De toda a gama de oferta jornalística nacional, "O Crime” ocupa de longe, por uma enorme distância, o lugar de publicação rainha do meu coração.
Desde que o “Jornal do Incrível”, que eu lia de fio a pavio, desapareceu, só este preenche por completo a minha sede de notícias, de grandes notícias.
E não me venham com histórias do “Público” e do “Expresso” e do jornalito do Saraiva porque a coisa mesmo é no “Crime”.
A minha devoção é de tal ordem que já experimentei ignorá-lo e passar ao seu lado mas não resisto. Incute uma magia tamanha na minha mente débil que rastejo até à banca mais próxima deserto de lhe botar as unhas em cima.
Ah, meus amigos. Que grande seria o nosso país se as criancinhas lessem “O Crime” desde os bancos do jardim-escola, aprendendo com esta aula clássica do melhor jornalismo aquilo que a arte do bem informar tem para nos oferecer em todo o seu esplendor.
“O Crime” é grande e acho que ele sabe.
Há dias liguei para a RTP a mandar vir com aquele programa da manhã onde dizem que fazem uma revista de imprensa e eu disse ao telefone que raio de merda era aquela de darem notícias só de pasquins e não fazerem qualquer tipo de menção a um jornal de categoria como “O Crime” e o sujeito desligou-me o telefone e disse que aquilo afinal era uma drogaria. Nós, os contribuintes que pagamos os nossos impostos, temos uma palavra a dizer, olha que coisa!
O número desta semana, que me tem acompanhado nos momentos de lazer que vou apanhando, é particularmente bestial.
Em grande manchete, numas enormes parangonas, lança as previsões para 2008 e logo aqui revela uma classe nunca vista. A grande maioria dos jornais que por aí andam adiantam-se logo a dar as previsões no final do ano, ou nos primeiros dias do novo. “O Crime” não! Seguindo a norma que “o primeiro milho é para os pardais”, cala-se bem caladinho e lá para o meio de Fevereiro, avança firmemente com previsões com um selo de garantia e qualidade que tornam os nosso planos mais seguros.
“O Crime” é um manual de sobrevivência.
Quanto à qualidade das previsões avançadas, não se fica por Mayas e Zandingas de 3ª divisão! Não! Aproveita e apresenta a única e fabulosa Maria Graciete que não só nos dá previsões como nos lê efectivamente o futuro.
E a Maria Graciete, meus amigos, para todos aqueles que andam menos informados nestas coisas do oculto, é o verdadeiro Cristiano Ronaldo da quiromancia.
Esta miúda é ultra-profissional e não brinca em serviço.
Na sua folha de serviço presente a páginas 6, surge-nos como uma vidente radicada em Los Angeles, que trata o George Clooney por “tu cá, tu lá” e está habituada a passear-se nos sets dos filmes que nós só vemos aqui pelo burgo décadas depois, quando os compramos em dvds manhosos ao lellos do mercado de Portalegre, isto se não levarmos antes com um balázio dos Asaes.
A Maria Graciete é um luxo e só o olhar para ela nos deixa tranquilos. Numa caixa alaranjada com o sugestivo subtítulo “Conselhos de Vidente”, a prestigiada publicação avança-nos em primeira mão que a nossa Maria Graciete avisou o Kennedy, (sim, sim, esse mesmo! O Presidente dos Estados Unidos!) que ia ser assassinado. Para tal, deslocou-se à Casa Branca e disse-lhe “tin-tin por tin-tin” que se insistisse em ir a Dallas, o mais certo era levar um tiro na corneta e ir de canoa para o outro lado. O homem não lhe deu ouvidos e a história foi o que se viu.
Também a Sharon Tate, na altura esposa do realizador Roman Polansky, foi vítima da sua própria insensatez. A Graciete bem lhe disse, “anda lá filha! Vê lá se te trancas em casa que andam para aí umas seitas manhosas que andam desertinhas de armar confusão e vai na volta ainda te amolam. A cachopinha não quis saber e o Charles Manson, claro, aproveitou e cortou-a assim em postas boas para guardar na arca até ao Natal.
O curso do mundo passou pelas mãos desta mulher.
