E agora parece que vão começar a dar preservativos à pala nas escolas, segundo o que ouvi no outro dia nas notícias da rádio.
As associações de pais já andam numa granda azáfama a organizar protestos e mais não sei o quê. Não tarda nada, anda meio mundo na rua aos gritos com cartazes contra isto e contra aquilo.
Imagino que vão chover protestos de todos os quadrantes e mais alguns.
Preservativos à borla.
E logo nas escolas…
Eu acho bem.
Na verdade, não só acho bem como me parece que é uma das medidas mais certeiras que ouvi em muito tempo para combater, olha, por exemplo, a SIDA.
E isso já é uma grande coisa.
É uma medida certa porque às vezes os grandes problemas combatem-se não com grandes soluções mas sim com soluções pequenas e certeiras… estratégicas… que vai na volta nem custam muito.
Eu agora sou pai, mas olhando para trás, recordo-me bastante bem da minha adolescência que me parece, agora que penso nisso, que foi ontem ou por aí.
Acho que ainda estou mais próximo de ser adolescente do que de ser um chefe de família e pai e funcionário das Finanças e Vereador e essas coisas todas.
Se calhar é porque já fui jovem mesmo assim a sério e nestas novas funções estou há ainda menos tempo.
De qualquer das formas, tudo isto é para dizer que eu percebo os jovens porque não raras vezes quando falo para eles, ou penso neles, me sinto também um deles.
E lembro-me bem que as raparigas se tornam mulherzinhas mais depressa que os rapazes. Na minha turma do 7º e 8º ano, já as miúdas passeavam pelo átrio da escola as formas roliças que haveriam de fazer delas mulheres e ainda eu e os meus colegas trocávamos cromos de futebol da 1ª divisão, de cadernetas que nunca chegávamos a acabar porque eu ainda hoje acredito que os cabrões da editora deixavam sempre um cromo do Varzim, ou do Espinho por fazer, para nos tornarem dependentes ao ponto de queremos vender a casa e o carro e os nossos pais só para ter o prazer de folhear aquilo tudo e não ver nenhum quadradinho em branco.
Quando ainda no ciclo, a dada altura, a gente começa a reparar naquilo, ou seja, nas colegas, nas mulheres e é tudo um rebuliço. A cabeça dos jovens é muito complicada porque processa os pensamentos à velocidade da luz e o corpo então está sempre em permanente ebulição e mais parece um tubo de ensaio cheinho de hormonas malucas do que o invólucro de uma pessoa normal.
Aí a partir dos 13 ou 14 e nos 15 é já de certezinha, um gajo só pensa em namorar e nos beijinhos e no bingo! que às vezes parece que está quase mas a páginas tantas lá se vai tudo por água abaixo porque toca para a entrada, ou porque os amigos que estão à esquina a espreitar se escavacam a rir, ou porque chega a funcionária da biblioteca ou a contínua ou assim.
Sejamos claros: os rapazes nessas idades só pensam nisso.
Elas, fazem-se difíceis mas a partir de uma determinada altura, vergam-se perante a natureza e arreiam porque a carne é fraca.
E podem vir para aqui com mil teorias do género “ah, não sei quê e isto e aquilo e aqueloutro” que nem todas são iguais e eu digo: “balelas!”.
Eu sei do que falo.
Só no Liceu, e já me estou a adiantar na conversa, tive 6 namoradas, todas elas giríssimas, mesmo das mais giras da escola e não foi dito só por mim e eu nunca fui dos gajos mais bonitos. Pondo a modéstia de parte e olhando para trás, podia não ser muito giro nem muito atlético como os gajos de desporto, mas tinha pinta e isso gerava algum consenso. Acho que sabia levá-las e isso notava-se. Os meus segredos sempre foram 2: saber usar a cabeça e uma coisa fabulosa que eu ouvi uma vez o Humphrey Bogart dizer num filme a preto e branco, no segundo canal da televisão espanhola numa madrugada em que não me conseguia deixar dormir: “Fazer rir uma mulher é a maneira mais fácil de ser dono do seu coração”. Bem hajas!
Piada sim, acho que nisso, mais ou menos, safava-me.
Concluindo, a partir dos 14, a malta está toda numa onda de transe. Verdadinha e que me desculpem os pais porque quem fala verdade, não merece castigo.
