segunda-feira, 2 de novembro de 2009

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Eu subia as escadas para a rua de cima em silêncio e apanhei-a de surpresa quando varria as folhas secas que se acumularam junto à entrada da casa da frente, cansadas de tanto bailar ao sabor do vento de um Outono absurdamente quente.

“Estás boa, miga?”.

“Ai eu! Que me assustaste…”, disse-me enquanto levava a mão ao peito e sorria, de olhos fechados, como que troçando da sua própria admiração.

“Eu estou boa e tu?”, respondeu assim que retomou o ânimo.

“Eu?... … … estou bem. Vou andando…”, disse-lhe eu, não conseguindo disfarçar a pouca convicção.

Ficámos uns segundos assim, a olharmo-nos e a rir-nos um para o outro. Eu para enganar o que me ia na alma, ela… sem esconder alguma compaixão.

“Ai pá… a gente agora até te estranha…”.

“Eu sei e não me admiro…”, deixei escapar enquanto retomava o meu caminho.

“Até eu me estranho a mim próprio…”

(mas nesta altura já só as pedras da calçada me ouviam…).

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