sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

João Sozinho e os Deixados



O João Só e os Abandonados que o acompanham são um caso sério na música portuguesa. Começam logo pelo nome: o João que está Só, é acompanhado pelos Abandonados num reino onde impera a solidão, pleno de inteligência e bom gosto que começa logo pelo nome.

De estrela rockstar, o João tem muito pouco. Tem cara de bebé e é gorducho, o que não dá jeito nenhum no ecossistema do rock. Não tem pinta, não é magro, não bebe nem se droga, não tem brincos nem piercings, nem tatoos tampouco. Não sei se li algures ou inventei que o rapaz é fã dos Beatles e não podia ter melhor base musical. Os álbuns duplos vermelho e azul que compilam toda a carreira dos fabfour, são a enciclopédia musical de cabeceira de meninos como os manos Gallagher que perceberam a fórmula e a repetiram num expoente potenciado pelo seu talento.

O João escreve em português, utiliza a métrica e a língua de uma forma elegante, dizendo no universo pop, coisas que ficam.

Depois do acidente, tive de reaprender a organizar os hábitos que tinha antes de quase ter visto o fim da coisa. Tornei-me então menos egoísta, ainda mais social, menos virado para mim e mais para os outros, sobretudo para as pequenas. Se já muita atenção lhes dava, passei ao dobro ou ao triplo, ou quádruplo. Passaram a ser a prioridade única e intocável. Passei a ver televisão em família depois de jantar, o que era para mim impensável antes disto acontecer. Comecei com a Gabriela (sim, confesso, muito por causa do mulherio brasuca que enchia a vista, sobretudo a divinal Juliana Paes e o trabalho soberbo do romance do Jorge Amado) e via também uma portuguesa Dancing Days onde este tema delicioso fazia parte da banda sonora. Um dueto doce com a Lúcia Moniz e uma música de amor tremendamente bela.




Passei a olhar com outros olhos e a gostar do trabalho deste rapazola que tem ar bonacheirão de bom rapaz e não parou de me surpreender…







1 comentário:

Helena Barreta disse...

Tenho ouvido até quase à exaustão a Sorte Grande, gosto tanto, mas fico de tal maneira emocionada que choro de todas as vezes que a oiço. O meu mundo desabou e esta canção parece ter sido escrita para mim.

Um abraço