Estava há a dias a fazer um jantar de natal privado com um dos meus melhores amigos, senão mesmo aquele com quem mais me identifico, quando se sai com esta (ele, que não é, de todo, info-excluso; e é, até mesmo, grande craque a informática, mas que não tem redes sociais por opção muito própria): epá, nunca mais escreveste no teu blogue. Passo por lá por vezes apenas para saber se há algo de novo, e fico sempre… assim…
Claro que pedi desculpa, me
justifiquei com o facto de hoje em dia, a rapidez e o imediatismo do facebook
terem devastado grande parte do universo da blogoesfera;
que se eu quero escrever, também
é porque quero ser ouvido (e que se isso não acontecer, mesmo que estejam
contra, mas nunca indiferentes!!!!; nem sequer vale a pena!), e ali tenho mais
noção imediata disso;
que dificilmente podes combater contra
um espaço que pergunta a quem quer lá entrar: “Em que estás a pensar…” (tão simples como isto!);
que é impossível conseguires que
te ouçam quando tens um lugar que oferece a possibilidade de ser ouvido à imensa multidão de qualquer um, por
mais troglodita e desprovido de senso que seja, de ter tempo e espaço, até
apenas para replicar prestações de outros, que compita com quem se esforça para deixar
a sua marca.
Mas a verdade
é que não consegui deixar de me sentir canalha, culpado pela minha displicência,
por ter deixado para trás quem me seguiu tão fielmente, ao longo de 15 anos
(desde quinta-feira, 24 de maio de
2007, quando o iniciei)!!!
Afinal, foram
centenas e centenas, por certo milhares de horas a escrever, muitos milhares de
fotos, frases e palavras… e é muito triste cair assim no esquecimento, sem
mais, nem meias.
Já dizia o bom
do Lavoisier que na “natureza nada se perde, tudo se transforma”, e é bem
verdade! O vosso dRoCaS Sabi não deixou de pensar, de se exprimir, de tentar
chegar aos outros, mas agora fâ-lo de uma outra forma, muito mais imediata,
pragmática, fácil de facebookutilizar, sob o mural do seu nome: Pedro Sobreiro.
Já não estou numa
de passar duas horas ao pc ao para dizer aquilo que quero, nem sequer tenho
sentido saudades disso, devo confessar. Os dias esgotam-se de uma forma tão
vertiginosa que pouco tempo fica para, e passo bem sem isso.
Continuo a fazer
como sempre fiz: a exprimir-me de uma forma desagrilhoada, completamente livre (como
adoro ser), rebelde, com a sua dose de loucura, sem prestar vassalagem, ou
qualquer tipo de limitações.
Regra geral,
os assuntos são tratados no facebook, e ali ficam para a posteridade; mas
ultimamente, apenas sobem aqui ao blogue quando têm, quanto mais não seja para
mim, um papel preponderante. Mesmo aí serão sempre noticiados na rede que é
seguida por todos… enquanto não venha outra. Procurem-me neste blogue, ou em Pedro Sobreiro no facebook e estarei lá, até Deus querer.
Perguntaram-me
há dias, com alguma, muita graça, se tinha algum acordo com uma agência
funerária daqui, porque isto, ultimamente, no blogue, tem sido só óbitos! Oxalá
assim não fosse mas… que fazer?
Não vou fechar
este blogue, como tive a infeliz intenção de o fazer, certo dia, porque por
muito tempo que esteja sem nada publicar, e por mais que o faça no facebook, ou
noutra rede social que lhe suceda, esta há-de ser sempre uma extensão de mim.
Nem de
propósito, ontem (31.Dez.2022) foi um dia triste para a nossa terra (Santo
António das Areias), porque o “Café Avenida” fechou as suas portas. É sempre de
lamentar quando uma instituição de várias gerações termina o seu ciclo, mas
neste caso, temos de compreender. O Sr. José Pinadas já atingiu a sua idade de reforma
há algum tempo (era colega do meu sogro na firma Nunes Sequeira S.A., e já
estava na pré há algum); a sua esposa, a querida D. Adélia, também já não tem a
saúde viçosa de outrora, e a sua filha; a minha querida quinta Helena, tem o
seu emprego, a sua vida, e também quer ter direito à sua privacidade, que as
vidas atrás de um balcão são do mais desgastante que pode haver, e consomem
imenso a quem lá está.
