Gosto sempre de meter uma foto pata contextualizar. Mas na falta de ter tirado uma hoje, ou de ter encontrado uma nos meus arquivos, saiu uma da Casa do Brasão que nos dá guarida. |
Epá, e há coisas que te tocam,
mesmo.
Não é muito comum, nem de todo
habitual, mas este post vai dirigido, todo ele, para meu amigo Abílio Rodrigues.
O Abílio apareceu-me hoje no
serviço, cheio de pressa, como ele sempre anda, de passagem, falar com o chefe.
Já só o vi passar, enquanto eu estava a atender um contribuinte ao balcão.
Antes…
(Apontando para o gabinete do
Chefe) - Posso?
- Ah, meu querido! O Senhor é da
casa, por Deus.
Minutos depois,
- Então vá, até depoi…
- Eh lá, Sr. Abílio! (metendo-me
de pé) Então o meu amigo aparece-me aqui assim, sem avisar, e quando a gente
ainda se está a fazer à ideia, de ter o prazer de o ter por cá, raspa-se?
Olhe que, peço licença, mas não
pode ser!
Mesmo que nós não tenhamos tido
tempo, de mandar colocar os homens para tocarem as trombetas à sua chegada, assim
que entrava nos claustros, podemos remediar agora.
Pelo menos, deixe-me pagar-lhe um
cafezinho.
- Eh pá… Tenho de ir à Caixa…
- É mesmo o tempo que necessito,
para acabar de atender este senhor… espero-o aqui.
O Abílio é reformado, tem idade
para ser meu pai, e foi meu colega nas finanças de Marvão, muito antes de eu
sequer sonhar, que haveria um dia de ali trabalhar. Conheci há anos, depois de
quase ter morrido no acidente, e fiquei conquistado pela sua forma
absolutamente arrebatadora de viver. O Abílio é pequenino, gagueja, por vezes
muito, e ouve mal. Todas estas condicionantes, fazem dele um encantador bicho
raro.
Se me considero, por mania,
galhardia, e alguma natural altivez (dificilmente um passa por este meu
processo, sem se conseguir achar especial), o Abílio é… um SUPER HOMEM! Ele
já passou por tumores, creio que até um ataque cardíaco, e continua ali, a
batê-las, a insistir mais que estar vivo, a ser feliz por assim ser.
Eu que já escrevi tanto, tanto na
minha vida; eu que já tive alguma vaidade na minha caligrafia, hoje vivo com a
limitação confrangedora de a minha mais jovem infanta me dizer, que os escritos
que lhe deixo ao dormir, NÃO SE PERCEBEM NADA!!!!!!
Pois fui eu que não consegui
esconder a emoção, ao conhecer o homem que já trabalhou no mesmo sítio, que tinha
a caligrafia mais bonita. Absolutamente encantadora. Redondinha, precisa.
- Abílio, pelo menos, deixa-me
pagar-te o café!
- É que… que… que………..nem penses!
(Com os olhos semi-cerrados) Pago…-te o teu, e fica um pago para o chefe!
Andando para o café…
-Ah, Abílio, grande Abílio! Tens
de te habituar a avisar a malta. Olha que é muita emoção assim de chofre! A
gente não está preparada!,
- Ah, Pedro… eu go…go…gosto
mesmodeti, pá! (os momentos de gaguejo, são ultrapassados por momentos sem
vírgulas.) Olha que… vou lá sempre ler ao blogue aquilo que escreves.
- Como assim?!?!?!? Sério? Juras!
Epá… isso para mim é assim uma nota de alta escala! É que eu nem sequer sabia,
que tu conhecias o meu blogue! Aquilo é uma cena muito minha, sabes? Muito
privada, muito eu e o papel, muito desabafo, muito confessionário, muito
despejar. É o diário de bordo, de uma alma na terra. Mas por vezes, mais do que
aquelas que queria, sou incompreendido, encostado, achado estranho, e metido de
lado.
