Junho de 2012
Na piscina da casa que alugamos
há 3 ou 4 anos seguidos em Portimão
Vocês já sabem como eu sou. Já me
conhecem. Quando penso uma coisa de uma certa maneira, agarro-me a ela com
força e não a largo. Sou como aqueles cães de caça que se agarram à presa e não
abrem boca. Não largam a presa depois de abocanhada. Sei que corro o risco de estar
sempre a dizer as mesmas coisas, agarrado às convições. Mas quando acredito,
acredito mesmo.
Isto a propósito do dia da
mulher. Sou contra esta ideia do ter um dia de qualquer coisa.
Dia da mulher, dia do pai, dia da
mãe, porque os dias de… algo, para mim, são todos os dias. De que vale um
tratamento principesco com direito a presente, flores e jantares no dia da
mulher quando se a maltrata durante alguns momentos do ano? Ou todos os
momentos? Nada. Não vale de nada.
Eu, que na minha casa sou uma
minoria, uma alegre minoria, sou o único homem. Deus deu-me a graça de viver
rodeado de mulheres e agradeço-lhe todos os dias. A Deus e a elas.
Para mim, as mulheres são seres
superiores aos homens. Digo-o com toda a sinceridade e toda a verdade. Qual
história do sexo forte, qual quê? O homem foi importante quando a força de
braços era vital no trabalho e na defesa mas hoje em dia, o cerne da questão é
outro. É o cérebro, a capacidade, o instinto que manda. O feminino é claramente
superior.
Para mim, na escala da evolução
humana, o homo sapiens feminino vai à frente do masculino. Nós, homens, somos
muito limitados. Mesmo ao nível da cabeça, daquele feeling que elas têm, daquele
toque feminino… Ainda bem que elas precisam de nós para a procriação e o prazer.
Graças a Deus. Senão que seria feito de nós? Sem elas?
Venho de uma família de mulheres.
Sobretudo mulheres. Uma família de grandes mulheres. A minha mãe. As minhas tias Maria e Cremilde. A vida quis assim. O destino quis assim. Os homens
morreram. Já partiram. Dizer isto assim pode parecer cruel mas é realista. Os
dois homens da minha infância: o meu pai e o meu tio Lázaro, casado com a minha tia Maria, já morreram.
O meu pai já ele tinha sido o
homem entre as mulheres, o menino nas mãos das bruxas, o benjamim numa família
de mulheres. Era o tesouro entre as mulheres, uma das quais já tinha idade para
ser mãe dele quando nasceu. Ele queria-a como tal. Ela também amava-o e ainda o
ama como se tivesse sido seu filho.
A família da minha mulher também
é dominada pelo sexo feminino. A mãe, minha sogra, tem duas filhas. As filhas
têm 3 filhas. Ela, mãe também foi filha única. Só mulheres. E o meu sogro vê-se
rodeado por mulheres. No casamento, nas filhas, nas netas. Sortudo, digo eu.
Sortudo. Todas mulheres e todas bonitas. E ele, o pobre a suspirar pelo netinho
que gostaria de ver vestido com as cores do seu arenense.
Nós, homens, hoje em dia, somos
um mero porta-chaves. Um acessório. Um bibelot. Vejam as universidades, as empresas,
o mercado de trabalho em geral… Dominado por elas. Eu, por exemplo, tenho uma
chefe. O meu superior hierárquico direto é uma mulher. E bem. Não me sinto
minimamente diminuído enquanto homem pelo dito sexo fraco ser superior ao sexo
forte ali, se é assim que querem colocar a questão.
O sexo forte não é o nosso, é o
delas. Já viram o que elas trabalham hoje em dia só em casa? Dá trabalho só de
pensar nisso. Canso-me só de pensar.
Enquanto faço a barba, tomo
banho, me visto, tomo o pequeno almoço e me preparo para ir trabalhar, o exercito
interno feminino não para um segundo. 3 mulheres, logo 3! Eu ajudo no que posso,
claro. Desdobro-me para chegar às coisas mas sou um apêndice. Apenas dou uma mãozinha
mas nada comparado com o comando das operações. Apenas vigio de longe.
Eu também limpo o pó, eu também aspiro,
eu também faço as camas e arrumo a roupa (e olhem que sou muito arrumadinho!
Quase um metódico compulsivo!). Eu também cozinho, também faço tudo e não me
limito a sair do trabalho, ir para os cafés fumar, beber minis e dar arrotos em
público. Eu não faço xixi para a tampa da sanita. Eu comporto-me bem e
esforço-me todos os dias por agradar, por as conquistar às 3.
Vou dar um conselho aos meus amigos
homens. Homens que são cada vez mais escassos e em minoria. O segredo para se
manter o amor de uma mulher é trabalhar todos os dias para a conquistar. Fazer
todos os dias como se fossem o primeiro. Conquistar mesmo. Não ser apenas simpático.
Fazermos-nos sempre a mesma pergunta ao fim do dia antes de dormir: será que
hoje a conquistei?
Eu rezo sempre antes de dormir e
essa é uma das várias perguntas que me faço para me avaliar, para analisar o
meu dia. Essa de várias perguntas como saber o que fiz bem, o que fiz mal, o
que poderei fazer melhor… Só assim se aprende. Analisando e pensando. Agindo.
E bom, já não vos ensino mais
nada senão qualquer dia já conhecem o meu mundo todo e qualquer dia há por aí “Vendo
o mundo de binóculos de montes de sítios” e depois ninguém vem ver aqui o meu
que ainda por cima é lá do alto de Marvão e de binóculos, coitadinho de mim.
Às minhas amadas, às minhas
princesas, às minhas patroas, às donas da minha vida e de mim, desejo um dia
feliz, como me esforço por fazer todos os outros.
Dias como se fossem sempre o dia
da(s minhas) mulher(es).
3 comentários:
As três mulheres,Maria,Cali e Madrinha agradecem o elogio!Beijinhos
Cá em casa era ao contrário 4 homens para uma mulher( mas sempre teve voto de qualidade. agora com a princesa as coisas estão mais desequilibradas para o nosso lado.
É um orgulho ser avaliada, por um jornalista, um observador nato e ainda por cima meu filho. uffff... é mesmo.
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