Por acaso não falou no Martin Luther King, mas esta Senhora, com “S” grande, ou maiúsculo, ou lá como é que se chama, não se dá com qualquer pessoa.
E o que nos diz a Maria cá para o nosso Portugal?
Grandes novidades, meus amigos! O Terreiro do Paço vai afundar-se e o Santana Lopes vai voltar a casar. Duas notícias dadas em paralelo porque de facto, têm a mesma ordem de grandeza. A Floribella vai sair das luzes da ribalta e o Papa vai malhar da cadeira como o Salazar. Vai haver muitos mortos e muito sofrimento, Portugal não ganha o Campeonato da Europa e a Alexandra Lencastre vai ter um acidente. Vai descobrir-se que a Maddie foi assassinada por um vagabundo e o Valentim Loureiro vai de cana.
Dois destaques:
A nossa Maria vê o Sócrates “prostrado no chão, envolto numa mancha negra” e eu se fosse ele, com estas previsões de atentados, já ia mas á alugando um duplex do outro lado da fronteira. A mancha é capaz de ser ruptura no cárter.
Resta uma notícia boa para o Alentejo, com a descoberta de petróleo nestas terras. Fico com um sorriso optimista e já vejo o Rondão de Almeida a saltar como um girino. Para a Maria, “Elvas vai estar em grande”.
Informação de primeira linha, rapaziada!
Mas “O Crime” não se fica por aqui.
Só neste número apresenta:
- uma extensa reportagem sobre o “Pifas”, o rei dos assaltos que com apenas 18 anos “fanou” 2.500 euros em ouro, à sua própria mãe, numa tarde de Março de 2007 e nessa mesma noite já o tinha esturrado;
- a história de uma mulher que foi chorar o marido ao funeral e foi presa assim que o caixão entrou no buraco, suspeita de o matar;
- uma fotografia inédita do olho de vidro do José Cid, na rubrica “Que saudades”;
Desde que o “Jornal do Incrível”, que eu lia de fio a pavio, desapareceu, só este preenche por completo a minha sede de notícias, de grandes notícias.
E não me venham com histórias do “Público” e do “Expresso” e do jornalito do Saraiva porque a coisa mesmo é no “Crime”.
A minha devoção é de tal ordem que já experimentei ignorá-lo e passar ao seu lado mas não resisto. Incute uma magia tamanha na minha mente débil que rastejo até à banca mais próxima deserto de lhe botar as unhas em cima.
Ah, meus amigos. Que grande seria o nosso país se as criancinhas lessem “O Crime” desde os bancos do jardim-escola, aprendendo com esta aula clássica do melhor jornalismo aquilo que a arte do bem informar tem para nos oferecer em todo o seu esplendor.
“O Crime” é grande e acho que ele sabe.
Há dias liguei para a RTP a mandar vir com aquele programa da manhã onde dizem que fazem uma revista de imprensa e eu disse ao telefone que raio de merda era aquela de darem notícias só de pasquins e não fazerem qualquer tipo de menção a um jornal de categoria como “O Crime” e o sujeito desligou-me o telefone e disse que aquilo afinal era uma drogaria. Nós, os contribuintes que pagamos os nossos impostos, temos uma palavra a dizer, olha que coisa!
O número desta semana, que me tem acompanhado nos momentos de lazer que vou apanhando, é particularmente bestial.
Em grande manchete, numas enormes parangonas, lança as previsões para 2008 e logo aqui revela uma classe nunca vista. A grande maioria dos jornais que por aí andam adiantam-se logo a dar as previsões no final do ano, ou nos primeiros dias do novo. “O Crime” não! Seguindo a norma que “o primeiro milho é para os pardais”, cala-se bem caladinho e lá para o meio de Fevereiro, avança firmemente com previsões com um selo de garantia e qualidade que tornam os nosso planos mais seguros.
“O Crime” é um manual de sobrevivência.
Quanto à qualidade das previsões avançadas, não se fica por Mayas e Zandingas de 3ª divisão! Não! Aproveita e apresenta a única e fabulosa Maria Graciete que não só nos dá previsões como nos lê efectivamente o futuro.
