Começou como se fosse uma brincadeira mas a verdade é que correr se está a tornar em algo que é muito mais do que um hobbie. Pode até estar a tornar-se numa verdadeira paixão. Actualmente é uma das actividades que me faz sentir melhor, que me dá mais prazer, que me faz sentir mais vivo. Correr purifica o corpo, tonifica a alma, liberta-nos. E não há nada como quando chega aquela hora da tarde em que me desligo do mundo, me ligo a um bom novo disco no ipod e saio por aí fora montado nas sapatilhas.
Há tempos havia um anúncio publicitário da Nike em que diversas pessoas, de ambos os sexos e de todas as idades, corriam nos mais diversos ambientes, sob diferentes condições climatéricas. A câmara captava-os sempre a correr, no campo ou na cidade, em alcatrão ou estradas batidas, ao sol e à chuva. Sempre em silêncio. No final do filme, apenas uma pergunta: “You did a run today? Or you didn´t?” (Fizeste uma corridinha hoje? Ou não?). Extremamente simples e eficaz, com uma poderosa imagem de marketing por trás, como se uma corrida fosse a única coisa que verdadeiramente interessava fazer durante o dia. Se a nossa resposta fosse negativa, ficava um certo sabor a derrota na boca.
Correr é muito mais do que apenas fazer desporto. Correr também pode ser uma terapia que funciona à medida das nossas necessidades. Nos dias em que o físico está mais em baixo e estamos mais cansados, corremos apenas para conseguir chegar ao final. Nos dias em que o stress e o nervosismo apertam, corremos para nos libertarmos das toxinas do mundo moderno, para aliviar a carga. Nos dias em que nos sentimos integrados e bem dispostos, com a moral em alta, corremos para nos desafiarmos, para estabelecermos novos limites, novos tempos. Corremos para nos pormos à prova.
E depois, no final, há o duchinho retemperador, o jantarinho à maneira, um serão agradável e uma boa noite de sono.
Correr devia ser um acto de higiene pessoal, como tomar banho e lavar os dentes.
E o prazer, meus amigos, ou os simples prazeres da vida, como quando corremos ao anoitecer e umas gotas de chuva nos desafiam, enquanto ouvimos baixinho nos auriculares um dos discos do momento.
Nas minhas corridas invento circuitos e entretenho-me a dar-lhes designações. O circuito da “volta de casa”, com 6 quilómetros mais 750 metros, usualmente percorrido em 40 / 45 minutos, tem uma parte que eu gosto muito, à qual chamo “Pequeno Dakar”, lembrando o rally, por ser um troço sinuoso de terra batida, com muitos calhaus e altos e baixos. No final do “Dakar” há uma subida acentuada que é a parte mais difícil de todo o trajecto. Junto a essa subida há uma casa e perto dessa casa há um cãozito que vive num bairro de lata.
Eu digo que é um bairro de lata porque o animal vive literalmente dentro de um enorme bidon ferrugento, estrategicamente colocado com a entrada virada para a via de passagem. È um bairro de lata algo incaracterístico porque é unifamiliar e unipessoal. Só lá vive o pobre animal.
Terrível, o gajo! Não há uma única vez que por ali passe que não me ladre como se o mundo fosse acabar já amanhã. Tem uma corrente enorme presa à coleira que traz ao pescoço e esforça-se sempre por me alcançar, em vão. Não chega cá!
Nunca lhe fiz mal, mas o animal não se controla e salta enfurecido na minha direcção assim que me vislumbra. Quando ainda nem cheguei ao cimo da etapa de montanha, já ele se prepara para atacar, instigado pelo som dos meus passos. Às vezes vou bem disposto e meto-me com ele. Às vezes mostro-lhe a língua, outras faço-lhe uma careta. Outras apenas passo indiferente. Algumas vezes corro na sua direcção e faço-lhe uma finta bem apertada. Noutras iludo-o e volto-me para trás, fingindo persegui-lo só para o ver ir a fugir para o barraco com o rabo entre as pernas.
Juro que nunca lhe fiz mal e já faz parte do percurso saber que o encontro lá.
Mas a verdade é que o gajo é ruim e faz cara de mau e até estava capaz de apostar que de certeza que pensa na sua cabecita peluda, de cada vez que me vê, “o quanto eu gostava de poder ferrar uma dentada nas pernas carnudas deste cabeçudo que aqui passa todos os dias!”.
