninguém lhe tira o estatuto mais que garantido de figura de proa da Música que se faz em Portugal. Desta vez mergulhou aos confins do Inferno e seduziu um lote de divas para dar voz a 15 pérolas, umas resgatadas do passado, outras originais de alta categoria. Um disco irrepreensível, feito com muito amor, muita inteligência, e uma dedicação única à causa do Rock. Não é só um dos melhores do ano no nosso país. É um dos melhores em qualquer parte de mundo! 5 estrelas!
2) David Fonseca – Between Waves
O David também dispensa apresentações e está de pedra e cal. Ele sabe o quanto vale o seu talento, sabe o que representa para uma enorme legião de fãs e sabe que à medida que os anos passam, está cada vez melhor. Enquanto tivermos gente desta para nos cantar aos ouvidos… estamos safos!
3) Sean Riley and the Slowriders – Only Time Will Tell
O Sean Riley fez mais um disco clássico de Rock’n’Roll e que bem que lhe saiu. Continua a ser um mistério como é que um puto de Coimbra faz músicas intemporais que podiam ter sido escritas por qualquer um dos grandes mestres americanos, com décadas de experiência à sua frente. Um prodígio!
4) Os Tornados – Twist do Contrabando
Os Tornados são uma das agradabilíssimas surpresas do ano que passou. Recuperando o imaginário das bandas nascidas nos anos 60 que incendiaram os salões de baile por esse país fora e deixaram os corações adolescentes a bater a mil, conseguiram criar um boneco irresistível. Poderiam perfeitamente ter partilhado o cartaz com os Cometas Negros. De cada vez que os ouço só penso no que o meu pai iria gostar disto…
5) Amália Hoje
Digam o que disserem… a verdade é que o conceito é muito conseguido, os arranjos belíssimos e a missão de evangelizar as gerações mais novas com o Universo Amália… mais do que válida. Eu gostei imenso de ouvir apesar da massificação que nestes casos, quase sempre leva à exaustão. O vídeo este é que é do piorzinho mas prontos… achei que levar com o outro mais uma vez seria demais…
6) New Max – Phala Solo
Se eu mandasse… este miúdo ganhava um prémio dos grandes. Porque é ultra-talentoso e porque provou estar à frente de todos os seus pares na compreensão da actual situação da indústria discográfica, ao disponibilizar on line, de forma totalmente gratuita o seu novo trabalho. Quando os artistas reconhecerem que a sua salvação não está nos discos mas nos espectáculos e que os primeiros devem sobretudo servir como pretexto e chamariz para os segundos, passarão a falar a mesma língua que os fãs e darão a estocada mortal numa indústria obsoleta que nos chulou a todos durante décadas. O New Max pode ter uma certeza… se vier a Portalegre ao nosso CAEP, pode contar comigo a curtir numa das filas da frente, mesmo que me peça 30 euros pelo bilhete!
Nota: É óbvio que a um melómano não escapam as muitas outras listas das revistas da especialidade, mas essas, só serviram para me fazer perceber que muitos daqueles gajos e eu não acertamos agulhas. Eu tentei mas os Animal Collective, os Grizzle Bear, os XX, os Fever Ray… nem a cacete. Definitivamente não. Mas música é música e há tanto por onde escolher… O fantástico é que cada um faça a sua própria lista e que mais dá se conta com os Il Divo ou o Tony Carreira? Desde que seja a Vossa música, o resto que se amole! Metam alto!
2 comentários:
Excelente lista Pedro, como sempre, mas permite-me aí acrescentar o regresso em 2009 dos fabulosos Sonic Youth com o album "The Eternal", a fazer lembrar os melhores anos da banda dos tempos de "Goo" e "Dirty".
a descobrir.
Abraço e bom ano
Já está a sacar!
Não há tempo para tudo...
Obrigado pela pista.
;)
Um abraço!
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