terça-feira, 27 de novembro de 2007

1º Encontro de Bloguistas - O Relatório (Im)possível

01. A marcha dos cágados para a Índia, versão Castelhanas


02. Cénário original da novela "O Pantanal"



03. Sem sacrifício... não há progresso!

04. O homem sonha... a obra nasce.

05. Excelente enquadramento. Bom obturador automático. Patrocínio: Fujifilm


06. Encontrámos o cão do Dali

07. E não é que isto é mesmo pertxinho?


08. Nenhum de nós aparece! Podemos seguir viagem!

09. Hola Guapa!



10. O encontro com o elo perdido

Com alguns dias de atraso justificados por compromissos familiares, aqui chega o aguardado, derradeiro e definitivo relato do 1º encontro de bloguistas da “Tasca do Ti Sabi”, realizado no sábado último, dia 24 de Novembro.

Nunca a expressão “poucos, mas bons” me pareceu tão adequada.

Cheguei ao Largo da Igreja de Santo António ainda o sino batia as 10, tal qual conforme o combinado.

À espera, fazendo jus à sua pontualidade britânica, João Bugalhão conversava com uma figura alta e esguia que presumi ser o Luís, seu sobrinho, praticamente da mesma idade mas com a aparência de ser muito mais jovem como tive oportunidade de transmitir a ambos diversas vezes durante o dia, para sorriso desdenhoso de um e inquietude óbvia do outro. Nos minutos seguintes, directamente de Marvão, chegou António Garraio no seu bólide e da Pastelaria São Marcos, o sempre airoso Bonito, também conhecido nas lides artísticas por “Guapo” Dias.

Constatadas as falhas já esperadas do nosso Jorge e da Goyi, ainda demos dez minutos de tolerância ao Clarimundo, não fosse ele mudar a sua ideia inicial de comparecer apenas à segunda parte do programa. Cerradas as fileiras, arrancámos sem mais.

Estava uma manhã linda, com um céu azul imenso a convidar à passeata. Apesar de não estar a chover, para mal dos nossos pecados, o Buga insistiu em contar anedotas e a coisa não correu mal. O Luis é mestre na arte e deu boa réplica. Passamos pela monumental Praça de Toiros local e ganhámos uma velocidade tal na descida para a Relva da Asseiceira que quando passámos pela Tasca do Jaquim Pinheiro só deram por nós quando o vento provocado pela nossa deslocação virou ao contrário o preçário dos gelados Sabiá que ainda hoje continua de patas para o ar.

Mais à frente, cortámos não para os Aires mas para as Castelhanas e aí apreciámos a beleza empedrada da nossa região. Eu digo que isto aqui há muitos milhões de anos devia ser o fundo do mar. Só pode… para haver tanto calhau.

Enquanto seguimos o alcatrão do Governo Bugalho, a coisa escapou. O pior foi quando a estrada desembocou num caminho, bem perto do rio. Vendo a Espanha ali tão próxima, a escassos metros, na outra margem, começaram a surgir as teorias de onde estariam localizadas as pedras do pontão que nos permitiriam atravessar às águas. As silvas e o mato e os ramos dos arbustos eram tantos que a expedição se esquartejou. O desnorte foi total e cada um seguiu para seu lado, tendo eu ficado agarradinho ao Bugalhão a tremer de medo e de frio.

A natureza da nossa expedição já tinha espicaçado as mentes mais cinéfilas, que se recordaram das semelhanças com o visionário filme do John Boorman, “Deliverance”, por nós conhecido como “Fim de Semana Alucinante” em português, e “El Rio”, em castelhano, pelo Garraio. Para quem não conhece, conta a história de uns amigos que se fazem ao mato pela diversão e depois tudo aquilo corre muito mal. Esperemos que não se torne real!

Cada um desenrascou-se como pode. Uns foram para o “Moinho da Negra”, outros, rio abaixo, outros em frente, outros atrás, mas a verdade é que passámos todos. Uns mais sequitos que outros, mas passámos!

Se até ali tardámos 45 minutos de caminho, perdemos outros tantos para dar com a rota.

Se bem se lembram, a conversa toda da caminhada ser por aqui tem a ver com a famigerada ponte que ligará Marvão a Valência e nos salvará a todos do ostracismo social e da penúria económica.

O nosso amigo Bonito, defensor acérrimo da ideia inicial do Sr. Sequeira, experimentou satisfeito a sensação única de estar a fazer história e foi um prazer ver o homem a olhar para a paisagem, sorrindo, como se ela já lá estivesse.