Conversava eu
com outro amigo acerca desta temática, à porta, entre um cigarrito e um drink, e constatávamos a volta que esta localidade tem
levado, em termos de perda de população e espaços dedicados a servi-la. Quando
as firmas Sequeira, o grande motor económico e social da localidade, estavam no
auge da sua pujança, quando as horas de entrada e saída das firmas faziam
lembrar o rebuliço de uma cidade, havia dinheiro para tudo e para todos, e
agora… que vamos sendo cada vez menos… tudo parece definhar.
Na Avenida
ficam apenas o Tapas, mas isso é mais um Supermercado que outra coisa qualquer,
que também vende bebidas, mas enfim; o Sr. Saúl que… já não caminha para novo;
a Pastelaria do valentão Caldeira; a D. Estrela do Adro (que abre bem cedo, com
o Vítor, e fecha tarde); e mias acima, o Pau de Canela que é mais restaurante,
o David Caldeira no Ninho, e o bar da D. Algarvia nos Bombeiros, sendo que as
bombas diz que vendem também muita mini, mas eu não sei que não sou cliente; e
creio que nada mais resta, agora que a Luzia fechou o Miradouro e foi à procura
de carreira na sua área de educadora para Lisboa, e fez muito bem, que nunca é
tarde para seguirmos os nossos sonhos.
Há poucos e
cada vez menos, porque nós também somos poucos, e temos mais tendência para
acabar, que para nos multiplicarmos, e uma coisa leva à outra.
Vivamos com o
que há, saibamos estimar e ajudar, porque vamos todos no mesmo barco.
Apetece-me
agora, e porque esse é o real motivo desta publicação, de prestar uma homenagem
a este estabelecimento maravilhoso, a este casal encantador, e de assim lhe
agradecer pelo serviço absolutamente inexcedível que prestaram à população.
Segundo soube,
porque andei-me a informar, e perdoem-me se algum dado não está correto, o
edifício matriz foi mandado construir pelo pai da D. Adélia, quando regressou
de França, e teve diversos inquilinos ao longo dos anos, entre os quais contam
o Sr. Saúl, ao qual se seguiu o Sr. Amador, anos depois; até que voltou à D.
Adélia, quando o seu marido se aposentou.
Ali imperava
tudo aquilo que deve de existir numa casa deste género, no meu entender: enorme
simpatia, um sentido de servir verdadeiramente exemplar (as conversas de quem
estava fora do balcão ficavam de fora do balcão, o proprietário nunca
interferia em nada, ou emitia a sua opinião, a menos que lha pedissem), asseio
e higiene do mais alto nível, na falta de imperial, as minis sempre
geladíssimas; tremoço e amendoim com fartura; televisão de grande ecrã plano
sempre na bola desde que a houvesse; casas de banho imaculadas (sempre ouvi que
se queres conhecer o asseio de uma casa pública, visita os seus WC antes de
pedir), enfim… dava gosto e a saudade já é imensa.
Ali encontrava sempre três, ou quatro, ou
cinco, ou mais amigos que eram indefetíveis daquele espaço, que me fartei de
lhes perguntar onde passarão a ir agora, porque nunca os via noutro lado algum,
e agora tenho medo de os perder; e ainda não sei onde estarão.
Enfim… há que seguir em frente. Ficará sempre a saudade
imensa, até de quando serviam lá refeições, ao lado, e dos bons tempos que
passei ali.
Pedi ao amigo José se podia tirar uma foto com ele, de
recordação, mas ele, muito recatado, e de perfil muito comedido, pediu-me que
era melhor não. Respeitei, claro, até porque o senti emocionado.
Aos meus três Amigos: à Leninha, ao Sr. José e à D. Adélia,
desejo toda a saúde do mundo, e que possam gozar estes anos pela frente da
melhor forma possível.
O vosso Amigo Sobreiro estará sempre aqui, como sempre
estiveram por mim!
Sejam felizes!
1 comentário:
Pedro,
estou como o seu amigo, e tal como ele, também por opção não tenho redes sociais e sim, também eu venho aqui com muita frequência à procura de novidades e nada. Folgo em saber que está tudo bem e que a ausência do blogue se deve só a preferir outras maneiras de comunicar.
Desejo-lhe a si e aos seus saúde e muitas alegrias.
Um abraço
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