E a Maria Graciete, meus amigos, para todos aqueles que andam menos informados nestas coisas do oculto, é o verdadeiro Cristiano Ronaldo da quiromancia.
Esta miúda é ultra-profissional e não brinca em serviço.
Na sua folha de serviço presente a páginas 6, surge-nos como uma vidente radicada em Los Angeles, que trata o George Clooney por “tu cá, tu lá” e está habituada a passear-se nos sets dos filmes que nós só vemos aqui pelo burgo décadas depois, quando os compramos em dvds manhosos ao lellos do mercado de Portalegre, isto se não levarmos antes com um balázio dos Asaes.
A Maria Graciete é um luxo e só o olhar para ela nos deixa tranquilos. Numa caixa alaranjada com o sugestivo subtítulo “Conselhos de Vidente”, a prestigiada publicação avança-nos em primeira mão que a nossa Maria Graciete avisou o Kennedy, (sim, sim, esse mesmo! O Presidente dos Estados Unidos!) que ia ser assassinado. Para tal, deslocou-se à Casa Branca e disse-lhe “tin-tin por tin-tin” que se insistisse em ir a Dallas, o mais certo era levar um tiro na corneta e ir de canoa para o outro lado. O homem não lhe deu ouvidos e a história foi o que se viu.
Também a Sharon Tate, na altura esposa do realizador Roman Polansky, foi vítima da sua própria insensatez. A Graciete bem lhe disse, “anda lá filha! Vê lá se te trancas em casa que andam para aí umas seitas manhosas que andam desertinhas de armar confusão e vai na volta ainda te amolam. A cachopinha não quis saber e o Charles Manson, claro, aproveitou e cortou-a assim em postas boas para guardar na arca até ao Natal.
O curso do mundo passou pelas mãos desta mulher.
Por acaso não falou no Martin Luther King, mas esta Senhora, com “S” grande, ou maiúsculo, ou lá como é que se chama, não se dá com qualquer pessoa.
E o que nos diz a Maria cá para o nosso Portugal?
Grandes novidades, meus amigos! O Terreiro do Paço vai afundar-se e o Santana Lopes vai voltar a casar. Duas notícias dadas em paralelo porque de facto, têm a mesma ordem de grandeza. A Floribella vai sair das luzes da ribalta e o Papa vai malhar da cadeira como o Salazar. Vai haver muitos mortos e muito sofrimento, Portugal não ganha o Campeonato da Europa e a Alexandra Lencastre vai ter um acidente. Vai descobrir-se que a Maddie foi assassinada por um vagabundo e o Valentim Loureiro vai de cana.
Dois destaques:
A nossa Maria vê o Sócrates “prostrado no chão, envolto numa mancha negra” e eu se fosse ele, com estas previsões de atentados, já ia mas á alugando um duplex do outro lado da fronteira. A mancha é capaz de ser ruptura no cárter.
Resta uma notícia boa para o Alentejo, com a descoberta de petróleo nestas terras. Fico com um sorriso optimista e já vejo o Rondão de Almeida a saltar como um girino. Para a Maria, “Elvas vai estar em grande”.
Informação de primeira linha, rapaziada!
Mas “O Crime” não se fica por aqui.
Só neste número apresenta:
- uma extensa reportagem sobre o “Pifas”, o rei dos assaltos que com apenas 18 anos “fanou” 2.500 euros em ouro, à sua própria mãe, numa tarde de Março de 2007 e nessa mesma noite já o tinha esturrado;
- a história de uma mulher que foi chorar o marido ao funeral e foi presa assim que o caixão entrou no buraco, suspeita de o matar;
- uma fotografia inédita do olho de vidro do José Cid, na rubrica “Que saudades”;
- uma entrevista nas centrais com o Marco Horácio e o seu Rouxinol Faduncho;
- A trágica história de um jovem que levou 28 facadas por 12 euros;
- e o destaque do episódio da jovem que morreu electrocutada quando praticava sadomasoquismo com o companheiro. Parece que era hábito darem assim uns choques para ver se a coisa animava e o rapazito, deixou-se levar pelo entusiasmo e esturrou a piquena que também não se podia queixar porque tinha a boca tapada com aquela fita-cola mais grossa que se vende na Loja do Chinês a euro e meio. Esta pode bem servir de aviso à malta menos informada que gosta de meter os dedos nas tomadas quando está prestes a atingir o clímax. Cuidadinho, ãh? TZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ! PUM!