Isto no meu tempo, porque se fizermos a conversão para os dias de hoje e se levarmos em linha de conta que os jovens aprendem tudo mais cedo e fazem tudo mais cedo e até a menstruação se explica nos iogurtes da Danoninho ( a sério? Não! Isto sou eu na reinação), a coisa complica e muito.
Agora vamos todos fazer um exercício:
Faz de conta que somos jovens outra vez. Faz de conta que temos vontade de dar vazão a estas coisas estranhas que nos fazem tremer cá dentro e querer fazer o que nem sequer sabemos como e até há esta miúda muita gira do ciclo que está aqui ao lado e pelos olhitos de gata que me deita, está na mesminha onda que eu.
O que é que nós precisamos para dar andamento a isto?
Em primeiro lugar… precisamos de espaço, mas isso é fácil. Qualquer cantinho duma sala de um setôr que faltou, a arrecadação do ginásio, o clube de francês, a sala dos finalistas, o sótão da escola, o anexo do laboratório (tanto frio!), um canto do edifício ao anoitecer, qualquer coisa serve.
Então, temos 2 corpos que encaixam (a biologia ajuda!), temos espaço, tempo e oportunidade… o que é que falta ali para que a coisa vá por onde tem que ir mas sem problemas de maior?
Isso mesmo: faltam os preservativos!
E os preservativos estavam na minha altura para os jovens estudantes como o Santo Graal para os arqueólogos, ou seja, eram pura e simplesmente inatingíveis. Hoje as coisas mudaram um pouco mas o sexo continua a ser tabu. Continua a haver pudor e receio de falar, discutir e debater uma coisa que é tão natural ao ponto de todos nós termos tido origem nela.
Sim, porque para cada um de nós que anda por aqui a passear a cabeça entre as orelhas teve de haver uma cópula prévia, uma junção de corpos, uma relação sexual, uma ***a (isso!). Simples não é? Então, let’s face the truth, e encarar isto com naturalidade, como uma contingência da vida, como o Alzheimer ou outra cena qualquer que nos vai tocar a todos.
Para um miúdo com vontade, o preservativo é o mais difícil.
Procurá-lo em casa é um pouco careta. A coisa pode correr bem mas também pode correr mal e a menos que haja um pai ou uma mãe conscienciosos que deixem um ou outro exemplar assim num sítio meio a fingir que está escondido para ele poder lá passar e apanhá-lo quando precise; ou o utilizem na prática conjugal e deixem a banquinha de cabeceira destrancada ou outra benesse divina do género, pode tudo complicar-se.
É claro que ter um irmão mais velho é certeza de Jackpot. Aí o mais provável é que não faltem camisas de vénus de todas as cores e sabores. No meu tempo eram todas iguais, cremes e a cheirar a borracha.
Mas para quem não tem pais assim e irmãos mais velhos, e colegas repetentes fixes que também as querem para eles, conseguir camisas é arriscado.
Agora já há os hipermercados que vendem toda a merda e até drogas e medicamentos e as ditas camisas também. Mas no meu tempo, lá está, o preservativo era um produto que não constava do inventário adrede da mercearia das minhas tias nem nas outras mercearias num raio de trezentos quilómetros quadrados.
E aquela história de ir à Pharmácia quando os vendiam em exclusividade e entrava alguém conhecido e apanhavam um gajo com a borracha na mão e iam logo a correr dizer “xiii, andas nessa? Anda que eu já vou dizer à tua mãe e ao teu pai!”.
“Xii! Empata-****s!” digo eu!
Nós somos animais, meus amigos. Com o tal verniz cultural mas animais, de qualquer das formas. A malta nova quer é cobrição e divertimento e são muito mais dados a hedonismos que todos nós, cotas, juntos!
Por isso, vamos tentar compreender-nos uns aos outros, vamos tentar ser tolerantes e tornar a vida mais fácil à rapaziada.
O que é que vale mais? Uma jovem que guarda na mochila a borrachinha gratuita que levantou na sala de convívio e a torna prevenida, fintando estigmas e preconceitos; ou a mãe adolescente que claudicou o seu futuro e o do filho que não quer; ou pior ainda, a jovem que faz retro virais para conseguir levar uma vida uma pouco mais digna por um erro de uma tarde ou uma noite?
