Hei jätkät! (Alô rapaziada!)
Há quanto tempo… ou nem por isso.
Para quem não esteja a ver bem a coisa, é assim: neste preciso momento encontro-me a 40 quilómetros da fronteira com a Rússia e a apenas 400 km do pólo norte. Fresquinho, ãh? Maravilha!
O dia de ontem foi uma autêntica montanha-russa que começou às 4 da manhã e só terminou por volta das nove da noite (hora local, mais duas que em Portugal), ou seja 17 horas depois, após muitos milhares de quilómetros percorridos primeiro de carro e depois em dois voos consecutivos, um para Helsínquia e outro local para Kuusamo, esta belíssima localidade.
Isto é tudo mais ou menos como eu tinha pensado só que muito mais frio, obviamente, que não há quem explique isto de forma inteligível. Só sentindo na pele, mesmo!
Há quanto tempo… ou nem por isso.
Para quem não esteja a ver bem a coisa, é assim: neste preciso momento encontro-me a 40 quilómetros da fronteira com a Rússia e a apenas 400 km do pólo norte. Fresquinho, ãh? Maravilha!
O dia de ontem foi uma autêntica montanha-russa que começou às 4 da manhã e só terminou por volta das nove da noite (hora local, mais duas que em Portugal), ou seja 17 horas depois, após muitos milhares de quilómetros percorridos primeiro de carro e depois em dois voos consecutivos, um para Helsínquia e outro local para Kuusamo, esta belíssima localidade.
Isto é tudo mais ou menos como eu tinha pensado só que muito mais frio, obviamente, que não há quem explique isto de forma inteligível. Só sentindo na pele, mesmo!
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Frio... tenham muito frio...Eu assim que tiro os pés do chão, sobem-me logo as bolinhas ao pescoço e até nem me posso queixar dos voos que foram, gracíssimas a Deus, bastante tranquilos. Lá no alto, brilha um sol radioso sobre um manto muito espesso de nuvens que parecem feitas de algodão doce. Deu-me vontade de ir para lá brincar com a minha Leonor, aos pulos e cambalhotas e até às dentadas a elas, se fossem mesmo feitas de açúcar. Assim que a altitude baixa e os ouvidos se comprimem da pressão, descobrimos que esta terra tem uma cor: cinzento. Toda a atmosfera é cinzenta, fria e fechada. Kuusamo é uma cidade cercada por lagos gelados e a sensação que se tem quando se entra em contacto com este ambiente é a mesma que quando entramos naquelas enormes arcas frigoríficas como há nos hotéis. É de suster a respiração…
Está situada a 802 quilómetros da capital Helsínquia, na província de Oulu, com uma área total de 5.809 km2, 900 dos quais são água. Sabendo que na Finlândia existem actualmente 5.3 milhões de habitantes, por aqui há cerca de 17.000, em números redondos, o que não deixa de ser um número simpático para um dos pólos turísticos mais importantes do país pela sua associação aos desportos de Inverno e à suas condições climáticas. Escusado será dizer portanto que o Turismo é a actividade principal, o que não significa que não exista indústria, sobretudo ligada às madeiras. Da caça e da pesca já vivem muito poucos e esta não é a única semelhança com Portugal. Já ouvi diversas vezes por aqui repetir que o interior está cada vez mais desertificado, que os nascimentos são cada vez menos, as mortes cada vez mais e sendo assim, a população está cada vez mais envelhecida.
Está situada a 802 quilómetros da capital Helsínquia, na província de Oulu, com uma área total de 5.809 km2, 900 dos quais são água. Sabendo que na Finlândia existem actualmente 5.3 milhões de habitantes, por aqui há cerca de 17.000, em números redondos, o que não deixa de ser um número simpático para um dos pólos turísticos mais importantes do país pela sua associação aos desportos de Inverno e à suas condições climáticas. Escusado será dizer portanto que o Turismo é a actividade principal, o que não significa que não exista indústria, sobretudo ligada às madeiras. Da caça e da pesca já vivem muito poucos e esta não é a única semelhança com Portugal. Já ouvi diversas vezes por aqui repetir que o interior está cada vez mais desertificado, que os nascimentos são cada vez menos, as mortes cada vez mais e sendo assim, a população está cada vez mais envelhecida.
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Gelo... tanto gelo...Fiquei feliz ao ver a minha mala, que me garantiram que iria ser encaminhada directamente, e apanho um táxi conduzido por uma velhota de peruca, benza-a Deus, que não dizia uma única palavra em Inglês, apenas se ria e emitia uns sussurros que não consegui decifrar. Pensei, isto está giro, está...