Como o verdadeiro homem não é o que come o mel mas o que come as abelhas, fizemo-nos ao caminho e em vez de voltarmos para trás, seguimos em frente, até Valência, mesmo sem a certeza de termos quem nos trouxesse de volta.

Houve tempo para fotografias, para analisar os diferentes aproveitamentos dos fundos comunitários de um e do outro lado da fronteira e para suar muito.

Por estas alturas, já devem saber que nos enganámos e demos uma volta tão grande que quase chegávamos a Santiago de Compostela. Depois de muito palmilhar e eu a dizer que eram muito mais que 12 quilómetros e ninguém me fazia caso, lá vimos as torres de Valência.

Como prova de que o mundo é pequeno e de que sempre que vamos ao estrangeiro encontramos um compatriota, lá encontrei a minha amiga Ti Maria, minha ilustre colega nos tempos da Opel, que colhia azeitona na companhia do seu marido. Cansados de tanto andar, julguei-me traído pela vista e pensei estar a ter uma miragem quando a avistei e pensei para comigo “o raio desta espanhola é mesmo parecida com a Ti Maria da Opel!”. Como já estava para tudo, arrisquei: “então o que é que vossemecê anda para aqui a fazer?”. E ela “Ai! o meu Pedrinho”, e conhecendo o resto da canalha, disse: “e este, e aquele e o outro”, distribuindo beijos que nos deram alento para o resto da jornada.

Bem haja o Bruno Moura que com irrepreensível profissionalismo me atendeu o telefone mesmo sendo um sábado e fez o favor de nos apanhar.

Ainda tivemos tempo para uma foto, uma geladinha no Ibérica e para encontrarmos o nosso elo perdido, a única mulher que se atrevia a estar presente e que reclamou por não levarmos nenhuma quando era ela que ali devia de estar: Goyi. Muito simpática e bem disposta, ainda trocou impressões connosco, reconhecendo-nos de imediato. Temos de voltar a ver-nos.

A viagem de regresso foi bem mais fácil embora a bandeirada fosse proibitiva. Não quero parecer ingrato mas achei um pouco… dispendioso, embora por cortesia nada tivéssemos comentado. Confesso que só tinha andado de táxi em Lisboa e esperava que por aqui o pagamento fosse em função dos quilómetros e não do tempo, maneiras que…foi um pouco. Imagino que numa viagem daqui para Lisboa, um gajo chegue lá mirrado… Mas bem, avancemos.

Chegados ao Poejo fomos dar com o nosso Clarimundo em grande pose James Bond, bebendo um Martini ao balcão. Assim que nos vislumbrou mandou sair as viaturas do INEM acampadas na Avenida por já serem desnecessárias.

Como já eram quase as duas horas e não houve tempo para banhos nem modernices, avançámos logo para o cerne da questão.

A sala é convidativa, o atendimento esmerado e o repasto digno dos maiores elogios. Entrámos com uma sopinha de cação, bem avinagrada, com fatias de pão frito que estava de morrer e chorar por mais. Para segundo, optámos unanimemente por deixar de parte o borrego encomendado pelo nosso Buga (é comida de velho!) e avançámos para umas migazinhas com carnes fritas de alto nível. Diz que o vinho estava bom, as imperiais tb e as Sagres Zero na ponta da unha! (sinais dos tempos!). Os doces foram o corolário dourado e o desfecho esperado: umas delícias de castanha e um pudim flan mesmo muito caseiro a saber a ovinhos frescos. Muito bom.

A tarde prolongou-se numa tertúlia animada com cafés e digestivos, cigarros americanos e umas águas com e sem gás. Houve tempo para anedotas, para teorias da conspiração, para apontamentos e reflexões, para a polémica e uma ou outra discussão.

Conhecemos melhor o Luís que se revelou um excelente conversador e um convincente contador de histórias; e conhecemo-nos melhor uns aos outros, em histórias passadas e relatos do que há-de vir.

No fim de tudo estávamos exaustos mas contentes e desertinhos de voltarmos à aventura.

Apesar de não haver data nem percurso, já estão abertas as inscrições para a próxima.

Bem hajam, companheiros!

5 comentários:

Garraio disse...

Surpreendentemente, o I encontro dos clientes da tasca do Ti Sabi procovou uma autêntica razia entre os seus membros.

Aqui o gestas, que tantas corridinhas teve que dar para poder acompanhar o ritmo diabólico dos outros quatros fundistas estava-se a reservar para fazer o comentário último, de acordo com a sua quase permanente posição no pelotão da grande (muito grande...) caminhada.

