Vejam bem…
Eu, que durante quase toda a minha vida andei com esta cruz às costas… ou melhor… ao peito, nem sabia disto.
Apareceu uma senhora a falar do custo dos medicamentos e da falta de apoios e não sei quê… e fez-se um flashback na minha cabeça.
Até ao dia em que uma enfermeira num consultório de Castelo Branco me escreveu muitos números nos bracitos frágeis de criança e depois começou a espetar agulhas embebidas em frasquinhos que diziam “tabaco”, “pólen”, “pêlos de animais”… e por aí fora.
Lembrei-me que junto de alguns desses números cresceram depois, como por magia negra, ampolas enormes, algumas cheias de água e esse foi o meu veredicto para muitos, tantos anos de vacinas, de crises de pieira, de bombas e aerossóis.
Apesar de, Graças a Deus, nunca ter chegado ao ponto de ser hospitalizado, cheguei a pensar que jamais me veria livre desta sina.
E hoje em dia, perante a inimaginável (há uns anos atrás) situação atlética em que me encontro, parece-me justo e quase uma obrigação deixar o meu testemunho a esse milhão de pessoas que sofre actualmente em Portugal com a doença (número que pode duplicar ou triplicar se contabilizarmos os familiares que são arrastados pelo flagelo):
Se sofrerem de asma, o melhor remédio (ao contrário do que me ensinou quase toda a classe médica quando era pequeno) é mexerem-se!
Mexam-se, pela vossa saúde!
Façam tudo para abandonarem progressivamente os pesados medicamentos e mexam-se, não se deixem ficar prisioneiros pela doença.
Se não puderem nadar, corram. Se não puderem correr, andem. Se não puderem andar façam qualquer coisa nem que seja apenas moverem-se.
Este é o conselho de uma pessoa que dos 4 ou 5 ou 6 até aos 30 e muitos anos, todos os dias teve de tomar qualquer espécie de medicamentos e hoje reduziu a doença ao nível praticamente zero, ao ponto de não tomar nada.
Com muita força de vontade, muita mesmo, comecei por correr 10 minutos e terminar quase extenuado. Depois fui progressivamente passando para 20, 30, 40 (levando por vezes meses a aumentar a resistência), 50 e por aí fora até já ter corrido 2 horas e 20 minutos, ininterruptamente, sem parar, e chegar ao fim num boa condição aeróbica.
Com a natação foi o mesmo… primeiro nadava 1 piscina, depois 2 seguidas e por aí fora até chegar à condição actual de nadar quase 2 quilómetros numa hora, quase sem parar e chegar ao final com uma boa pulsação, capaz de fazer muito mais.
O metabolismo treina-se. Os alvéolos pulmonares também.
E para quem não me conhece… acreditem que a única coisa que tenho de Super-homem é uma t-shirt já bem velhinha com o símbolo no peito que anda lá para o sótão. Aqui de Super-homem não há nada!
Acreditem que desde que se queira… qualquer um consegue. È apenas uma questão de força de vontade.
Muito treino, disciplina, rigor faça chuva ou faça sol e os resultados têm de aparecer.
Por isso, sobretudo para os pais: não deixem de vigiar do ponto de vista médico os vossos filhos mas, por favor, não ceguem com esperança nos milagres que a medicina não faz.
Seja futebol, natação, atletismo, raguêbi… qualquer tipo de desporto vale.
Só o desporto pode ser a definitiva solução para o vosso problema.
Palavra de escuta!
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Notícia do portal Webrun (Brasil)
http://www.webrun.com.br/home/conteudo/noticias/index/id/7752
Asmáticos são os maiores corredores do mundo
Por Harry Thomas Jr. 10/03/2008 - Atualizada às 20:00
Que a inglesa Paula Radcliffe tinha asma era um fato que já sabia há tempos. Mas que Haile Gebrselassie era asmático fiquei sabendo somente hoje, quando o etíope anunciou sua desistência de competir a maratona olímpica, em Pequim, no próximo mês de agosto.
Acho que assim configura-se pela primeira vez na história da maratona e talvez do atletismo que seus dois recordistas mundiais - no masculino e feminino – se dizem portadores de asma, doença respiratória que acomete milhões de pessoas ao redor do mundo. Outro fato que chama a atenção é que Gebrselassie e Radcliffe, além de recordistas, são considerados os maiores e mais completos corredores de toda a história do fundo e meio fundo.
E as vezes achamos que caímos no lugar comum quando citamos alguns "clichês" do tipo “um exemplo a ser seguido; não desista de seus sonhos; superação; garra” entre outros, quando nos referimos a muitos campeões.Mas eu pergunto: não é um exemplo de determinação para milhões de pessoas que sofrem ou não da doença?
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