A estrada estava geladíssima e enquanto repetia para mim próprio em silêncio, “metes-te em cada uma…”, ia reparando em como tudo à volta é tão diferente da minha (nossa terra). As casas são pequeníssimas, os telhados muito inclinados, a escuridão total e isto é tudo assim tão… esquisito.
Fiquei ainda mais feliz por ter chegado ao hotel com uma pontualidade praticamente britânica, 10 minutos antes do encontro com os nossos anfitriões e ainda tive tempo de levar a bagagem ao quarto. Calhou-me o 431 de um hotel enorme com 3 grandes blocos de apartamentos, restaurante, bar, sauna e piscina que isto de mamarem 93 euros por noite sem direito a companhia para nos ler uma historinha antes de dormir e só com pequeno-almoço, não pode ser por menos.
A estrada estava geladíssima e enquanto repetia para mim próprio em silêncio, “metes-te em cada uma…”, ia reparando em como tudo à volta é tão diferente da minha (nossa terra). As casas são pequeníssimas, os telhados muito inclinados, a escuridão total e isto é tudo assim tão… esquisito.
Fiquei ainda mais feliz por ter chegado ao hotel com uma pontualidade praticamente britânica, 10 minutos antes do encontro com os nossos anfitriões e ainda tive tempo de levar a bagagem ao quarto. Calhou-me o 431 de um hotel enorme com 3 grandes blocos de apartamentos, restaurante, bar, sauna e piscina que isto de mamarem 93 euros por noite sem direito a companhia para nos ler uma historinha antes de dormir e só com pequeno-almoço, não pode ser por menos.
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Os modestos aposentos do escriba e viajanteOs primeiros momentos do grupo são sempre tão quentinhos como a temperatura lá fora. Há sempre aquela medição, aquela análise, o estudo entre as partes mas o conjunto pareceu-me verdadeiramente interessante. Temos aqui um pouco de tudo o que é a Europa e no fundo, o espelho de diversas culturas. Destacou-se um turco muito engraçado que fala pelos cotovelos e se fartou de lamentar a perda do casaco no autocarro. Mas temos também uma italiana que quase não percebe uma palavra de inglês, um grego com quem falei obviamente do Katsouranis e logo dois franceses e dois espanhóis que são como os GNRs e andam sempre aos pares, uma romena, uma austríaca e uma holandesa. Acho que está bem.
Pedi um cerveja que neste país são praticamente de litro, o que me pareceu francamente bem e muito melhor que em Portugal. Sempre escusa o empregado de andar para trás e para a frente. No pratinho tínhamos 3 caralhotes, 3 carapauzinhos assim daqueles que no Bairro Alto se comem com arroz de tomate acompanhado de um copanázio de tinto a martelo; uns pedacinhos de queijo, umas ervinhas para dar cor, umas amoras de não sei quê e umas rodelas de chouriço de veado e eu disse chouriço de veado, não disse que comi o chouriço do veado, vamos lá a ver se nos entendemos!
Pedi um cerveja que neste país são praticamente de litro, o que me pareceu francamente bem e muito melhor que em Portugal. Sempre escusa o empregado de andar para trás e para a frente. No pratinho tínhamos 3 caralhotes, 3 carapauzinhos assim daqueles que no Bairro Alto se comem com arroz de tomate acompanhado de um copanázio de tinto a martelo; uns pedacinhos de queijo, umas ervinhas para dar cor, umas amoras de não sei quê e umas rodelas de chouriço de veado e eu disse chouriço de veado, não disse que comi o chouriço do veado, vamos lá a ver se nos entendemos!
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Falámos dos nosso países, fartei-me obviamente de vender Marvão, “um dos locais mais bonitos de Portugal, da Península, da Europa, do mundo e acho que até do universo, não contando o espaço sideral”. Quem achou muita piada a isto foi o espanhol que disse a seguir que era de Cuenca, sítio Património da Humanidade e meteu-se-me um nó na garganta que nem vos falo. Até me engasguei! Avancemos!
A conversa estava animada mas a rapariga disse que eram 23 horas e queria fechar e eu pensei para comigo “a fecharem tão cedo, nem os bêbados podem fazer carreira. Como é que eles não se hão-de gabar de a malta aqui se portar tão bem… a fechar a esta hora…”.
