terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O encontro com o Super Abílio Rodrigues Autoridade Tributária

Gosto sempre de meter uma foto pata contextualizar.
Mas na falta de ter tirado uma hoje, ou de ter encontrado uma nos meus arquivos, saiu uma da Casa do Brasão que nos dá guarida.

Epá, e há coisas que te tocam, mesmo.
Não é muito comum, nem de todo habitual, mas este post vai dirigido, todo ele, para meu amigo Abílio Rodrigues.

O Abílio apareceu-me hoje no serviço, cheio de pressa, como ele sempre anda, de passagem, falar com o chefe. Já só o vi passar, enquanto eu estava a atender um contribuinte ao balcão.

Antes…
(Apontando para o gabinete do Chefe) - Posso?
- Ah, meu querido! O Senhor é da casa, por Deus.

Minutos depois,
- Então vá, até depoi…
- Eh lá, Sr. Abílio! (metendo-me de pé) Então o meu amigo aparece-me aqui assim, sem avisar, e quando a gente ainda se está a fazer à ideia, de ter o prazer de o ter por cá, raspa-se?
Olhe que, peço licença, mas não pode ser!
Mesmo que nós não tenhamos tido tempo, de mandar colocar os homens para tocarem as trombetas à sua chegada, assim que entrava nos claustros, podemos remediar agora.
Pelo menos, deixe-me pagar-lhe um cafezinho.
- Eh pá… Tenho de ir à Caixa…
- É mesmo o tempo que necessito, para acabar de atender este senhor… espero-o aqui.

O Abílio é reformado, tem idade para ser meu pai, e foi meu colega nas finanças de Marvão, muito antes de eu sequer sonhar, que haveria um dia de ali trabalhar. Conheci há anos, depois de quase ter morrido no acidente, e fiquei conquistado pela sua forma absolutamente arrebatadora de viver. O Abílio é pequenino, gagueja, por vezes muito, e ouve mal. Todas estas condicionantes, fazem dele um encantador bicho raro.

Se me considero, por mania, galhardia, e alguma natural altivez (dificilmente um passa por este meu processo, sem se conseguir achar especial), o Abílio é… um SUPER HOMEM! Ele já passou por tumores, creio que até um ataque cardíaco, e continua ali, a batê-las, a insistir mais que estar vivo, a ser feliz por assim ser.

Eu que já escrevi tanto, tanto na minha vida; eu que já tive alguma vaidade na minha caligrafia, hoje vivo com a limitação confrangedora de a minha mais jovem infanta me dizer, que os escritos que lhe deixo ao dormir, NÃO SE PERCEBEM NADA!!!!!!
Pois fui eu que não consegui esconder a emoção, ao conhecer o homem que já trabalhou no mesmo sítio, que tinha a caligrafia mais bonita. Absolutamente encantadora. Redondinha, precisa.

- Abílio, pelo menos, deixa-me pagar-te o café!

- É que… que… que………..nem penses! (Com os olhos semi-cerrados) Pago…-te o teu, e fica um pago para o chefe!

Andando para o café…

-Ah, Abílio, grande Abílio! Tens de te habituar a avisar a malta. Olha que é muita emoção assim de chofre! A gente não está preparada!,

- Ah, Pedro… eu go…go…gosto mesmodeti, pá! (os momentos de gaguejo, são ultrapassados por momentos sem vírgulas.) Olha que… vou lá sempre ler ao blogue aquilo que escreves.

- Como assim?!?!?!? Sério? Juras! Epá… isso para mim é assim uma nota de alta escala! É que eu nem sequer sabia, que tu conhecias o meu blogue! Aquilo é uma cena muito minha, sabes? Muito privada, muito eu e o papel, muito desabafo, muito confessionário, muito despejar. É o diário de bordo, de uma alma na terra. Mas por vezes, mais do que aquelas que queria, sou incompreendido, encostado, achado estranho, e metido de lado.