Nunca lhe fiz mal, caraças!, mas o bicho incomoda-se só de me ver e é incapaz de resistir e tem mesmo de ladrar de cada vez que me vê passar.
E eu penso cá para comigo: “é engraçado, como algumas pessoas que eu conheço, são tão parecidas com os animais!”.
Há tempos havia um anúncio publicitário da Nike em que diversas pessoas, de ambos os sexos e de todas as idades, corriam nos mais diversos ambientes, sob diferentes condições climatéricas. A câmara captava-os sempre a correr, no campo ou na cidade, em alcatrão ou estradas batidas, ao sol e à chuva. Sempre em silêncio. No final do filme, apenas uma pergunta: “You did a run today? Or you didn´t?” (Fizeste uma corridinha hoje? Ou não?). Extremamente simples e eficaz, com uma poderosa imagem de marketing por trás, como se uma corrida fosse a única coisa que verdadeiramente interessava fazer durante o dia. Se a nossa resposta fosse negativa, ficava um certo sabor a derrota na boca.
Correr é muito mais do que apenas fazer desporto. Correr também pode ser uma terapia que funciona à medida das nossas necessidades. Nos dias em que o físico está mais em baixo e estamos mais cansados, corremos apenas para conseguir chegar ao final. Nos dias em que o stress e o nervosismo apertam, corremos para nos libertarmos das toxinas do mundo moderno, para aliviar a carga. Nos dias em que nos sentimos integrados e bem dispostos, com a moral em alta, corremos para nos desafiarmos, para estabelecermos novos limites, novos tempos. Corremos para nos pormos à prova.
E depois, no final, há o duchinho retemperador, o jantarinho à maneira, um serão agradável e uma boa noite de sono.
Correr devia ser um acto de higiene pessoal, como tomar banho e lavar os dentes.
E o prazer, meus amigos, ou os simples prazeres da vida, como quando corremos ao anoitecer e umas gotas de chuva nos desafiam, enquanto ouvimos baixinho nos auriculares um dos discos do momento.
Nas minhas corridas invento circuitos e entretenho-me a dar-lhes designações. O circuito da “volta de casa”, com 6 quilómetros mais 750 metros, usualmente percorrido em 40 / 45 minutos, tem uma parte que eu gosto muito, à qual chamo “Pequeno Dakar”, lembrando o rally, por ser um troço sinuoso de terra batida, com muitos calhaus e altos e baixos. No final do “Dakar” há uma subida acentuada que é a parte mais difícil de todo o trajecto. Junto a essa subida há uma casa e perto dessa casa há um cãozito que vive num bairro de lata.
Eu digo que é um bairro de lata porque o animal vive literalmente dentro de um enorme bidon ferrugento, estrategicamente colocado com a entrada virada para a via de passagem. È um bairro de lata algo incaracterístico porque é unifamiliar e unipessoal. Só lá vive o pobre animal.
Terrível, o gajo! Não há uma única vez que por ali passe que não me ladre como se o mundo fosse acabar já amanhã. Tem uma corrente enorme presa à coleira que traz ao pescoço e esforça-se sempre por me alcançar, em vão. Não chega cá!
Nunca lhe fiz mal, mas o animal não se controla e salta enfurecido na minha direcção assim que me vislumbra. Quando ainda nem cheguei ao cimo da etapa de montanha, já ele se prepara para atacar, instigado pelo som dos meus passos. Às vezes vou bem disposto e meto-me com ele. Às vezes mostro-lhe a língua, outras faço-lhe uma careta. Outras apenas passo indiferente. Algumas vezes corro na sua direcção e faço-lhe uma finta bem apertada. Noutras iludo-o e volto-me para trás, fingindo persegui-lo só para o ver ir a fugir para o barraco com o rabo entre as pernas.
Juro que nunca lhe fiz mal e já faz parte do percurso saber que o encontro lá.
Mas a verdade é que o gajo é ruim e faz cara de mau e até estava capaz de apostar que de certeza que pensa na sua cabecita peluda, de cada vez que me vê, “o quanto eu gostava de poder ferrar uma dentada nas pernas carnudas deste cabeçudo que aqui passa todos os dias!”.
Nunca lhe fiz mal, caraças!, mas o bicho incomoda-se só de me ver e é incapaz de resistir e tem mesmo de ladrar de cada vez que me vê passar.
E eu penso cá para comigo: “é engraçado, como algumas pessoas que eu conheço, são tão parecidas com os animais!”.