A noite de sono foi assim uma experiência quase que divinal e até acordei bem dispostinho. Banhinho bom com água quente, pequeno almoço farto e repleto de coisinhas boas e esta malta aqui não brinca com os horários. É às 9h, é às 9h! Quem chegar atrasado, ou bate com o nariz na porta ou vai a pé. Tal e qual como em Portugal. Eu cumpri!
A conversa estava animada mas a rapariga disse que eram 23 horas e queria fechar e eu pensei para comigo “a fecharem tão cedo, nem os bêbados podem fazer carreira. Como é que eles não se hão-de gabar de a malta aqui se portar tão bem… a fechar a esta hora…”.
A noite de sono foi assim uma experiência quase que divinal e até acordei bem dispostinho. Banhinho bom com água quente, pequeno almoço farto e repleto de coisinhas boas e esta malta aqui não brinca com os horários. É às 9h, é às 9h! Quem chegar atrasado, ou bate com o nariz na porta ou vai a pé. Tal e qual como em Portugal. Eu cumpri!
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Seguimos directos para a Kuusamo Upper Secondary School, o liceu cá do sítio, inaugurado hà 8 anos e ainda dentro do prazo de garantia, portanto, onde foi realizada a abertura oficial da visita. O frio era de rachar e assim que entrámos dou com uma das grandes inovações cá do sítio: como o gelo é tão agreste na rua e as casas estão tão quentes devido ao aquecimento central, têm um Toimisto, um cabide colectivo onde o pessoal deixa todos os casacos. Se isto fosse lá no meu Portugal devia de ser engraçado… já estou a imaginar os putos à porrada porque um vestiu o casaco novo do outro e chora a dizer que foi a madrinha que lho deu no Natal. Coisas de gente muito à frente. No auditório tivemos o prazer de se recebidos pelo Sr. Erkki Hämäläinen, Director do Departamento Educacional e homem forte da educação, como de resto já vão perceber, que nos apresentou o sistema escolar de Kuusamo.
Os cachopinhos a irem de bicicleta para a escolinha. Bucólico...
Parece a capa de um disco dos Joy Division
Mr. Erkki na sua apresentação. Ao fundo, Mr. Pekka Manninen, director da escola.
Uma das minhas colegas quis saber se cada professor ganha o mesmo trabalhando num sítio ou noutro e o Mr. Eikke disse que isso está tudo tabelado. Eu quis mesmo saber é de que forma se processam os concursos de professores que agora estão tão na berra em solo luso e o homem revelou-me de forma singela todo o seu poder: é ele que os escolhe. Ele, que é quem está à frente de todo o processo, com a ajuda dos directores das escolas, é que escolhe os profissionais que quer para os seus filhos. Depois o critério é só um: se é bom, fica. Se não é bom, vai. Cunhas? Não há! As cunhas não resultam e se for por aí, os pais queixam-se e a primeira cabeça a rolar é a sua. Simples, não?
Conclusão dita por ele mesmo, “já viram que somos tão diferentes, vivemos tão longe uns dos outros, mas os nossos problemas, as nossas preocupações são tão parecidas?… no fundo, queremos todos o mesmo: queremos sucesso… queremos ser felizes”.
Após as perguntas e respostas todos se apresentaram e eu não percebi porque é que se riram quando eu disse que eu era o único político presente. Realmente, a classe está muito mal vista e não é só em Portugal. Temos de rever isto…
De visita à escola, damos com umas instalações belíssimas, ultra-modernas, com tudo o que há de bom e do melhor. A arquitectura é nórdica, o aquecimento é central, a Internet é wireless e aquilo mais parece um hotel para jovens que outra coisa. Nem sequer falta uma mesa de matraquilhos!
O bar no hall de entrada da escola
Simples, sóbrio e elegante. Estilo finlandês...
Este vou levá-lo comigo para me fazer companhia. É o Iordanov!
De visita às salas de aula, reparo que a rapaziada deixa os sapatos à porta e pergunto: “mas isto é porquê? Estão a ter ginástica?”. Resposta do Vice-Director da escola: “não. Esta é uma medida amiga do ambiente. Na semana em que estamos em exames, os alunos descalçam-se para não sujarem as salas, que assim ficam menos poluídas, necessitam ser menos limpas, gasta-se menos detergente e protege-se o ambiente”. Tentei fechar a boca para não ficar com ar ainda mais aparvalhado e prometi a mim mesmo que da próxima vez vou penar duas vezes antes de perguntar seja o que for. Foge!
