Há uns tempos, por inerência das funções autárquicas, desloquei-me a Lisboa para uma reunião de trabalho no Centro Cultural de Belém com o Secretário de Estado da Justiça. O assunto relacionava-se com o objectivo governamental de agilizar, descentralizar e moralizar o já tão moribundo sistema judicial português. Para evitar mais entupimentos de décadas de pilhas de processos sem fim, pretendem agora dotar o país de um sistema de Julgados de Paz que se pretendem mais céleres e mais pragmáticos, no fundo, aquilo que os tribunais convencionais deveriam ser. Autarcas de todo o país, dos mais preocupados aos mais engalanados, dos mais curiosos e bem falantes aos mais taciturnos e aborrecidos, todos quiseram opinar e impressionar, dar nas vistas e ficar bem na foto. É claro que na sala havia de tudo, dos mais poderosos tubarões aos mais jovens nos campeonatos, nos quais obviamente me incluo, que apesar de menos participantes, não estavam por isso menos interessados em apanhar a sua vez, a vez de defender a sua dama.
Apesar do inegável interesse e actualidade das matérias, para mim, o grande assunto do dia não podia ser outro que o regresso a Lisboa. Mal a borracha dos pneus entra no tabuleiro da ponte, numa ruidosa trepidação que me faz sempre pensar que levanto voo a qualquer instante, sinto na pele o eterno retorno. Com a brisa húmida do rio a invadir-me as narinas e a toldar-me o pensamento, avisto a cidade prostrada na margem, imponente mas adormecida, banhada por essa luz tão imensa e tão sua, apenas desafiada pelo constante vai-vem dos incansáveis cacilheiros. A minha Lisboa é esta, a Lisboa de Santos, a de Alcântara, a do Calvário, da Junqueira e de Belém. Por aquelas ruas e vielas passeei quatro anos da minha vida, de muito trabalho e solidão, aos quais regresso sempre em pensamentos num misto de saudade e dor.
A minha história com Lisboa é a história de um amor mal resolvido. É um daqueles namoricos tão desejados, em que se quer tanto que tudo corra bem… que acaba tudo por terminar invariavelmente mal. O desejo era muito, o namoro foi de pico mas a coabitação pós-matrimonial foi de um desencanto profundo. Passei a adolescência a sonhar que só ali podia ser feliz. Entrei na idade maior a pensar que tinha de me raspar de lá o mais depressa possível.
Mas como em todos os namoros sentidos, há sempre algo que fica. Quando a vemos de novo, uma parte de nos estremece, sabe-se lá do quê e porquê.
Passados os anos de ruptura, saradas as feridas maiores de tanto serem lambidas pela memória, fazemos as pazes na certeza que dificilmente voltaremos a ser um do outro.
Agora já gosto de regressar… seja para um jogo do Glorioso na catedral, acompanhado de amigos; seja com a filhota e a família para o tal espectáculo infantil que nunca poderemos ver na província; seja para um concerto com o mano, seja para as compras de Natal, ou mesmo em trabalho ou para um exame das Finanças. Sebe bem cair nos seus braços.
O tempo passou e eu sei que Lisboa é única. Há uma parte da sua magia que hei-de trazer sempre comigo…
Apesar do inegável interesse e actualidade das matérias, para mim, o grande assunto do dia não podia ser outro que o regresso a Lisboa. Mal a borracha dos pneus entra no tabuleiro da ponte, numa ruidosa trepidação que me faz sempre pensar que levanto voo a qualquer instante, sinto na pele o eterno retorno. Com a brisa húmida do rio a invadir-me as narinas e a toldar-me o pensamento, avisto a cidade prostrada na margem, imponente mas adormecida, banhada por essa luz tão imensa e tão sua, apenas desafiada pelo constante vai-vem dos incansáveis cacilheiros. A minha Lisboa é esta, a Lisboa de Santos, a de Alcântara, a do Calvário, da Junqueira e de Belém. Por aquelas ruas e vielas passeei quatro anos da minha vida, de muito trabalho e solidão, aos quais regresso sempre em pensamentos num misto de saudade e dor.
A minha história com Lisboa é a história de um amor mal resolvido. É um daqueles namoricos tão desejados, em que se quer tanto que tudo corra bem… que acaba tudo por terminar invariavelmente mal. O desejo era muito, o namoro foi de pico mas a coabitação pós-matrimonial foi de um desencanto profundo. Passei a adolescência a sonhar que só ali podia ser feliz. Entrei na idade maior a pensar que tinha de me raspar de lá o mais depressa possível.
Mas como em todos os namoros sentidos, há sempre algo que fica. Quando a vemos de novo, uma parte de nos estremece, sabe-se lá do quê e porquê.
Passados os anos de ruptura, saradas as feridas maiores de tanto serem lambidas pela memória, fazemos as pazes na certeza que dificilmente voltaremos a ser um do outro.
Agora já gosto de regressar… seja para um jogo do Glorioso na catedral, acompanhado de amigos; seja com a filhota e a família para o tal espectáculo infantil que nunca poderemos ver na província; seja para um concerto com o mano, seja para as compras de Natal, ou mesmo em trabalho ou para um exame das Finanças. Sebe bem cair nos seus braços.
O tempo passou e eu sei que Lisboa é única. Há uma parte da sua magia que hei-de trazer sempre comigo…
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