E não vamos extrapolar contra o carácter gratuito porque acho que neste caso é o melhor para a nossa sociedade.
Se me perguntarem se sou a favor da distribuição de seringas gratuitas nos estabelecimentos prisionais tenho de responder que sou contra e isto pelo simples motivo que uma prisão deve de ser um espaço fechado, logo hermético, logo avesso a essas passagens. Autorizar essa distribuição era reconhecer que o sistema é permeável e corrupto e violável e as prisões servem para moralizar e não para desmoralizar. A luta deve ser feita no sentido de fazer o acompanhamento e a reabilitação dos prisioneiros e aí deve-se gastar o que há e o que não há, mas quanto a dar-lhe mais do que os meteu lá dentro em 90% dos casos, não me parece caminho.
Agora os preservativos, isso sim.
E depois ouvimos, “Ai a minha filha foi para a casa de uma amiga” (a mais antiga desculpa do mundo que serve à amiga também para se esgueirar aos pais dizendo que está com a hóspede e estando bem melhor algures); “ai a minha filha foi a um festival de Rock acampar com umas colegas e vai lá estar uma semana”; “ai uma viagem de finalistas e umas férias para não sei onde…”.
Na boa… mas todos nós sabemos que o mais certo é a coisas rolarem.
A Leonor tem hoje 6 anos.
Ainda parece que foi ontem que peguei nela pela primeira vez, embrulhadinha numa toalha branca, encandeada pelas luzes da sala de parto, a deitar fumo do corpo e ainda a cheirar ao ventre da mãe.
Já tem 6 anos.
Em menos de nada, chegará a estas idades de que vos falo e só Deus sabe como tudo vai ser um dia.
Eu espero cumprir o voto que fiz enquanto jovem de me tentar sempre relacionar com ela mais como amigo do que como pai. Na altura prometi que quando chegasse o momento certo, falaria com ela de tudo aquilo que quisesse como gostaria que falassem comigo.
O problema está em saber quando chega esse momento certo.
E as promessas, diz o povo que existem precisamente para não serem cumpridas.
A ver vamos…
As associações de pais já andam numa granda azáfama a organizar protestos e mais não sei o quê. Não tarda nada, anda meio mundo na rua aos gritos com cartazes contra isto e contra aquilo.
Imagino que vão chover protestos de todos os quadrantes e mais alguns.
Preservativos à borla.
E logo nas escolas…
Eu acho bem.
Na verdade, não só acho bem como me parece que é uma das medidas mais certeiras que ouvi em muito tempo para combater, olha, por exemplo, a SIDA.
E isso já é uma grande coisa.
É uma medida certa porque às vezes os grandes problemas combatem-se não com grandes soluções mas sim com soluções pequenas e certeiras… estratégicas… que vai na volta nem custam muito.
Eu agora sou pai, mas olhando para trás, recordo-me bastante bem da minha adolescência que me parece, agora que penso nisso, que foi ontem ou por aí.
Acho que ainda estou mais próximo de ser adolescente do que de ser um chefe de família e pai e funcionário das Finanças e Vereador e essas coisas todas.
Se calhar é porque já fui jovem mesmo assim a sério e nestas novas funções estou há ainda menos tempo.
De qualquer das formas, tudo isto é para dizer que eu percebo os jovens porque não raras vezes quando falo para eles, ou penso neles, me sinto também um deles.
E lembro-me bem que as raparigas se tornam mulherzinhas mais depressa que os rapazes. Na minha turma do 7º e 8º ano, já as miúdas passeavam pelo átrio da escola as formas roliças que haveriam de fazer delas mulheres e ainda eu e os meus colegas trocávamos cromos de futebol da 1ª divisão, de cadernetas que nunca chegávamos a acabar porque eu ainda hoje acredito que os cabrões da editora deixavam sempre um cromo do Varzim, ou do Espinho por fazer, para nos tornarem dependentes ao ponto de queremos vender a casa e o carro e os nossos pais só para ter o prazer de folhear aquilo tudo e não ver nenhum quadradinho em branco.