Fui aprendendo mais coisas: as avaliações aqui vão de 4 a 10 e para se entrar nesta escola o mínimo que têm de ter é 7 pelo que burros, não há de certeza. O ano lectivo tem 5 períodos diferentes de 7 semanas, 6 são de aulas e um é de exames.
Os alunos vão à escola apenas 3 vezes por semana num períodos de 75 minutos. Aposto que a chavalada em Portugal concorda com esta medida de certeza e já! As aulas acabam em Maio e têm dois meses e meio de férias.
Parece a capa de um disco dos Joy Division
Em termos de organização dos serviços públicos, o Municipal Council é uma espécie de parlamento composto por 43 elementos que define as grandes estratégias do município. O Municipal Board é de carácter mais executivo e o Mayor não é um político mas antes uma profissão de alguém que é designado. A Central Administration realiza a gestão diária e económica, com a ajuda do Management Group. Existem depois 3 comités específicos, uma para a saúde e acção social; outro para as questões técnicas e outro para a educação e é aqui que manda o nosso amigo Erkki.
O Local council é eleito em cada 4 anos (como em Portugal) mas os municípios são aqui muito mais independentes e consequentemente, são autoridades locais com muito mais responsabilidades. São os municípios que garantem todos os serviços mais importantes incluindo a segurança e o planeamento territorial. O modelo de sucesso resume-se em duas palavras: Gestão de proximidade.
Diz o Mr. Erkki, que na Finlândia os professores são muito importantes, uma parte preciosa da sociedade sem a qual não funciona a engrenagem de todo o processo. Os professores são muito populares entre os jovens e têm um estatuto ímpar no meio em que vivem. Na Finlândia, a educação está completamente separada da política e os pais e a escola estão sempre do mesmo lado, formando um bloco, numa colaboração permanente com a sociedade. De resto, a educação até é homogénea em todo o país, é gratuita e trata os alunos de forma igualitária. As escolas são locais intocáveis onde o respeito é palavra de ordem. Se eu lhes dissesse que li ontem no Expresso que há professores que só entram para a sala de aula em alguns bairros de Lisboa se forem escoltados… (mas não disse… custa!).
Em termos de patamares, o sistema é similar: há o ensino pré-escolar, primário, secundário, nas duas vertentes (normal e profissional), os politécnicos e as universidades (aqui em Oulu e Lapland).
E onde é que eles vão ver do dinheiro para isso tudo?, perguntam vocês e bem. A resposta é óbvia: criando impostos que permitam suportar tudo isto, sim, porque estas pessoas compreendem que aquilo que pagam de impostos é para o bem de todos, é para os serviços de que todos usufruem e acham que essa é uma obrigação social que devem respeitar sem sequer pestanejar. Mas vocês agora podiam dizer-me que estas pessoas não têm que lidar com a injustiça de atribuições de rendimentos mínimos garantidos a quem deles não precisam e não têm de aturar extravagâncias como novos aeroportos só por birra e tvgs para agradar aos amigos e aos lobbys. Eu aí tinha de me calar. Obviamente.
As autoridades locais financiam os serviços com base nos impostos que cobram mas também com recurso às vitais transferências estatais e às vendas. O orçamento geral de Kuusamo é de 117 milhões de euros (2009), sendo 11 milhões de receitas geradas por investimentos, 44 milhões de taxas e impostos, e 39 milhões vindos de procedência central.
O Comité da educação, do qual o Mr. Erkki é o director, tem 3 grandes áreas de administração: uma destinada às crianças e ao apoio aos familiares em condições problemáticas (55% das crianças estão em creches), que contempla também as maternidades, o aconselhamento familiar, as orientações infantis, os serviços sócio-infantis e o children’s day care; uma área dedicada aos serviços educacionais que engloba as escolas primárias (comprehensive schools), as secundárias (upper secondary schools), os institutos de música, a escola de artes, o colégio aberto e a escola profissional; e uma última área dedicada à casa da cultura, à biblioteca, aprendizagem de ski e outros actividade culturais.
O orçamento global ronda os 33 milhões de euros para 430 empregados e 230 professores.
O Local council é eleito em cada 4 anos (como em Portugal) mas os municípios são aqui muito mais independentes e consequentemente, são autoridades locais com muito mais responsabilidades. São os municípios que garantem todos os serviços mais importantes incluindo a segurança e o planeamento territorial. O modelo de sucesso resume-se em duas palavras: Gestão de proximidade.