7 comentários:
Meu amigo:
Começar a drogar-me aos 44 não é boa ideia. Não é boa ideia em nenhuma idade, convenhamos...
Mas, às vezes, dou um autêntico de un chuto com esses jorros de palavras que tu botas cá para fora.
Os cães são como as pessoas. E o ladrar é a língua deles.
Nunca saberemos quais as razões que esse rafeirote tem para querer iscar-te as canelas.
Será porque não vai com a tua cara?
Será porque queria correr ao teu ritmo e não pode porque a corrente o segura pelo ganhote?
Certamente, que os outros "cães" (e "cadelas"!!!) mais que não ir com a tua cara, o que realmente lhes sucede é que não são capazes de acompanhar a tua pedalada. Azar...
Olha rapaz... continua a correr. Faz bem à saúde.
Una frase que me encanta de nuestro Quijote y que siempre me la aplico, hasta cuando es Garraio el que nos da caña:
" NOS LADRAN, SANCHO, SEÑAL DE QUE CABALGAMOS"
Un abraço. Espero que a comprendam.
EM CONTRA-MÃO
COMO AS PESSOAS MUDAM (CRESCEM) …
Meu caro amigo Pedro, há muito que não me dirijo a ti pessoalmente, isto é, ás ideias que aqui vais postando com insistência, que eu sempre leio e aprecio. Embora, como sabes, ás vezes, não concordo e penso que ainda bem, porque é do confronto de ideias e do contraditório que muitas vezes se faz avançar, ou mesmo produzir conhecimento, apesar de isso agora não estar muito em moda.
O que interessa a alguns “artolas”, é que sejamos “carneirinhos normalizados”, feitos por encomenda e a dizer que sim, como os “bobis” de antigamente (não esse “lobo” que te ladra diariamente), que enfeitavam os “tabliés dos sincas, opeis, fiats, etc.”
O chato, mesmo chato, para essa gente, é que ás vezes aparece uns “gajos” como tu (e acho que como eu…), que não se deixam etiquetar e normalizar e lhes chateiam a vida. Enfim, tenham paciência, que a nós não nos falta, para os aturar.
Mas, o que eu queria dizer-te hoje, são duas simples coisas: uma boa e outra…má!
A boa, é que, não sei se te deste conta, mas acabaste de escrever um dos mais belos textos de “educação para a saúde”, que faz inveja a muitos pedagogos. Está lá tudo, desde os princípios científicos, ao método, à motivação, etc., é só ler e acreditar.
A má, é uma coisa que ando para te dizer há muito tempo e que tem a ver com o título que dei a este comentário: “Como as pessoas mudam…”
Recordo-me, aqui acerca de dois anos e meio, numa tarde quente de Julho, por sinal um dia muito triste para mim, de ter procurado apoio no teu ombro (que por acaso mo não ofereceste nesse dia) e de ter confidenciado que estava a ser vítima de mais umas “mordidelas”…
Pareceu-me que não me compreendeste nesse dia, apesar de eu ainda argumentar, “que só não se “morde” a quem nunca fez nada” e eu, orgulhava-me de ter feito alguma coisa, talvez nem sempre o melhor, mas…de ter feito, sobretudo na coisa pública e sem qualquer interesse pessoal, como se tem provado nos tempos que se seguiram.
Ao contrário de outras “pessoas”, que como tu sabes têm sido umas autenticas desilusões e muito pouco reconhecedoras de quem em determinada altura “lhes deitou pão”, apenas por acreditar em projectos e sem pedir nada em troca.
Vem esta conversa toda, por ver agora essa tua preocupação sobre “os perros”, que ladram à tua passagem…porque será amigo Pedro?
Será que andas a descurar a alimentação dos bichos? Tens andado a “bater os pés” a alguns? E já serão muitos, ou ainda são só os rafeiros? O dono ainda os controla ou alguns já te rondam a casa para te cheirar as hormonas da desistência e do medo?
De uma coisa parece não restar dúvidas: Já nem todos te abanam a cauda e te fazem, béu, béu, béu…
Um alerta de quem tem passado por isso, SE FOREM SÓ OS RAFEIROS…: segue o conselho da Goyi: “os cães ladram mas a caravana passa”.
Nota do autor: Arranja um “cacete”, que pode vir a ser-te preciso.
Um abraço
João Bugalhão
Estava agora a recordar aquele teu passeio romantico com a Sacha no Jardim de Nisa...