Quando ainda no ciclo, a dada altura, a gente começa a reparar naquilo, ou seja, nas colegas, nas mulheres e é tudo um rebuliço. A cabeça dos jovens é muito complicada porque processa os pensamentos à velocidade da luz e o corpo então está sempre em permanente ebulição e mais parece um tubo de ensaio cheinho de hormonas malucas do que o invólucro de uma pessoa normal.
Aí a partir dos 13 ou 14 e nos 15 é já de certezinha, um gajo só pensa em namorar e nos beijinhos e no bingo! que às vezes parece que está quase mas a páginas tantas lá se vai tudo por água abaixo porque toca para a entrada, ou porque os amigos que estão à esquina a espreitar se escavacam a rir, ou porque chega a funcionária da biblioteca ou a contínua ou assim.
Sejamos claros: os rapazes nessas idades só pensam nisso.
Elas, fazem-se difíceis mas a partir de uma determinada altura, vergam-se perante a natureza e arreiam porque a carne é fraca.
E podem vir para aqui com mil teorias do género “ah, não sei quê e isto e aquilo e aqueloutro” que nem todas são iguais e eu digo: “balelas!”.
Eu sei do que falo.
Só no Liceu, e já me estou a adiantar na conversa, tive 6 namoradas, todas elas giríssimas, mesmo das mais giras da escola e não foi dito só por mim e eu nunca fui dos gajos mais bonitos. Pondo a modéstia de parte e olhando para trás, podia não ser muito giro nem muito atlético como os gajos de desporto, mas tinha pinta e isso gerava algum consenso. Acho que sabia levá-las e isso notava-se. Os meus segredos sempre foram 2: saber usar a cabeça e uma coisa fabulosa que eu ouvi uma vez o Humphrey Bogart dizer num filme a preto e branco, no segundo canal da televisão espanhola numa madrugada em que não me conseguia deixar dormir: “Fazer rir uma mulher é a maneira mais fácil de ser dono do seu coração”. Bem hajas!
Piada sim, acho que nisso, mais ou menos, safava-me.
Concluindo, a partir dos 14, a malta está toda numa onda de transe. Verdadinha e que me desculpem os pais porque quem fala verdade, não merece castigo.
Isto no meu tempo, porque se fizermos a conversão para os dias de hoje e se levarmos em linha de conta que os jovens aprendem tudo mais cedo e fazem tudo mais cedo e até a menstruação se explica nos iogurtes da Danoninho ( a sério? Não! Isto sou eu na reinação), a coisa complica e muito.
Agora vamos todos fazer um exercício:
Faz de conta que somos jovens outra vez. Faz de conta que temos vontade de dar vazão a estas coisas estranhas que nos fazem tremer cá dentro e querer fazer o que nem sequer sabemos como e até há esta miúda muita gira do ciclo que está aqui ao lado e pelos olhitos de gata que me deita, está na mesminha onda que eu.
O que é que nós precisamos para dar andamento a isto?
Em primeiro lugar… precisamos de espaço, mas isso é fácil. Qualquer cantinho duma sala de um setôr que faltou, a arrecadação do ginásio, o clube de francês, a sala dos finalistas, o sótão da escola, o anexo do laboratório (tanto frio!), um canto do edifício ao anoitecer, qualquer coisa serve.
Então, temos 2 corpos que encaixam (a biologia ajuda!), temos espaço, tempo e oportunidade… o que é que falta ali para que a coisa vá por onde tem que ir mas sem problemas de maior?
Isso mesmo: faltam os preservativos!
E os preservativos estavam na minha altura para os jovens estudantes como o Santo Graal para os arqueólogos, ou seja, eram pura e simplesmente inatingíveis. Hoje as coisas mudaram um pouco mas o sexo continua a ser tabu. Continua a haver pudor e receio de falar, discutir e debater uma coisa que é tão natural ao ponto de todos nós termos tido origem nela.
Sim, porque para cada um de nós que anda por aqui a passear a cabeça entre as orelhas teve de haver uma cópula prévia, uma junção de corpos, uma relação sexual, uma ***a (isso!). Simples não é? Então, let’s face the truth, e encarar isto com naturalidade, como uma contingência da vida, como o Alzheimer ou outra cena qualquer que nos vai tocar a todos.
Para um miúdo com vontade, o preservativo é o mais difícil.