Diz o Mr. Erkki, que na Finlândia os professores são muito importantes, uma parte preciosa da sociedade sem a qual não funciona a engrenagem de todo o processo. Os professores são muito populares entre os jovens e têm um estatuto ímpar no meio em que vivem. Na Finlândia, a educação está completamente separada da política e os pais e a escola estão sempre do mesmo lado, formando um bloco, numa colaboração permanente com a sociedade. De resto, a educação até é homogénea em todo o país, é gratuita e trata os alunos de forma igualitária. As escolas são locais intocáveis onde o respeito é palavra de ordem. Se eu lhes dissesse que li ontem no Expresso que há professores que só entram para a sala de aula em alguns bairros de Lisboa se forem escoltados… (mas não disse… custa!).
Em termos de patamares, o sistema é similar: há o ensino pré-escolar, primário, secundário, nas duas vertentes (normal e profissional), os politécnicos e as universidades (aqui em Oulu e Lapland).
E onde é que eles vão ver do dinheiro para isso tudo?, perguntam vocês e bem. A resposta é óbvia: criando impostos que permitam suportar tudo isto, sim, porque estas pessoas compreendem que aquilo que pagam de impostos é para o bem de todos, é para os serviços de que todos usufruem e acham que essa é uma obrigação social que devem respeitar sem sequer pestanejar. Mas vocês agora podiam dizer-me que estas pessoas não têm que lidar com a injustiça de atribuições de rendimentos mínimos garantidos a quem deles não precisam e não têm de aturar extravagâncias como novos aeroportos só por birra e tvgs para agradar aos amigos e aos lobbys. Eu aí tinha de me calar. Obviamente.
As autoridades locais financiam os serviços com base nos impostos que cobram mas também com recurso às vitais transferências estatais e às vendas. O orçamento geral de Kuusamo é de 117 milhões de euros (2009), sendo 11 milhões de receitas geradas por investimentos, 44 milhões de taxas e impostos, e 39 milhões vindos de procedência central.
O Comité da educação, do qual o Mr. Erkki é o director, tem 3 grandes áreas de administração: uma destinada às crianças e ao apoio aos familiares em condições problemáticas (55% das crianças estão em creches), que contempla também as maternidades, o aconselhamento familiar, as orientações infantis, os serviços sócio-infantis e o children’s day care; uma área dedicada aos serviços educacionais que engloba as escolas primárias (comprehensive schools), as secundárias (upper secondary schools), os institutos de música, a escola de artes, o colégio aberto e a escola profissional; e uma última área dedicada à casa da cultura, à biblioteca, aprendizagem de ski e outros actividade culturais.
O orçamento global ronda os 33 milhões de euros para 430 empregados e 230 professores.
Mr. Erkki na sua apresentação. Ao fundo, Mr. Pekka Manninen, director da escola.
Uma das minhas colegas quis saber se cada professor ganha o mesmo trabalhando num sítio ou noutro e o Mr. Eikke disse que isso está tudo tabelado. Eu quis mesmo saber é de que forma se processam os concursos de professores que agora estão tão na berra em solo luso e o homem revelou-me de forma singela todo o seu poder: é ele que os escolhe. Ele, que é quem está à frente de todo o processo, com a ajuda dos directores das escolas, é que escolhe os profissionais que quer para os seus filhos. Depois o critério é só um: se é bom, fica. Se não é bom, vai. Cunhas? Não há! As cunhas não resultam e se for por aí, os pais queixam-se e a primeira cabeça a rolar é a sua. Simples, não?
Conclusão dita por ele mesmo, “já viram que somos tão diferentes, vivemos tão longe uns dos outros, mas os nossos problemas, as nossas preocupações são tão parecidas?… no fundo, queremos todos o mesmo: queremos sucesso… queremos ser felizes”.
Após as perguntas e respostas todos se apresentaram e eu não percebi porque é que se riram quando eu disse que eu era o único político presente. Realmente, a classe está muito mal vista e não é só em Portugal. Temos de rever isto…
De visita à escola, damos com umas instalações belíssimas, ultra-modernas, com tudo o que há de bom e do melhor. A arquitectura é nórdica, o aquecimento é central, a Internet é wireless e aquilo mais parece um hotel para jovens que outra coisa. Nem sequer falta uma mesa de matraquilhos!
O bar no hall de entrada da escola
Giz já não se utiliza. Quando muito um quadro branco com canetas apropriadas que aqui já é coisa antiga. Mas o que está a dar são os quadros interactivos que o professor tem em cima da mesa. O que lá escreve é reproduzido no quadro através de um retroprojector minúsculo e ultra-potente que também pode ser ligado a um portátil. Um em cada sala. Luxo!