Mas, parece ser que nem tudo o que brilha é ouro. Verdade verdadinha que há fortes supeitas de que, após a extraordinária crónica do dono da tasca, (coisa que aliás já nos tem habituados, por isso é que cá vimos) os membros da equipa desapareceram misteriosamente.
Segundo fontes (pouco) credíveis, o marinheiro morreu afogado, o enfermeiro contraíu uma doença rara e o gestor encontra-se algures em parte incerta incomunicado no meio de porradas de dossiers com cronogramas financeiros dispares acerca dos hipotéticos custos da ponte (por enquanto virtual). Neste particular, não deixo de frizar, porque eu também me sinto lesado, o dono da tasca passou a caminhada a mandar bocarras mordazes acerca do projecto do qual eu também sou acérrimo defensor e penso que deve ser castigado por esse facto. Não sei se o Fernando estará de acordo, ou não, mas já pensei até no castigo que lhe vamos dar: vai ser condenado a ter que inaugurar a Ponte (a real).
Do amigo Clarimundo também me surpreende a ausência. Ele até acabou a jornada fresquinho que nem uma alface!!!!

Resumindo e terminando, foi uma jornada extraordinária. No meu ponto de vista é para repetir, porque já se viu que há "escola" para isso e apresento já um convite aos mais tímidos clientes da tasca que venham ou se façam representar num próximo encontro, porque na verdade, valeu a pena.


Um abraço para todos.

Bonito disse...

A caminhada da ponte virtual e o repasto que se seguiu formaram um dia mesmo bem passado. Possibilitaram conviver com (para além dos já conhecidos amigos) um personagem bem interessante: Luís Bugalhão. E conhecer, mesmo que fugazmente, a Govi.

A ideia de alterar o percurso e ir a Valência surgiu, espontaneamente, já durante a caminhada e, por isso, não sendo convenientemente preparado não foi optimizado. Contudo, foi um primeiro passo…

Gostava de transmitir uma mensagem para todos e, muito especialmente, para a Govi.

Na sequência deste evento e aproveitando a experiência acumulada, eu sugeriria, para um futuro mais ou menos próximo, que promovêssemos (de uma forma organizada) uma caminhada entre Valência e Santo António das Areis, pelo percurso correcto e com a travessia do rio no lugar da “futura” ponte. Seguir-se-ia um convívio gastronómico.

Nós mobilizaríamos mais pessoais a participar e contaríamos com a Govi para mobilizar o máximo de vizinhos de Valência.

Esse passeio transfronteiriço de um grupo de cidadãos, além de permitir o exercício físico tendo como pano de fundo a maravilhosa paisagem de Marvão, teria vários outros objectivos:


* Revisitar caminhos tão percorridos pelos nossos antepassados

*Reavivar e promover as relações (de que temos falado) entre os dois lados

*Chamar a atenção para as vantagens mútuas da ponte, a qual nos aproximaria e ajudaria à valorização de toda a zona

*Dar um sinal de que a cooperação transfronteiriça poderá apoiar o desenvolvimento desta região (deprimida) que, de um lado e do outro, se encontra tão distante das respectivas “Capitais”.


Se esta iniciativa tivesse boa adesão teria, com certeza, repercussões nos órgãos de comunicação social dos dois lados da fronteira e daria um “empurrãozinho” aos responsáveis políticos para promoverem essa estratégia de aproximação.

Grande Abraço

Bonito Dias

Pedro Sobreiro (Tio Sabi) disse...

Eu concordo e até já tenho ali umas tábuas na garagem muito jeitosinhas que a minha Cristina queria aproveitar para acender a lareira mas eu disse logo que "não senhora!". Não sou perito em construção civil mas podem contar com a a minha ajuda até porque não seria descabido nós começarmos por fazer uma pontezinha em madeira, tipo protótipo para depois os senhores engenheiros verem como nós queremos. É só dizerem o dia... Eu também tenho muita vontade dessa ponte. Eu estou farto de ir a Valência pelas Huertas. Por aqui é mais bonito. Bonito. Obrigadinho.

Garraio disse...

ahahahahahahahaha...

Ó Fernando,já viste a conversa deste "urso"?

Deus nosso Senhor todo poderoso vai-te castigar,Pedro, por brincares com coisas sérias!!!

Clarimundo Lança disse...

Custa tanto
Ao ver tamanha alegria encosta abaixo encosta acima, e o James ansioso pela chegada dos Indianas.
Acompanhei no repasto, mas não é o mesmo.