Só faltavam as mãozinhas dadas e um pôr do sol de estalo...Beijinhos
Este fim-de-semana tive o privilégio de voltar ás instalações desportivas do GDA. A convite da secção de futebol juvenil, para fazermos as inspecções médicas aos jovens atletas do clube, na companhia do meu colega Manuel Brandão (que teve simpatia de fazer os electrocardiogramas da rapaziada), do Dr. Carlos Sequeira (que fez a parte médica) e eu, que me limitei a pesar, medir, e a fazer os testes oftalmológicos, aos cerca de 30 jovens candidatos a dar uns pontapés na bola.
Foram 3 horas espectaculares, pelo prazer de ver o meu clube do coração com vida, pelo convívio com alguns dos dirigentes e treinadores, pelos contacto com jovens entre os 10 e os 16 anos (alguns, que só já reconheço pelos apelidos dos pais), que ainda se entretêm com estas actividades do desporto, e porque, no que ás inspecções diz respeito, termos descoberto, por exemplo, que dois deles, tinham problemas de visão de alguma gravidade (como é possível ainda hoje com o acesso que existe aos serviços de saúde); mas sobretudo pelo conjunto de emoções que senti ao voltar aquela casa, onde passei cerca de 20 anos da minha vida.
Mas destas, quero destacar, uma que vai ficar para sempre no meu coração.
Já no fim do trabalhinho (voluntário e gratuito, com o Dr. Carlos, ainda, a emprestar o seu Electocardiografo e outros “utensílios”, e o vinhinho para o almoço), apareceu o meu amigo Luís Barradas, com um “dossier”, religiosamente guardado, sobre uma série de apontamentos, que fui realizando entre 1993 e 2000, sobre as actividades que ali desenvolvi ao longo desse período.
Ali estava tudo: planos de treino, testes físicos, testes médicos, tácticas, resultados, orçamentos, relatórios, multas aos prevaricadores, receitas despesas, etc., etc. Ai se o Zé Mourinho o descobre…
Mas sobretudo nomes…nomes e mais nomes. Nomes de gente, nomes de jovens (cerca de 300, estive hoje a contá-los), hoje homens da minha terra, alguns que já não reconheço (pela minha fraca memória visual), mas que agora, ao folhear este caderninho, desfilaram todos, mas mesmo todos diante de mim…
E questiono-me hoje, valeu a pena? E respondo-me baixinho, “para mim valeu, e para eles…”
Obrigado aos amigos desta manhã: JM Lança, Luís Barradas, “Bêba”, Luís Roque, Márcio Fernandes, Pedro Sobreiro, Carlos Sequeira, Manuel Brandão (e os seus dois filhotes), e desculpem se me esqueço de alguém.
Força Arenense!
João Bugalhão
Srº Bugalhão, já não deve estar recordado de mim, fui mais um desses rapazolas que jogou no Arenense sob a sua orientação, há muitos anos atrás, mas fique sabendo que valeu a pena tambem para mim essa passagem por lá. Mesmo tendo sido uma passagem curta, pois o meu jeito para o futebol fica muito aquem das espectativas, talvez por nisso não sair ao meu velhote (o Bêba). Um abraço e felicidades.
olá pedro, olá joão bugalhão, olá caros marvanenses.
atão ó ti' pedro, não há posts há uma semana?
atão eu aqui agarrado ao 'vendoomundodebin...' tipo tóxicoindependente e o dealer nada?
tenho que mudar de droga?
viva o arenense sim senhor, que é o clube da terra onde a minha mãe me pariu!
viva tb quem trabalhou para ele sem outra intenção que não fosse a do gozo, ou o de fazer omeletes com poucos ovos!
viva os ovos (jogadores) que tantas omeletes saborosas têm feito!
mas, QUASE UMA SEMANA sem posts!?
andamos a brincar c'a tropa ou isto é algum programa de rádio?
ou será que a eleição do sr médico e presidente da CMVNG e do PSD te deixou 'afónico'? o MRS ficou um pouco enxofrado, mas não é preciso que todo o universo psd ponha a bandeira a meia-haste. até pq as bases deram um sinal de esperança ao povo: descansai, que ainda não é desta que arranjámos alguém para derrotar o nosso adorado líder J.S. Pinto de Sousa.
não é a vida, como dizia o padrecas!
é a democracia do 'pobão'!
os barões agora têm que chupar e calar (já para não falar de engolir).
desculpem a brejeirice (especialmente tu, Pedro), no hard feelings (como dizem os bifes), abraços e saudades das conversas.
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