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O moderno sistema de projecçãoSimples, sóbrio e elegante. Estilo finlandês...
Este vou levá-lo comigo para me fazer companhia. É o Iordanov!
Disse-lhe: "Nós também temos um parecido na Malcata. Está em vias de extinção. Mas tem as pernas mais curtas". E ele responde-me: "Devem de provir do mesmo ramo. Este tem as pernas mais altas por causa da neve. É a genética... o ser vivo adapta-se a tudo...". E eu pensei: "porra! mas estes gajos sabem tudo?". E nisto fui mau. Olhei para o nome do bicho e disse-lhe: "Sabes que o melhor comentador de futebol português também se chama Gabriel Ilves?". E ele: "Não...". E eu sorri e pensei para comigo: "claro que não podias saber... mas eu fiquei tão mais bem disposto...".
De visita às salas de aula, reparo que a rapaziada deixa os sapatos à porta e pergunto: “mas isto é porquê? Estão a ter ginástica?”. Resposta do Vice-Director da escola: “não. Esta é uma medida amiga do ambiente. Na semana em que estamos em exames, os alunos descalçam-se para não sujarem as salas, que assim ficam menos poluídas, necessitam ser menos limpas, gasta-se menos detergente e protege-se o ambiente”. Tentei fechar a boca para não ficar com ar ainda mais aparvalhado e prometi a mim mesmo que da próxima vez vou penar duas vezes antes de perguntar seja o que for. Foge!
Fui aprendendo mais coisas: as avaliações aqui vão de 4 a 10 e para se entrar nesta escola o mínimo que têm de ter é 7 pelo que burros, não há de certeza. O ano lectivo tem 5 períodos diferentes de 7 semanas, 6 são de aulas e um é de exames.
Os alunos vão à escola apenas 3 vezes por semana num períodos de 75 minutos. Aposto que a chavalada em Portugal concorda com esta medida de certeza e já! As aulas acabam em Maio e têm dois meses e meio de férias.
Seja amigo do ambiente. Vá descalço para o emprego!
O Vice-Director da Escola, Mr. Jyrki Matila, o turco Ahmet ao fundo, Mr. Erkki, Mr. Pekka, o director da escola profissional e Inge, a ruiva holandesa.
"Os professores são heróis.
Os professores são cheios de paciência.
Os professores nunca desistem e não te vão deixar desistir também.
Os professores levam os alunos a sério.
OS professores preocupam-se durante o sono.
Os professores vêem o génio em cada desenho, poema ou ensaio.
Os professores fazem sentir-te importante.
Os professores ajudam a salvar a terra.
Uma imaginação a todo o tempo.
Os professores nunca envelhecem.
Os professores ficam famosos nas mentes dos seus alunos para sempre".
Este está com carinha de quem vai chumbar. E lá o do fundo parece o Jimbo Jones dos Simpsons. O meu irmão já foi assim.
Passámos pelo refeitório onde comiam alunos de duas escolas, desta e da escola profissional que está situada ao lado, num total de 900 bocas. Os almoços são servidos entre as 10.30h e as 12.30h, cedinho, portanto. Se fosse no meu país, a esta hora, dava para verem a Praça da Alegria enquanto comiam a sopinha.
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Panorâmica do refeitório. Estava lá um punk muito engraçado mas eu não o quis importunar. Estava capaz de lhe sacar uma foto.
Fomos então conhecer a escola profissional, pela mão do seu director, que nos mostrou a parte técnica do curso de fotografia, a parte da carpintaria, electricidade, construção civil, mecânica, cabeleireiro e outras mais. As coisas que aqui são produzidas são vendidas e o restaurante onde almoçámos foi precisamente construído por eles. Nesse estabelecimento, de nome Rosmariini (Rosarinho em Finlandês, portanto) pudemos apreciar a comida feita pelos alunos do curso de cozinha, servida pelos alunos do curso de empregados de mesa. Tudo numa perspectiva de gerar dinheiro. Prática. Inteligente.
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Nesta escola profissional constroem-se coisas.O Arlindo aqui safava-se...
No restaurante fiquei ao lado do Mr. Eikke e tive oportunidade de trocar com ele mais algumas informações e saber mais sobre a Finlândia. A saber: o horário de trabalho normal é entre as 8h e as 4h da tarde com uma hora de almoço e duas pausas para café; na Finlândia não há vinho e o que há é importado e caríssimo; há neve de Setembro até Julho; a gasolina é muito cara e os carros também… o seu Peugeot a diesel custou-lhe 35 mil euros.