Só que aquilo sou eu, e o pc. Nem me lembro que há outros a ler. Mas quando são assim pessoas que tanto estimo e admiro, fico lisonjeado, pois está claro! Como fico muito… bem, quente por dentro, quando sinto que sou seguido por tanta gente (427 500 visualizações, meu! € 0,50 a cada, vivia daquilo!)


Encostados ao balcão do Café Lounge “O Castelo”
-Ai, eu, quem me diria… o grande Abílio. Amigo, tu ainda aqui trabalhaste quando a repartição de finanças era na câmara, pois trabalhaste?

- Então não trabalhei? Trabalhei sim, nos 80…

- E o serviço era onde?

- Assim que se subia as escadas! Ao lado, era o gabinete do Chefe. Era logo ali.

- E depois?

- Opá… depois saí, fui chefiar um serviço das redondezas (Monforte?), estive na Direção, corri muito. Andei no arranque do IVA, estive sempre na linha da frente.

- Esperto, desenrascado!

- Ah… ia fazendo o que podia...

-E aí conheceste o meu pai, que vinha aqui muito com o serviço dos despachos da alfând…

- (Com ar de espanto…) Porrrr… rrrr…. rrra! EU ERA AMICÍSSIMO DO JOÃO SOBREIRO! ERA UM COMPANHEIRÃO! Tantas, tantas, tantas que fizemos juntos… (De ir à missa com ele, ninguém se lembra, mas de festas, patuscadas, fadistagem e guitarradas…)
Os compadres, pá! Isso era uma coisa…

- Ainda bem que é uma amizade herdada. Essas têm sempre outro valor.

- Olha, para te provar que gosto mesmo de ti… ripa-me do telemóvel e começa a mostrar-me as sms guardadas em arquivo, que lhe enviei… no outro Natal passado!

Mensagens a dizerem-lhe aquilo que penso dele! (que eu não sou pessoa para ter duas conversas, uma pela frente, e outra diferente por trás.)
Mensagens minhas de incentivo, de admiração, de alento, de força, para que nunca lhe falte nas sempre duras batalhas que tem de travar.
Sou fã, do Abílio!

- Pe… Pedrrrrro! Olha, vou lá sempre ver o que dizes. Olha… ainda esta última de futebol dos Arenenses! Está bestial!

- Epá… obrigado. Tens facebook?

- Ep..pá…pánão! O facebook é…

- Pois pá, só que o faacebook é muito mais fácil publicar nele, percebes? Hoje em dia, tens um telemóvel e tens tudo. Tens câmara fotográfica para sacares fotos, fazeres vídeos; tens onde escrever texto; tens rede e depois, é só fazeres clique e está tudo! O facebook é muita mais fácil e rápido. Por vezes deixo-me leva por isso, e fico logo por ali.
Mas na verdade, o meu sítio é o meu blogue. No facebook, passa muito na espuma dos dias, e qualquer um tem algo para dizer, nem que seja a copiar, ou a partilhar outros. Qualquer um pode gerir o seu mural de facebook, mas nem toda a gente tem material para um blogue, faço-me entender?
Não quero ser discricionário, elitista, mas parece-me que esta é a realidade.
Muitas vezes publico no facebook, a que chamo a minha lanchonete no calçadão do Rio de Janeiro; mas depois dou-lhe o devido tratamento nesta minha taberna virtual, em Vendo o mundo de binóculos do alto de Marvão. Aqui os assuntos ganham outro prisma, e até a imagem tem outro tratamento.
O facebook é jornal diário; o blogue, uma revista especial.

Mas tenho amigos, como é o caso do meu querido João André Escarameia, que não têm, nem querem fb, e apenas me lêem por aqui. Por isso nunca deixei isto, que é a minha casa de verdade.

Replico sempre aqui, muito a pensar nele, e assim passará a ser também por ti. ;)

Abraço, fica bem, até à próxima e… por favor: volta sempre! Adoro ter pessoas a quem admirar! ;)

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