Só que aquilo sou eu, e o pc. Nem
me lembro que há outros a ler. Mas quando são assim pessoas que tanto estimo e
admiro, fico lisonjeado, pois está claro! Como fico muito… bem, quente por
dentro, quando sinto que sou seguido por tanta gente (427 500 visualizações,
meu! € 0,50 a cada, vivia daquilo!)
Encostados ao balcão do Café Lounge “O Castelo”
-Ai, eu, quem me diria… o grande
Abílio. Amigo, tu ainda aqui trabalhaste quando a repartição de finanças era na
câmara, pois trabalhaste?
- Então não trabalhei? Trabalhei
sim, nos 80…
- E o serviço era onde?
- Assim que se subia as escadas!
Ao lado, era o gabinete do Chefe. Era logo ali.
- E depois?
- Opá… depois saí, fui chefiar um
serviço das redondezas (Monforte?), estive na Direção, corri muito. Andei no
arranque do IVA, estive sempre na linha da frente.
- Esperto, desenrascado!
- Ah… ia fazendo o que podia...
-E aí conheceste o meu pai, que
vinha aqui muito com o serviço dos despachos da alfând…
- (Com ar de espanto…) Porrrr…
rrrr…. rrra! EU ERA AMICÍSSIMO DO JOÃO SOBREIRO! ERA UM COMPANHEIRÃO! Tantas, tantas, tantas que fizemos
juntos… (De ir à missa com ele, ninguém se lembra, mas de festas, patuscadas,
fadistagem e guitarradas…)
Os compadres, pá! Isso era uma
coisa…
- Ainda bem que é uma amizade
herdada. Essas têm sempre outro valor.
- Olha, para te provar que gosto
mesmo de ti… ripa-me do telemóvel e começa a mostrar-me as sms guardadas em
arquivo, que lhe enviei… no outro Natal passado!
Mensagens a dizerem-lhe aquilo
que penso dele! (que eu não sou pessoa para ter duas conversas, uma pela frente,
e outra diferente por trás.)
Mensagens minhas de incentivo, de
admiração, de alento, de força, para que nunca lhe falte nas sempre duras
batalhas que tem de travar.
Sou fã, do Abílio!
- Pe… Pedrrrrro! Olha, vou lá
sempre ver o que dizes. Olha… ainda esta última de futebol dos Arenenses! Está
bestial!
- Epá… obrigado. Tens facebook?
- Ep..pá…pánão! O facebook é…
- Pois pá, só que o faacebook é
muito mais fácil publicar nele, percebes? Hoje em dia, tens um telemóvel e tens
tudo. Tens câmara fotográfica para sacares fotos, fazeres vídeos; tens onde
escrever texto; tens rede e depois, é só fazeres clique e está tudo! O facebook
é muita mais fácil e rápido. Por vezes deixo-me leva por isso, e fico logo por
ali.
Mas na verdade, o meu sítio é o
meu blogue. No facebook, passa muito na espuma dos dias, e qualquer um tem algo
para dizer, nem que seja a copiar, ou a partilhar outros. Qualquer um pode
gerir o seu mural de facebook, mas nem toda a gente tem material para um
blogue, faço-me entender?
Não quero ser discricionário,
elitista, mas parece-me que esta é a realidade.
Muitas vezes publico no facebook,
a que chamo a minha lanchonete no calçadão do Rio de Janeiro; mas depois
dou-lhe o devido tratamento nesta minha taberna virtual, em Vendo o mundo de binóculos
do alto de Marvão. Aqui os assuntos ganham outro prisma, e até a imagem tem
outro tratamento.
O facebook é jornal diário; o
blogue, uma revista especial.
Mas tenho amigos, como é o caso
do meu querido João André Escarameia, que não têm, nem querem fb, e apenas me lêem
por aqui. Por isso nunca deixei isto, que é a minha casa de verdade.
Replico sempre aqui, muito a
pensar nele, e assim passará a ser também por ti. ;)
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