Mas “O Crime” vale muito mais. Na verdade, só a página de detectives e bruxos vale o preço de venda ao público. São mesmo muitos e tratam de tudo: temos os Professores Fofana, Sissé, Sidya, Eros, Madi, Diaby, Muctar, Mohamed, Biai; Baio e muitos outros que acabam de um dia para o outro com o alcoolismo e a impotência que são duas coisas que não dão jeito nenhum. Temos o Raul Duval, a vidente Ana Paula e a médium Fátima Mendes e não me venham com histórias que não vale a pena sofrer com tanto apoio especializado.
A página “Mensagens de amor” é outra relíquia a não perder, com anúncios da qualidade de um “Cantinflas Português” e o “Rei dos Feios” que espeta tudo o que tenha entre 20 e 50 anos. Com “casa em Albufeira e carro” o rapaz não faz a coisa por menos e acho que é de aproveitar.
- A trágica história de um jovem que levou 28 facadas por 12 euros;
- e o destaque do episódio da jovem que morreu electrocutada quando praticava sadomasoquismo com o companheiro. Parece que era hábito darem assim uns choques para ver se a coisa animava e o rapazito, deixou-se levar pelo entusiasmo e esturrou a piquena que também não se podia queixar porque tinha a boca tapada com aquela fita-cola mais grossa que se vende na Loja do Chinês a euro e meio. Esta pode bem servir de aviso à malta menos informada que gosta de meter os dedos nas tomadas quando está prestes a atingir o clímax. Cuidadinho, ãh? TZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ! PUM!
Mas “O Crime” vale muito mais. Na verdade, só a página de detectives e bruxos vale o preço de venda ao público. São mesmo muitos e tratam de tudo: temos os Professores Fofana, Sissé, Sidya, Eros, Madi, Diaby, Muctar, Mohamed, Biai; Baio e muitos outros que acabam de um dia para o outro com o alcoolismo e a impotência que são duas coisas que não dão jeito nenhum. Temos o Raul Duval, a vidente Ana Paula e a médium Fátima Mendes e não me venham com histórias que não vale a pena sofrer com tanto apoio especializado.
A página “Mensagens de amor” é outra relíquia a não perder, com anúncios da qualidade de um “Cantinflas Português” e o “Rei dos Feios” que espeta tudo o que tenha entre 20 e 50 anos. Com “casa em Albufeira e carro” o rapaz não faz a coisa por menos e acho que é de aproveitar.
Dois destaques finais:
Um para o “Correio dos leitores” onde se escamoteiam (bela palavra!), assuntos da delicadeza de um vizinho que espreita raparigas, uma velha insuportável e dvds da candonga;
E um segundo destaque para a notícia da última página que nos dá conta que o Nuno Guerreiro, o panasca a quem o criador trocou a voz com uma menina de 10 anos, e os amigos, escavacaram a pastelaria “Jau” ali no Largo do Calvário. Não se faz! E eu pagava para ver as bichonas todas a partirem vitrinas e mandarem bolos de arroz para a linha do eléctrico. O Sr. Manuel da Costa, um dos sócios, queixa-se até que lhe fizeram desaparecer um puxador de uma porta e a máquina das bolas! Eu estive cá a pensar e sendo rapaziada desta, até aposto que sei o buraquinho onde a esconderam. Assim pelo tamanho….
Bom, caros leitores e amigos. Deixem-se de tretas, mandem este blog à fava, não percam tempo e leiam mas é “O Crime” que aí sim podem aprender alguma coisinha de útil para as vossa vidas.
Para quem já não apanhar este número mítico na banca do nosso amigo Boto (este por acaso até o comprei no Tapas), fiquem sabendo que eu alugo o meu por 6 euros e meia à meia-hora.
Garanto-vos que vale a pena!
Inscrições pelo 1618.
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