Tenho lido e visto muito sobre o
regresso de Sócrates à RTP. E já falta pouco, menos de um mês. É um assunto que
me fascina, me espanta e assombra. É uma questão que acho passível de múltiplas
leituras.
De todos os que me merecem
respeito e vejo com atenção, foi aos Homens da Luta, do programa Sábado à Luta da
SIC que gravo sempre e nunca perco que ouvi a melhor frase sobre o regresso. O
grande Jel e o seu irmão Falâncio disseram que o regresso de Sócrates ao
comentário político à RTP era tão disparatado como meter o Carlos Cruz a
apresentar a Rua Sésamo. Muito bom. Nota máxima para isto. Humor um pouco negro
mas do mais fino recorte. Há coisas que não se fazem. Pensar já é mal. Fazer é pior.
Com isto disseram tudo.
É muito cedo. A ferida ainda está
muito aberta. Eu, ao contrário dos que assinam petições, vou fazer aquilo que não
deveria fazer: vou ver e seguir com atenção.
O Sócrates é como o Relvas. Um
fiasco. Ou mais: é pior. É mais refinado. É um pantomineiro de primeira. Tem
classe no que faz. O Relvas é brutinho e ponto. Este não. É elaborado. Uma coisa
é um indivíduo dizer que não sabe nada. Outra é um indivíduo não saber, dizer
que sabe e sair-se bem ao dizê-lo.
Este engenheiro da treta só se
meteu em trapalhadas. Não fez uma certa.
O Sócrates é uma cabra refinada.
Quero ver o que aí vem. E quem é que paga?
Este regresso é uma jogada muito
positiva para o PSD. É tão rebuscada e tão elaborada que não pode ser do
Relvas. Mesmo que ele quisesse, não chegava lá. É jogo demais para ele.
O homem andou a estudar filosofia
em França. Imaginem bem. Filosofia! Um curso da tanga mas certamente com nível.
O único triste que não consegue
compreender o absurdo de tudo isto é o António José Seguro,
Pudor, meus senhores. Pudor. Será
que esta gentalha compreende o poder desta palavra?
Pudor.
Tudo se resume a isto.
Eu sei que para quem não
compreende isto é difícil perceber a complicação da coisa. Mas eu posso tentar
explicar.
Aquilo que o bom do Sócrates vem
fazer é tudo menos comentar política. Ele vem fazer política. Fazer política,
mesmo! Recordar más lembranças aos portugueses, a bem do PSD. Recordar o seu
ainda muito recente mau tempo, a bem do PSD. Colocar entraves à liderança do
PS, a bem do PSD. É uma cartada de luxo do Passos Coelho que a joga sem sequer
sonhar o jogo que tem. Ou melhor, nem
sequer a joga a carta. Esta cai-lhe no colo.
Quanto aos comentadores, eles têm
que saber do assunto e estar distantes quanto baste. Exemplo: um jogador de futebol
pode, depois de pendurar as botas, ir fazer o papel de comentador. Já lá esteve,
sabe como é e fala sobre isso. Compreende-se. É plausível. Isso é um
comentário.
Sempre tive medo que isto pudesse
vir a acontecer. Não desta forma, tão rápida e óbvia. Temia que o homem se
enchesse de coragem e viesse de aqui a uns anos, candidatar-se à presidência da
república. Sempre esperei que caso isso acontecesse, o povo português soubesse
dar uma resposta cabal e metê-lo no seu lugar.
Veremos agora se sabe estar ao
nível.
O problema não é ele só. Nem é o
culpado de todo o mal que nos aconteceu. Nem é todo o culpado da situação em
que nos encontramos agora.
O problema é que ele pode ser a
mola que pode reabilitar e ressuscitar todo um exército de militantes da sua “guarda”
privada.
Sempre que os via nas notícias,
estremecia apenas de rever o seu semblante. Agora que o mestre está de volta.
Quem é que segura a maldição? (É que o Seguro nem sequer a vê).
Quem é que consegue prever onde tudo isto irá
parar?
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