terça-feira, 13 de novembro de 2007

Back from the Living Dead!


Back from the living dead que é como quem diz, finalmente livre outra vez, cacete!

Foram umas semanas muito duras, estas últimas. A todos os níveis. O estar afastado do meio profissional há dois anos e a constante mutação da legislação, o facto de um grande evento da minha vida actual estar a correr em paralelo… o ter de passar os dias sozinho… a pressão da responsabilidade… o ter de voltar a ser posto à prova mais uma vez… não foi fácil, mas bem ou mal, o compromisso foi assumido e está feito.

Reconheço que estar só foi complicado. Por outro lado, o distanciamento do normal dia-a-dia foi um facto extremamente positivo.

Vivemos em contra-relógio, passamos os dias a correr e nem sempre temos esta possibilidade de nos afastarmos do que é habitual, da nossa rotina e reflectirmos.

Ninguém gosta de tirar férias para estudar intensivamente mas valeu a pena e haverá certamente ilações a tomar em linha de conta no futuro.

Já tinha saudades desta minha modesta casinha e é bom estar de volta.

De conversa com os companheiros, tomando uma cerveja no período de descompressão, o meu alpalhoeiro de estimação disse-me que eu sou “esfinzado”. “Tu és esfinzado”, arrematou com certeza e agradeci a tradução em simultâneo. Ser “Esfinzado” em alpalhôez, ou seja, o dialecto de Alpalhão”, significa ser preocupado demais, nervoso demais, ansioso demais. Nem lhe respondi e se calhar ainda estou para perceber porquê. Se calhar o homem tem razão. Reconheço que não sou uma das pessoas que sabe viver melhor. Gostava de ter calma e de me saber passear pela vida como alguns amigos que prezo e conheço. Se mandasse em mim a 100%, talvez fosse mais tranquilo, mais confiante, mais seguro, mais frio e racional.

Eu sou daqueles que quando cheira a esturro no convés, já eu estou a estudar o plano de emergência.

Talvez devesse escutar mais os mais velhos, os mais sabidos, os que me dizem para levar a coisa com calma.

Mas sou tremendamente exigente, sobretudo comigo mesmo. Habituei-me desde os primeiros tempos de escola a puxar pelo canastro e a definir um parâmetro de satisfação que não me dá descanso. Não é fácil estarmos constantemente a submeter-nos à prova… a sermos juízes em causa própria.

E depois há um tremendo sabor a injustiça quando temos de passar por baterias de testes absolutamente inéditas na Função Pública em Portugal. Não há classe nem condição onde os funcionários tenham de passar por tamanho grau de exigência para subir de nível. Perdoem-me a imodéstia (e sei que isto vai dar guerra!) mas não vejo os professores, os polícias, os funcionários judiciais, os funcionários das Conservatórias, os funcionários das autarquias, os enfermeiros, os soldados das forças de segurança, os médicos, os militares, os funcionários das alfândegas, os taxistas, as peixeiras, os toureiros, os amola-tesouras, terem que passar por esta bateria constante de questões.

Neste caso, eram sete códigos, sete… e quarenta perguntas para serem respondidas em hora e meia. 40 perguntas para 150 minutos, dá pouco mais que 3 minutos e meio para cada uma, se dermos um tempinho para preencher a folha de respostas. 3 minutos para alguns enunciados de meia página que carecem de interpretação, domínio de localização nos diplomas legais, cálculos e fintas a rasteiras que surgem pelo meio. Não é fácil mas já está e agora seja o que Deus quiser.

O homem está de volta e a tasca está reaberta outra vez.

Peço desculpa pela falta de atenção nestes dias. A primeira rodada é minha e tenho ali uns pipis de molho que estão uma perdição.

Já agora, digo-vos que em Lisboa reparei que o Natal agora chega em Agosto e isto é mesmo de loucos. Dizer que o tempo está virado do contrário é já hoje um tremendo lugar comum. Dantes em Santo António, havia ali o velhote das bombas, o Ti Manel das Gasolinas, que ainda nós não tínhamos saído do carro e já ele dizia “então, chove ou não chove?”. Se ainda estivesse ao serviço estava amolado… há muito que tinha perdido o motivo de conversa. Digo eu que todos já sabemos que hoje não há estações. A Primavera e as florzinhas, o Verão e as praias, o Outono e a queda da folha e das chuvas, o Inverno do frio e da neve já são coisas do antigamente. Agora temos um Agosto em que temos de andar de capote e um Outubro em que andamos de braceletes. Tá normal. Agora esta do Natal chegar 2 meses antes é fabulosa.

O meu vizinho Mário, o carteiro, bateu-me há dias aqui no vidro com ar maroto, para me entregar o folheto dos brinquedos do Jumbo. Riu-se assim com ar travesso como quem diz “vá, toma lá. Agora desenrasca-te”. A publicação já passou pelo “lápis azul” da descendência. Em quase todos as páginas há 3 ou 4 produtos com uma cruz em cima e eu nem sequer quero pensar no que é que aquilo quer dizer.

Em Lisboa o Natal está em peso: luzes nas ruas, promoções nas grandes superfícies, sininhos e enfeites, som ambiente e os Pais Natal a chegarem.

O grande problema é que com as coisas a sucederem-se tão depressa… os anos vão passando… o cabelo clareando… mas o Tejo é sempre novo! (é assim? O meu sogro a cantar isto é digno de cd!).

Bom, o que eu sei é que para o ano vou tentar comprar um fatinho de banho para a praia de cor vermelha com as bainhas brancas. Assim, quando chegar o Natal, só tenho de comprar o gorro e o algodão para as barbas.

Ho! Ho! Ho!

2 comentários:

Luís Bugalhão disse...

welcome back ti sabi.

é para dizer que estás enganado. no que diz respeito aos militares isso tb se passa (o estudo intensivo para passar de nível).

há contudo uma diferença fundamental:
no meu caso, sargento electrotécnico, bem posso estudar (e tenho-o feito em excesso, feliz ou infelizmente) que não passo do mesmo...

mas tenho o exemplo da minha irmã, do instituto português de arqueologia, que dizia que o mestrado seria a última oportunidade para a verem a estudar, e agora anda que nem pode das meninges para ver se chega a directora, ou lá o que é...

por isso, caro Pedro, aguentaste até ao teste, prepara-te para os que ainda faltarão. entretanto segue os conselhos do buga tio, e chega-lhe uns canecos, que um dia não são dias e quem à boa árvore se encostar, boa sombra há-de encontrar, e... olha Natal em Dezembro, Carnaval em Fevereiro (que é o meu provérbio alentejano preferido).

já agora, esfinzado pode até ser sinónimo de desmorecido, incierado, picuinhas, em baixo, aperreado, e ... se calhar há mais. e não é alpalhoês, é altalentegês de boa cepa.

abraço

Anónimo disse...

Epá, desculpem lá a intromissão familiar, mas fartei-me de rir com este comentário.

Abraço aos 'tios'.