Depois de barbear a saladinha que me puseram à frente, diz-me a cachopinha para escolher do menu e eu fico a olhar para aquilo com ar de abestunta. Como não sou dos mais parvos, pedi ao director que me recomendasse um prato típico e o homem, embevecido pela confiança, propõe-me um Ruohosipulituorejuustolla täytettyjä siikarulli. E eu respondo: “meu estimado, eu não escolheria melhor”. Ele perguntou: “what?” e eu disse: “concordo perfeitamente” desta vez em inglês, claro. Estava bom, o peixinho. Isto de ter larica tem porras!
Depois de barbear a saladinha que me puseram à frente, diz-me a cachopinha para escolher do menu e eu fico a olhar para aquilo com ar de abestunta. Como não sou dos mais parvos, pedi ao director que me recomendasse um prato típico e o homem, embevecido pela confiança, propõe-me um Ruohosipulituorejuustolla täytettyjä siikarulli. E eu respondo: “meu estimado, eu não escolheria melhor”. Ele perguntou: “what?” e eu disse: “concordo perfeitamente” desta vez em inglês, claro. Estava bom, o peixinho. Isto de ter larica tem porras!
Quando chegar vou a Vendas Novas comer uma sopa de couve com feijão e duas bifanas e uma... vá... duas médias! Ai eu, sou tão portuguesinho...
Saímos directos par um autocarro onde nos aguardava um guia zarolho e de cabelo pelos ombros que se propôs a fazer uma tour guide by the city em meia hora. Coisas interessantes que o homem sabe:…
- Chamou à cidade (apenas desde 2000) o “paraíso branco”;
- Disse que no centro vivem 12.000 habitantes, mais ou menos o número de renas que existem na região;
- Explicou que em Kuusamo não há ruas, apenas estradas e isto deve-se ao facto da cidade ter sido queimada pelos alemães quando a abandonaram após a segunda guerra mundial, em 1945. As tropas germânicas estiveram por cá 3 anos, os soviéticos após estiveram 3 meses e a coisa ficou um caos. É por isso que não há edifícios antigos, nem centro… porque os cabrões decidiram fazer um churrasco antes de abalarem. A cidade que hoje existe surgiu após, nos anos, 60, 70, 80 e até aos nossos dias;
- Explicou que o símbolo da cidade é uma rena com fundo vermelho;
- Disse que a religião maioritária é a Luterana e que a igreja existente já é a terceira que construíram. As outras foram abaixo. Esta tem 3 sinos. Vá lá, vá lá!
- Kuusamo recebe 1 milhão de turistas por ano (tantos?) e tem 26 mil camas disponíveis. 80% dos visitantes são finlandeses e 20% de lá de fora. Isto para além de ter 5 rios, correndo cada um em sua direcção (como? Cala-te!).
- Chamou à cidade (apenas desde 2000) o “paraíso branco”;
- Disse que no centro vivem 12.000 habitantes, mais ou menos o número de renas que existem na região;
- Explicou que em Kuusamo não há ruas, apenas estradas e isto deve-se ao facto da cidade ter sido queimada pelos alemães quando a abandonaram após a segunda guerra mundial, em 1945. As tropas germânicas estiveram por cá 3 anos, os soviéticos após estiveram 3 meses e a coisa ficou um caos. É por isso que não há edifícios antigos, nem centro… porque os cabrões decidiram fazer um churrasco antes de abalarem. A cidade que hoje existe surgiu após, nos anos, 60, 70, 80 e até aos nossos dias;
- Explicou que o símbolo da cidade é uma rena com fundo vermelho;
- Disse que a religião maioritária é a Luterana e que a igreja existente já é a terceira que construíram. As outras foram abaixo. Esta tem 3 sinos. Vá lá, vá lá!
- Kuusamo recebe 1 milhão de turistas por ano (tantos?) e tem 26 mil camas disponíveis. 80% dos visitantes são finlandeses e 20% de lá de fora. Isto para além de ter 5 rios, correndo cada um em sua direcção (como? Cala-te!).
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Onde vais? Vou à Óptika!