Procurá-lo em casa é um pouco careta. A coisa pode correr bem mas também pode correr mal e a menos que haja um pai ou uma mãe conscienciosos que deixem um ou outro exemplar assim num sítio meio a fingir que está escondido para ele poder lá passar e apanhá-lo quando precise; ou o utilizem na prática conjugal e deixem a banquinha de cabeceira destrancada ou outra benesse divina do género, pode tudo complicar-se.
É claro que ter um irmão mais velho é certeza de Jackpot. Aí o mais provável é que não faltem camisas de vénus de todas as cores e sabores. No meu tempo eram todas iguais, cremes e a cheirar a borracha.
Mas para quem não tem pais assim e irmãos mais velhos, e colegas repetentes fixes que também as querem para eles, conseguir camisas é arriscado.
Agora já há os hipermercados que vendem toda a merda e até drogas e medicamentos e as ditas camisas também. Mas no meu tempo, lá está, o preservativo era um produto que não constava do inventário adrede da mercearia das minhas tias nem nas outras mercearias num raio de trezentos quilómetros quadrados.
E aquela história de ir à Pharmácia quando os vendiam em exclusividade e entrava alguém conhecido e apanhavam um gajo com a borracha na mão e iam logo a correr dizer “xiii, andas nessa? Anda que eu já vou dizer à tua mãe e ao teu pai!”.
“Xii! Empata-****s!” digo eu!
Nós somos animais, meus amigos. Com o tal verniz cultural mas animais, de qualquer das formas. A malta nova quer é cobrição e divertimento e são muito mais dados a hedonismos que todos nós, cotas, juntos!
Por isso, vamos tentar compreender-nos uns aos outros, vamos tentar ser tolerantes e tornar a vida mais fácil à rapaziada.
O que é que vale mais? Uma jovem que guarda na mochila a borrachinha gratuita que levantou na sala de convívio e a torna prevenida, fintando estigmas e preconceitos; ou a mãe adolescente que claudicou o seu futuro e o do filho que não quer; ou pior ainda, a jovem que faz retro virais para conseguir levar uma vida uma pouco mais digna por um erro de uma tarde ou uma noite?
E não vamos extrapolar contra o carácter gratuito porque acho que neste caso é o melhor para a nossa sociedade.
Se me perguntarem se sou a favor da distribuição de seringas gratuitas nos estabelecimentos prisionais tenho de responder que sou contra e isto pelo simples motivo que uma prisão deve de ser um espaço fechado, logo hermético, logo avesso a essas passagens. Autorizar essa distribuição era reconhecer que o sistema é permeável e corrupto e violável e as prisões servem para moralizar e não para desmoralizar. A luta deve ser feita no sentido de fazer o acompanhamento e a reabilitação dos prisioneiros e aí deve-se gastar o que há e o que não há, mas quanto a dar-lhe mais do que os meteu lá dentro em 90% dos casos, não me parece caminho.
Agora os preservativos, isso sim.
E depois ouvimos, “Ai a minha filha foi para a casa de uma amiga” (a mais antiga desculpa do mundo que serve à amiga também para se esgueirar aos pais dizendo que está com a hóspede e estando bem melhor algures); “ai a minha filha foi a um festival de Rock acampar com umas colegas e vai lá estar uma semana”; “ai uma viagem de finalistas e umas férias para não sei onde…”.
Na boa… mas todos nós sabemos que o mais certo é a coisas rolarem.
A Leonor tem hoje 6 anos.
Ainda parece que foi ontem que peguei nela pela primeira vez, embrulhadinha numa toalha branca, encandeada pelas luzes da sala de parto, a deitar fumo do corpo e ainda a cheirar ao ventre da mãe.
Já tem 6 anos.
Em menos de nada, chegará a estas idades de que vos falo e só Deus sabe como tudo vai ser um dia.
Eu espero cumprir o voto que fiz enquanto jovem de me tentar sempre relacionar com ela mais como amigo do que como pai. Na altura prometi que quando chegasse o momento certo, falaria com ela de tudo aquilo que quisesse como gostaria que falassem comigo.
O problema está em saber quando chega esse momento certo.
E as promessas, diz o povo que existem precisamente para não serem cumpridas.
A ver vamos…
2 comentários:
****-se, então.
****-se , enquanto se pode
Sugiro um comite na tasca para analisar o caso.
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