A casinha típica
A casinha típica
A casinha de Deus que aqui chama-se Lutero
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De seguida, e vivi tudo isto numa manhã, vejam bem a intensidade de vida destes gajos… fomos ao parque industrial ouvir uma palestra dada pelo Mr. Tauno Korpela, manager de desenvolvimento no programa regional do centro, engenheiro electrotécnico que já trabalhou na Nokia, e testa-de-ferro do salto tecnológico desta cidade, muito graças à cooperação, inovação e parcerias publico-privadas. Em pouco mais de 45 minutos, explicou-nos como se cria o futuro em Kuusamo e como é que esta cidade já é um emblema da expansão da rede regional de companhias tecnológicas ao conseguir ligá-las às suas mais-valias naturais.
Às 15.30h regressámos ao hotel para um curto descanso. Ainda estive tentado a ir com o francês para a sauna mas como ainda não o conheço bem… e o mais certo era meter-me lá mal disposto com o calor que aquela porcaria deita, decidi antes vir para o quarto trabalhar no relatório e deixar estas novidades aos queridos leitores do meu blogue para que não morram de saudadinhas do vosso tasqueiro preferido.
Às 15.30h regressámos ao hotel para um curto descanso. Ainda estive tentado a ir com o francês para a sauna mas como ainda não o conheço bem… e o mais certo era meter-me lá mal disposto com o calor que aquela porcaria deita, decidi antes vir para o quarto trabalhar no relatório e deixar estas novidades aos queridos leitores do meu blogue para que não morram de saudadinhas do vosso tasqueiro preferido.
O meu hotel parece um tepee dos índios
Era bom, era... mas faz mal às andorinhas. Mais 15 dias e já vai.
Ainda me aventuro a isto... que caliente! E banho gelado a seguir? Ainda me dá um ataque de asma!
Vista do meu quarto no hotel. Um homem e a imensidão toda, pá... Como isto é grande e triste.
Às 18.30h há passeio na floresta ao cair da noite.
Se os lobos não me comerem, que devo de ter os ossos tão duros, antes se atiram primeiro ao polaco que é gordinho… darei notícias.
Com carinho, do vosso enviado especial na Finlândia,
Pekka Yvgany Sabiix
Se os lobos não me comerem, que devo de ter os ossos tão duros, antes se atiram primeiro ao polaco que é gordinho… darei notícias.
Com carinho, do vosso enviado especial na Finlândia,
Pekka Yvgany Sabiix
10 comentários:
Estou contigo, sorte, e aprende o máximo que puderes.
En todellakaan halunneet, että olet lukenut
pitää hauskaa!
Ganda maluco!!!! As fotos estão lindas meu. Isso deve ser alto delírio (esta palavra não me sai da cabeça desde que vi a playboy Portugal). A do Gabriel Alves deu cabo de mim. Se estivesse ai contigo só parava de rir na viagem de volta.
Quando te fartares da neve e do frio, veste uns calções e vêm passar uns dias à casa do mano. Estou na praia à tua espera.
Abraço
Depois das andorinhas devias gravar umas renas, que tudo te corra bem nessa terra tão gelada e muito cuidado com a sauna, pois também te pode ferir as andorinhas.
Eu bem te disse, no sábado passado, para vires comigo e com o Bicha à Tasquinha do António: as favas estavam divinais, as iscas uma maravilha, e o tinto do Fundão (e, a seguir, o de Portalegre) estavam espectaculares!
Não quiseste... agora aguenta-te à bronca.
Abraço...
Oh Pedro, tu devias fazer uma colecção de fascículos disto :D
Menino Pedro
Cuidado com o frio, ainda pode vir com o cerebro congelado.
Beijinho da tia e diverte-te.
Eu estou preocupado. Muito preocupado, com esse frio!
Não é por ti, sei que te desenrascas! Podes beber umas vodkas ou arranjar outra estratégia qualquer. É por causa das andorinhas. Coitadinhas, não vão resistir a essas temperaturas!
Isso não se faz! Já sabias que irias fazer essa viajem… podias, então, ter escolhido ursos polares, por exemplo! Digo eu.
Mudando de assunto.
Então aí nessa terra só há imigrantes? Essa equipa de cozinheiras, por exemplo: até uma chinesa parece ter!
E as finlandesas, que têm todas 1,80m, onde estão?
Grande Abraço
e boa viajem de regresso
Bonito
Que País triste! Mas nota-se organização e ... frio !!! Brrrrrrrrr agasalha-te e trata bem das andorinhas não morram congeladas ! Abração grande ! Boa viagem de regresso !!!!
Lia o meu comentário e pensava: está aqui qualquer coisa estranha! Mas o quê?
Agora, ao ler o comentário do Nuno, finalmente, descobri!!!
Com que então VIAJEM!!!
Fónix
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